Uma
decisão histórica interrompe o maior dos investimentos da Vale. O juiz
federal reconheceu que o licenciamento da duplicação dos trilhos é
ilegal e que todo o processo tem que ser refeito, consultando inclusive
em audiência pública todos o 27 municípios impactados.
Na
tarde de sexta-feira 27 de julho, dezenas de comunidades impactadas
pela mineração comemoraram a imediata suspensão das obras de duplicação
da Estrada de Ferro Carajás. Representantes dos estados do Maranhão e
Pará participavam do IV Encontro Regional dos Atingidos pela mineração,
quando receberam a notícia de que o Poder Judiciário determinou a
suspensão da duplicação da EFC.
A
decisão foi tomada pelo juiz Ricardo Felipe Rodrigues Macieira, da 8ª
Vara Federal, em São Luís (MA). A Ação Civil Pública foi movida pela
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, pelo Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) e pelo Centro de Cultura Negra do Maranhão.
O
processo de duplicação da estrada de ferro já havia sido autorizado
pelo IBAMA de maneira ilegal, em um processo de licenciamento
simplificado, desrespeitando as regras básicas de licenciamento, e
deixando de levar em conta os interesses de mais de 100 comunidades que
vivem nos 27 municípios recortados pela ferrovia.
De
acordo com Igor Almeida, advogado da Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos, a iniciativa surgiu da parceria entre a Sociedade Maranhense, o
Centro de Cultura Negra do Maranhão e o Conselho Indigenista
Missionário em articulação com a Rede Justiça nos Trilhos.
“Essas
instituições entraram com uma ação pública contra a Vale e o IBAMA para
suspender todo o processo de duplicação da EFC que estava acontecendo
de forma ilegal, sem o conhecimento das comunidades atingidas pela e sem
a realização de audiências públicas. Esta é uma ação muito importante
que fortalece a luta das comunidades na defesa do cumprimento das leis
ambientais. O Juiz acatou todos os pedidos que foram feitos e até que
empresa recorra, o andamento do processo de duplicação da Estrada de
Ferro Carajás está proibido”, enfatizou.
Segundo
Sislene Silva, membro do Grupo de Estudos, Desenvolvimento, Modernidade
e Meio Ambiente (GEDMMA-UFMA), o resultado desta ação “é um
reconhecimento daquilo que as comunidades já vinham falando sobre a
forma de atuação da empresa Vale que causa inúmeros danos e prejuízos. A
Justiça Federal está escutando a voz das comunidades que durante muito
tempo denunciavam os impactos da EFC e já apontavam os impactos que
serão acentuados caso a duplicação tenha continuidade”, relata.
A
decisão judicial garante a proibição de qualquer atividade que possa
dar continuidade à duplicação da Estrada de Ferro Carajás. “Determino a
realização de estudos de impactos ambiental com a análise detalhada de
todas as comunidades existentes ao longo da estrada de ferro”, relata o
documento.
A
ação estabelece à empresa Vale e ao IBAMA que sejam cumpridas todas as
exigências necessárias para a construção de um grande empreendimento
como é a duplicação e que este não seja tratado como um processo
simplificado.
Fonte: CIMI
Fonte: CIMI
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