quarta-feira, 26 de julho de 2006

Primeira Audiência do caso Porto Cambira

No último 20 de Julho, ocorreu o depoimento do policial que ficou gravemente ferido no dia 1 de Abril na aldeia Passo Piraju, no confronto entre Índios e policiais que chegaram sem fardamento e sem autorização atirando em todos no local.

O acontecimento resultou na morte de dois policiais e na prisão de sete Índios, inclusive foram presos parentes que não estavam no momento do ocorrido. Na audiência estavam presentes a comunidade da Aldeia Passo Piraju e Jovens indígenas de Dourados.

Até onde sabemos, toda audiência é liberado para as pessoas que quiserem presenciar o momento, mas desta vez, não foi assim. Fomos barrados e não nós deixaram entrar, nem mesmos os próprios parentes dos indígenas, e nem os advogados que não estavam envolvido no caso puderam entrar.

Na hora do intervalo da audiência, foram liberados dois minutos para os familiares mais íntimos poderem vê-los. Em relato, alguns indígenas que estiveram com eles disseram que estavam sofrendo muito, pois nós Índios jamais acostumamos a viver entre quatro paredes.

Indianara Ramires machado/15 anos/Kaiowá

terça-feira, 4 de julho de 2006

Um pouco dos nossos contos

Como todos os povos têm seus costumes, mitos, comidas típicas, entre outros, nós indígenas, temos muito mais a mostrar sobre nossa história.
Vou contar a vocês uma pequena historinha baseada em fatos reais, basta ter imaginação para o conto ter sentido.
Certa vez três irmãos índios, Zé, Pedro e Bento foram pescar em um rio bem distante de onde viviam, era tarde de sábado. Chegando lá Zé disse que iria pescar mais adiante, pois só ele sabia o lugar onde poderia tirar peixes maiores para levar para casa. Então seguiu a caminho e depois de um tempo voltou correndo ao encontro dos irmãos.
Contava que duas mulheres bonitas haviam saído do rio para falar com ele, mas sabia do perigo que o rondava. Diziam os nossos bisavôs, “que era supostamente as y’jara kunhã”, as mulheres da água, que o queriam para namorar, pois pelo conhecimento deles não eram mulheres reais. Zé estava muito assustado, mas com o tempo percebeu que tudo que seus pais diziam fazia sentido. “Nunca fique só diante de um rio, pois senão os estranhos ou as estranhas irão querer-te.”
Agora, o que passa na cabeça de uma pessoa que leu esse conto? Uns questionam, outros ficam com um ponto de interrogação na cabeça e poucos entenderão.
Para achar normal o que acabou de ler basta conhecer o mínimo da nossa cultura Kaiowá, que é algo passado de pais para filhos e atualmente está quase se perdendo.
Então, meus caros leitores, vai um desafio a vocês: tentem ao menos usar 10 minutos do dia para conhecer um pouquinho mais sobre nós.
Mitos, contos, histórias, danças, culinária entre outros, procure saber o que pensamos e o modo como vivemos.
Indianara Ramires Machado, 15 anos, kaiowa