sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O SOL e A LUA

Era uma vez o sol e a lua, uma mulher era grávida de um rapaz chamado Peju. Ele era o pai do sol e da lua. A mãe era grávida de dois gêmeos e depois que a mãe fez 9 meses de grávida os dois meninos nasceram para ser sol e a lua. Eles nasceram a noite, depois que o sol e a lua cresceram a mãe morreu aí eles ficaram adulto. E eles tinham dois colares.
Aqueles dois colares eram muito brilhantes. Os inimigos deles queriam tanto esse colar. Ai o sol e a lua saíram da casa para que eles fizessem os inimigos ficarem como os bichos maus e depois o sol e a lua foram na terra onde os inimigos deles moravam. Eles chegaram lá e deram o colar falso pro o inimigo deles e depois eles foram embora.
Os inimigos deles ficaram todos bichos e eles ficaram felizes e comemoraram. Eles foram no jardim bem bonito, eles deixaram o colar deles lá no jardim.


Tatiane Raulio, 14 anos, kaiowa

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

A violência na aldeia

Hoje cresce cada vez mais a violência na aldeia, a aldeia não tem mais um certo controle de violência. Muitas pessoas são assassinadas barbaramente e ninguém faz nada. O medo da população é cada vez maior, nós nos sentimos inseguros dentro da nossa própria casa. Geralmente quando uma pessoa é assassinada ou passa por algum ato de violência, a população indígena não reage como deveria, assim como: denunciar, registrar a ocorrência, isso hoje é muito raro. Eles fazem justiça com as próprias mãos, a chamada vingança.
Pra nós que somos cidadãos do bem, é triste ver uma criança entre dez a doze anos armada usando drogas, álcool, enquanto deveria estar na escola, mas não são só esses, muitas pessoas andam armadas, talvez para sua própria segurança .
E as autoridades onde estão? Ao invés de contratar mais seguranças, eles estão demitindo, isso por falta de dinheiro. O próprio chefe da Funai ao invés de reagir para garantir a segurança dos indígenas, ele faz totalmente ao contrário, comete seus erros, não compareceu a audiência sobre a ação dos oficiais de justiça na aldeia e foi preso.
Há muitas pessoas más na aldeia, podem estar do seu lado, de repente podemos estar bem do lado de quem nos fez mal ou pode nos fazer mal. Essas pessoas deveriam estar onde deveriam estar, cumprindo pena.
Mas é totalmente ao contrario, as vezes a pessoa sabe de um ponto de droga, etc. Mas tem medo de denunciar, isso para sua própria segurança. Nossa, até quando isso vai durar? Será que a população indígena vai acabar assim? Pelo que eu saiba a justiça foi feita para isso. Se é que posso chamar de justiça.


Jaqueline Gonçalves, 16 anos - kaiowa

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Participação da Ação dos Jovens Indígenas no Seminário Latino - americano de Comunicação e povos indigenas: Assumindo o desafio tecnológico

No dia 18 de Outubro a AJI( Ação dos jovens Indígenas) foi representada por Indianara Ramires Machado e Josimara Ramires Machado, em Buenos Aires capital da Argentina, e participaram do Seminário Latino - americano de Comunicação e povos indígenas: Assumindo o desafio tecnológico, foram dias em que pessoas indígenas de diversos países tiveram a oportunidade de mostrar o que está acontecendo nas suas comunidades em relação a comunicação de nossos povos.

O encontro durou três dias em que foram discutidas questões como: desafios e proposta para as políticas públicas, desenvolvimento da capacidade de comunicação, a questão local acerca da comunicação entre os povos e o descaso público com os povos indígenas.

“Foi um olhar meio que apavorante, tudo subia na cabeça, eu, era uma das mais jovens que estava no local, os outros eram pessoas maduras, possuidores de uma grande “bagagem”. Foi o meu primeiro encontro fora do Brasil. As pessoas ficavam surpresas com minha capacidade em conduzir e participar dos debates e minha tão pouca idade, o Brasil foi o único País a ter jovens trabalhando com a comunicação audiovisual, jornais e internet. Soube de outros jovens que estão iniciando nesta caminhada.”

No período vespertino do seminário, aconteceu a apresentação do grupo da AJI, que vencendo o nervosismo e o idioma estrangeiro em que o trabalho foi apresentado, dissertou sobre o trabalho audiovisual que foi produzido pelos jovens da AJI, em tempo real, o video-denúncia “Que País É Este”, onde mostra o caso ocorrido na Aldeia Porto Cambira em Dourados, Mato Grosso do Sul-Brasil, sobre a retomada de terras indígenas, e a disputa entre índios e não-índios..
Foi apresentado e distribuído também o Jornal AJINDO, que já vem sendo publicado e está em sua VI edição, um jornal feito pelos próprios jovens do grupo, como começou e o que vem realizando, enfim a nossa experiência com a comunicação.
O encontro possibilitou a conquista de novos subsídios para darmos continuidade as ações indígenas em Dourados, e proporcionou um novo olhar sobre a comunicação e suas tecnologias através do intercâmbio, do relato de experiências com os povos indígenas Latino-americanos, o domínio da comunicação e tecnologias é essencial para que nós, povos indígenas, possamos lutar e viver com mais igualdade, justiça e DIGNIDADE.


Indianara Ramires Machado
Etnia: Kaiowá
Idade: 16 anos
Aldeia Bororo – Dourados – Mato Grosso do Sul/ Brasil.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Insegurança ou Falta de Vontade

Foi decidido por 27 oficiais de justiça da Comarca de Dourados, a desobrigação de cumprir as entregas de intimações para os indígena dentro da aldeia.Tudo por que os oficiais alegam não ter segurança para cumprir tal tarefa,um dos oficiais disse que foi ameaçado por um indígena dizendo que faria com ele o mesmo que os índios de Porto Cambira fizeram com os policiais.Alegam também que os agentes da operação Sucuri não estão mais acompanhando os oficiais,como se só existisse esse recurso, devemos lembrar que há lideranças e capitães dentro da aldeia que podem muito bem,se os agentes for até eles, acompanhá-los nessas entregas.A impressão que dá, é que tudo isso é falta de vontade e que quanto mais violência tiver dentro da aldeia é melhor para os não-índios.

Micheli Alves Machado-Kaiowá.

O Primeiro Réu é Absolvido

Foi absolvido o primeiro réu do assassinato de Canaãs.Um julgamento como esse começar logo com uma absolvissão é injusto,pois se a vítima lesada trabalha com índios ou é índio há sempre uma forma de o culpado ser o "mocinho" principalmente se há policiais envolvidos.Não desistiremos, nós indígenas continuaremos de olho em busca da tão falada JUSTIÇA.
Micheli Alves Machado-kaiowá

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Fotolog!

Foi criado o mais novo meio de comunicação da AJI: O fotolog, que proporcionará mais interação com o mundo atual e divulgará com mais força o nosso trabalho!
http://www.fotolog.net/ajidourados
Estamos aguardando a sua visita!

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Assassinato de Canaãs por pouco não prescreve


Graças a todos os Deuses, as pessoas que assassinaram Canaãs irão a julgamento. Todos os povos indígenas estão felizes, pela justiça Brasileira estar julgando essas pessoas.
Canaãs era um missionário que trabalhava com os indíos Enawenê-Nawê e foi assassinado a facadas por capangas enquanto identificava o território indígena para a demarcação.
O que esperamos agora, todas as nações indígenas, é que todos os envolvidos nos muitos assassinatos contra índios em todo o Brasil e contra aqueles que trabalham conosco venham a julgamento, para assim mostrar a eles que não são donos do mundo e que não podem fazer tudo que querem por ambição.
Queremos mais notícias como essa, de assassinos sendo julgados pelos crimes que cometem contra as populações indígenas e esperamos que casos como o assassinato de Marçal Guarani (Tupã'Y), em que o crime prescreveu e os culpados não podem mais ser julgados, não voltem a acontecer.

Micheli Alves Machado-Kaiowá

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

A moça e a onça

Era uma vez uma menina chamada Kazé. Ela estava brincando, aí ela viu uma coisa que saiu dela. Ela estava muito assustada.

Ela foi falar para a mãe que ela viu uma coisa que saiu dela. Aí, a mãe dela sabia mesmo. Mas, Kazé não escuta o que a mãe diz. Ela foi e ela não se cuidou.

Então, ela quer namorar com Jaguaité. Ela gosta muito daquele homem.

Ela queria ir na floresta caçar passarinho. Ela é mulher, mas caça passarinho. Aí, ela viu um homem que ela ama, mas foi engano que não era o namorado dela. Ela pensou que era ele. Aí, ela ficou junto com ele na floresta.

Quando ela ficou na floresta, ela estava junto com ele. Aí, o pai viu ela. Mas, aquele Jaguaité não era o namorado dela. Aquele Jaguaité era onça!

O pai ficou bravo com ela e falou que não era o homem que ela ama. Quando ele viu, era onça bem grandona! Aí, aquela onça estava levantando nela.

O pai falou pra ela: “Sai daí! Porque tem uma grande onça em cima de você!”

Mas a menina falou que não era onça, era o namorado dela.

A mãe dela falou pra ela: “Eu já falei pra você se cuidar mas você não se cuidou porque você estava moça. Então, você não sabia que estava moça.”

A filha falou para a mãe: “Porque você não contou para mim? Só quis me enganar.” Ela falou que não ia mais se cuidar porque ela ama aquele Jaguaité, o próprio namorado dela chamado Duda.

Então, ela estava enganada pela onça. Ela estava grávida de onça! Aí, ela tem um filho da onça. Mas, pra ela não era uma onçinha que ela tinha.

O namorado dela viu que ela estava com o bebê da onça no colo. Aí, o namorado dela cai fora e ninguém mais quer ela.

A Kazé morreu porque ela estava muito assustada porque ela tinha um filho da onça. Ela se enforcou. Mas, ela era uma mocinha bonita. Aí, ela morreu e o filho ficou com o pai.



História contada por Katia Mara Ráulio Gonçalves, 13 anos, guarani, que a ouviu de sua avó Leoni.

Saci-pererê

Ele era um menininho muito bonito, olhos azuis e cabelos loiros e tinha um cavalo muito pequeno com que ele andava só na floresta.
Ele gosta de andar à cavalo na floresta e indo até chegar aonde estão as pessoas bêbadas que gostam de roubar pinga, cigarro e ovos.
O Saci foi acostumado a roubar as coisas dos bêbados e de manhã ele deixa o dinheiro no lugar dos cigarros e ovos e pinga.
O Saci ficou bêbado e deitou e esqueceu de seu galho. É muito pequeno o menino Saci-pererê.
Ele ficou lá e esqueceu o galho. Uma mulher pegou o galho do Saci e o Saci agora ficava visível. Aquele galhinho foi colocado no vidro e virava tudo os animaizinhos dentro da garrafa.
O Saci pediu para a mulher o seu galho de volta e a mulher respondeu:
- "Se você me der dinheiro eu te entrego o galho."
E assim foi a mulher entregou o galho para o Saci e de manhãzinha o Saci trouxe dinheiro e deixou na porta da mulher, e assim foi, deixando dinheiro para a mulher todo dia.
O Saci se acostumava naquela mulher, só ela tinha segredo com o Saci e a mulher nunca ficava sem dinheiro. E assim foi, o Saci amigo da mulher, que chamava Cheila, foi embora para a floresta para sempre. Ele deixou com ela um galhinho igual o do Saci para não faltar dinheiro para Cheila.
Nunca mais o Saci voltou na casa de Cheila, ele foi embora com o cavalo que era muito pequeno.

História contada por Rosivânia Espíndola, 14 anos, guarani, que ouviu esta história de sua avó Dona Teresa.

Kaja'a

A Kaja'a era uma menina muito bonita e loira, morava com Pakihi'i que era seu pai. Ela foi castigada por deus porque errou.
Ela se apaixonou por Pay Tambeju, que era muito feio, mas quando ela o via ele ficava bonito. Ela sempre xingava ele e um dia ele enganou Kaja'a.
Pakihi'i era Rei Jesus e tinha três filhas e um filho. Pay Tambeju se transformava em várias coisas: mulher, cavalo, vaca, aranha e outras coisas.
Quando o garimpeiro descobriu o lugar dos índios, Pay Tambeju falou para o rei:
- "Meu nome é Beatriz" e o rei acreditou.
Depois o rei falou para Pay Tambeju:
- "Vá dormir com as minhas três filhas". E ele foi.
À meia-noite a magia dele acabou e virou um homem novamente, fez até o rei como mulher e o rei saiu, correu atrás dele e as três filhas sairam e falaram para o pai: - "Pai, não bate na Beatriz".
- "Que Beatriz o que? Nandeu partiso a tu" (ele era homem e nos enganou).
Pay Tambeju saiu no dia seguinte, colocou as bagagens e disse que ia embora.
Kaja'a pulou na mão dele:
- "Não vai não Pay Tambeju!"
O rei falou:
- "Você está falando com esse porra cheio de "piki"? (bicho de pé).
Kaja'a falou:
- "Que porra cheio de "piki" pai? Eu não quero que ele vá embora porque ele é importante para mim."
Então o Rei olhou para a cara do Pay Tambeju e falou:
- "Puxa! Esse homem não era o cara que foi lá em casa, é um estranho. Com todo respeito eu quero que você vá embora, eu vou castigar a minha filha porque ela fez isso."
Colocou Kaja'a na água e a água era pequena.
Desesperado Pay Tambeju chorou e se jogou atrás de Kaja'a. A água não levou nem um minuto e cresceu.
Jesus falou:
- "Puxa, eu tenho que chamá-lo de mar."
Todos os pedaços de um galho caído viraram os bichos.
Os dois, Pay Tambeju e Kaja'a, foram felizes para sempre na água que se chama agora de mar.

História contada por Ernesto Ráulio Gonçalves, 16 anos, guarani, que a ouviu de seu tio Hilário.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Jovens da AJI são Aprovados no Primeiro Concurso Público de Provas e Títulos para o quadro Magistério e Administrativo Indígenas



A AJI está em festa, 7 jovens foram aprovados no primeiro concurso público de provas e título para o quadro magistério e administrativo indígena.

-Alcir Rodrigues Medina-guarani-Monitor de Pátio
-Josimara Ramires Machado-Kaiowá-Assistente de Atividade Educacional
-Micheli Alves Machado-Kaiowá-Assistente de Atividades Educacional
-Kenedy de Souza Morais-Terena-Assistente de Atividades Educacional
-Ariane Ramires Machado-Kaiowá-Monitor de Pátio
-Antônio João Rodrigues-guarani-Servente
-Graciela Pereira dos Santos-guarani-Técnico de Biblioteca


Parabéns para todos!!!!!

A Tecnologia e a Comunicação nas Comunidades Indígenas



Recentemente li uma notícia sobre a tecnologia e o índio. Uma coisa muito próxima de nós jovens indígenas Guarani, Kaiowá e Terena de Dourados.
Os índios Pataxó juntamente com a ONG Thydewas, criaram há mais de dois anos o portal “índios online”(www.indiosonline.org.br). O site contém informações de 4 nações indígenas da Bahia, 2 de Alagoas e 1 de Pernambuco. Assim os próprios índios se tornaram antropólogos, historiadores e jornalistas sobre si e então provocaram um intercâmbio entre eles e “especialistas'.
Esse portal foi criado para fortalecer a cultura dos povos dessa região, também é possível encontrar reportagem sobre o dia-a-dia da comunidade e a luta por seus direitos.
Nós jovens indígenas de Dourados também estamos criando um Centro de Documentação Indígena-CDI, onde são usados imagens(vídeo e fotos) e textos (Jornal, Blog www.ajindo.blogspot.com e email ajidourados@yahoo.com.br ) para facilitar a nossa comunicação com a sociedade.
Juntos conseguimos montar três vídeo denunciando a desnutrição e a falta de terra, e um vídeo denúncia sobre os casos dos policiais que invadiram as terras indígenas de Passo Pirajú sem autorização e à paisana, onde dois policiais foram mortos e um saiu ferido. Esse caso repercutiu de uma maneira em que a mídia Douradense e Sulmatogrossense desenharam a imagem de nós índios como selvagens e truculentos, mas apesar de tudo isso nós jovens conseguimos mostrar o outro lado da história.
A importância da comunicação para os povos indígenas, é se fazer ouvir, buscar soluções para os problemas, conhecer caminhos para as reivindicações e lutas, e assim fortalecer a comunidade e nos preparar para combater juntos, independente de etnia, pelos nossos ideais.
O que nós queremos é usar a tecnologia como uma ajuda para o nosso povo, sem deixar de lado
nossa cultura.
Micheli Alves Machado-kaiowá

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Primeiro índio da etnia guarani-kaiowá é eleito Conselheiro Tutelar no MS


Valdinei Fernandes Paulo da Aldeia Tey Kuê é o primeiro indígena a integrar o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e Adolescente do município de Caarapó.
A vaga surgiu pelo grande número de crianças na aldeia e ele, o único candidato, teve total apoio da comunidade.
“O atendimento a crianças e adolescentes tende a melhorar a partir de agora” disse Valdinei, pois a comunicação por causa da língua pode ajudar no contato com as famílias indígenas.
A entrada de um índio no conselho tutelar já é um grande avanço para a comunidade indígena em geral, pois é a porta de entrada para outras entidades em que o índio ainda não ocupa nenhum espaço.
Apesar da violência doméstica ser freqüente nas aldeias, um conselheiro indígena pode servir de apoio para as pessoas pois a confiança é maior do que com um não índio.
Isso é muito bom para a população, isso para nós é uma vitória. É muito raro termos um indígena no poder. Tendo um indígena no poder a população se sente mais segura.


Ana Cláudia de Souza- Guarani
Micheli Alves Machado- Kaiowá

terça-feira, 12 de setembro de 2006

SENAD, FUNAI e CGE em Dourados.

Está em Dourados um grupo da Secretaria Nacional Anti Drogas da Presidência da república - SENAD/FUNAI-CGE, e estão fazendo uma pesquisa sobre ás questões relacionadas ao uso indevido de álcool e outras drogas entre populações indígenas.
Essa pesquisa é uma continuação dos encontros de jovens indígenas realizados com os povos Pataxó, Tikuna, Guarani Kaiowá e Xacriaba. Esse grupo fará essa pesquisa e espera em todo o Brasil entrevistar mil índios, depois da pesquisa feita darão uma capacitação para 60 indígenas em cada aldeia, para que conheçam as conseqüências das drogas e assim trabalhar com palestras em escolas e em outras entidades.
Aqui em Dourados existem muitos problemas com drogas, e palestra não resolve, os jovens daqui precisam de algo como cursos que os profissionalizem para ingressarem no mercado de trabalho, precisam de lazer, precisam de motivação. Essas palestras não dão mais resultado.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

AJI no Kinoforum em São Paulo

O vídeo “QUE PAÌS È ESTE” feito pelos jovens indígenas da AJI - Ação dos Jovens Indígenas que denuncia a injustiça que aconteceu com os índios da aldeia Porto cambira no caso dos policiais que morreram depois de entrarem na aldeia á paisana, concorreu no 17º Festival Internacional de curtas metragens de São Paulo.
O festival foi realizado entre os dias 24 de agosto e 02 de setembro, com o tema Kinoforum Formação do Olhar, o encontro promoveu debates sobre a inserção dos jovens que participam de projetos e oficina no mercado de trabalho, também teve uma palestra com Hermano Vianna sobre produção Colaborativa do conhecimento na internet, Hermano é um dos idealizadores do site Overmundo.
O encontro foi muito bom para a AJI que mostrou seu primeiro trabalho de imagens.

Micheli Alves Machado-Kaiowá

Concurso Público Indígena se realizará no próximo Domingo dia 17/09


No próximo domingo, dia 17/09, será realizado o concurso público de provas e títulos para o quadro magistério e administrativo indígena. Esse concurso só vai acontecer por muita insistência dos indígenas que lutam por diretos iguais que respeitem sua cultura já que, o ensino nas escolas indígenas é diferenciado.
O concurso será disputado por três etnias, (Guarani Kaiowá, Guarani Nandeva e Terena), para os cargos de assistente de atividades educacionais, assistente de pátio, zelador, bibliotecário, merendeira, professores para educação infantil e fundamental.
A prova terá questões relacionadas com as comunidades que habitam o município de Dourados, enfocando os aspectos históricos, políticos, econômicos e a Língua Guarani.

Micheli Alves Machado-Kaiowá

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Primeira Audiência do caso Porto Cambira

No último 20 de Julho, ocorreu o depoimento do policial que ficou gravemente ferido no dia 1 de Abril na aldeia Passo Piraju, no confronto entre Índios e policiais que chegaram sem fardamento e sem autorização atirando em todos no local.

O acontecimento resultou na morte de dois policiais e na prisão de sete Índios, inclusive foram presos parentes que não estavam no momento do ocorrido. Na audiência estavam presentes a comunidade da Aldeia Passo Piraju e Jovens indígenas de Dourados.

Até onde sabemos, toda audiência é liberado para as pessoas que quiserem presenciar o momento, mas desta vez, não foi assim. Fomos barrados e não nós deixaram entrar, nem mesmos os próprios parentes dos indígenas, e nem os advogados que não estavam envolvido no caso puderam entrar.

Na hora do intervalo da audiência, foram liberados dois minutos para os familiares mais íntimos poderem vê-los. Em relato, alguns indígenas que estiveram com eles disseram que estavam sofrendo muito, pois nós Índios jamais acostumamos a viver entre quatro paredes.

Indianara Ramires machado/15 anos/Kaiowá

terça-feira, 4 de julho de 2006

Um pouco dos nossos contos

Como todos os povos têm seus costumes, mitos, comidas típicas, entre outros, nós indígenas, temos muito mais a mostrar sobre nossa história.
Vou contar a vocês uma pequena historinha baseada em fatos reais, basta ter imaginação para o conto ter sentido.
Certa vez três irmãos índios, Zé, Pedro e Bento foram pescar em um rio bem distante de onde viviam, era tarde de sábado. Chegando lá Zé disse que iria pescar mais adiante, pois só ele sabia o lugar onde poderia tirar peixes maiores para levar para casa. Então seguiu a caminho e depois de um tempo voltou correndo ao encontro dos irmãos.
Contava que duas mulheres bonitas haviam saído do rio para falar com ele, mas sabia do perigo que o rondava. Diziam os nossos bisavôs, “que era supostamente as y’jara kunhã”, as mulheres da água, que o queriam para namorar, pois pelo conhecimento deles não eram mulheres reais. Zé estava muito assustado, mas com o tempo percebeu que tudo que seus pais diziam fazia sentido. “Nunca fique só diante de um rio, pois senão os estranhos ou as estranhas irão querer-te.”
Agora, o que passa na cabeça de uma pessoa que leu esse conto? Uns questionam, outros ficam com um ponto de interrogação na cabeça e poucos entenderão.
Para achar normal o que acabou de ler basta conhecer o mínimo da nossa cultura Kaiowá, que é algo passado de pais para filhos e atualmente está quase se perdendo.
Então, meus caros leitores, vai um desafio a vocês: tentem ao menos usar 10 minutos do dia para conhecer um pouquinho mais sobre nós.
Mitos, contos, histórias, danças, culinária entre outros, procure saber o que pensamos e o modo como vivemos.
Indianara Ramires Machado, 15 anos, kaiowa

quinta-feira, 29 de junho de 2006

1º Encontro e lideranças de MS contra o uso abusivo do álcool e das drogas nas aldeias indígenas do estado

Do dia 26 á 27 de junho, a FUNASA realizou na cidade de Campo Grande o primeiro encontro de lideranças de Mato Grosso do Sul a fim de combater ouso de drogas e álcool nas aldeias do estado. Participaram representantes de todas as etnias.
Para formular as propostas, os grupos foram separados por pólo base, e cada grupo colocou o problema que enfrenta em sua aldeia e qual seria a solução, o que foi discutido se transformou em uma carta, que será encaminhada para as autoridades. Esse encontro foi um dos primeiros, mas que já é um passo para combater as drogas e álcool nas aldeias indígenas do Mato grosso do sul.


Micheli Alves Machado- Kaiowá

A AJI no I Aty Guassu de Mulheres Indigenas


No dia 22 de Junho iniciou-se, o I Aty Guassu de Mulheres Indígenas de Mato grosso do Sul que acontecera ate o dia 24 de Junho. A AJI( Ação dos jovens Indígenas) juntamente com lideranças da região de Dourados participaram do evento, que aconteceu na aldeia de Campestre, município de Antonio João.
Foram dias em que nossas mulheres Kaiowá, Guarani e Terena, tiveram oportunidade de expressarem o que estão sentindo diante dos problemas que afetam nossa gente. Durante o encontro foram levantados vários temas como a questão da terra entre outros.
Um grande momento que a AJI destacou-se, foi o momento em que o vídeo-denúncia foi a público, um instante de muito nervosismo para os jovens de Dourados. A noite houve várias apresentações, e nos aproveitamos para apreciarmos e participar da típica dança dos Kaiowá Guarani, o Guaxiré.
A assembléia foi muito proveitosa para a AJI, pois filmamos o evento e tivemos a oportunidade de aprender mais sobre a luta das mulheres Indígenas. E mais uma vez ter o intercambio com o nosso povo, e com isso aprofundarmos o nosso conhecimento em questão da atual situação política indígena do estado.
Indianara Ramires Machado, 15 anos, Kaiowa

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Índios de Dourados bloqueiam MS-156

Os índios da aldeia de Dourados bloquearam a MS - 156 que liga Dourados à Itaporã no dia 30 de maio a 01 de junho, o grupo reivindica a melhoria das estradas dentro da aldeia.
Mas nem todos dessa aldeia apóiam essa atitude, pois o grupo que bloqueou a MS agiu com violência com os brancos que passavam pelo local, e com os próprios índios que utilizam a MS para trabalhar. È injusto que isso ocorra com nós índios por causa da atitude de um pequeno grupo toda a comunidade é hostilizada e generalizada.
Tudo bem que a causa é justa, mas para conseguir as melhorias que a aldeia necessita é preciso de união entre a comunidade e não de violência, sabemos que de vez em quando é preciso essas atitudes de bloquear estradas, mas sem violência, pois a violência só gera violência, e isso faz com que todos os índios sejam vistos como selvagens e irracionais.

Micheli Alves Machado-kaiwá

DE OLHO NO GOVERNO MUNICIPAL

Na manhã de quarta-feira, 31de Maio de 2006, alguns moradores das aldeias Jaguapirú e Bororó, liderados pelo capitão Renato de Souza, e seu vice Anaor, decidiram bloquear a rodovia MS – 156 que liga Dourados á Itaporã.
O motivo desse impedimento são as más condições em que se encontram as estradas naquela região. Nesta manifestação, os indígenas que participavam do protesto impediram os brancos e os próprios patrícios de passarem pela referida estrada. Essa situação, em alguns momentos gerou conflitos dentro da própria comunidade indígena, pelo fato de que alguns moradores dessas aldeias, não quiseram participar do movimento. O fato acabou gerando desentendimentos e intrigas entre algumas pessoas. Diante da paralisação da Rodovia, que durou dois dias, o prefeito Laerte Tetila, esteve no local, e garantiu para os índios que as reivindicações seriam atendidas, porém que eles precisavam desbloquear a estrada, e acabar com o pedágio.
Acreditando no Governo Municipal de Dourados, os indígenas, retiraram-se da estrada, e agora estão aguardando a solução dos problemas.
A A.J.I. – Ação dos Jovens Indígenas está atenta, querendo saber se o poder público cumprirá, ou não com as promessas feitas aos povos indígenas de Dourados.

Dieferson Batista Gimenez – 16 anos – Guarani
Alcir Rodrigues Medina – 21 anos – Guarani
Eder Felipe Valério - 17 anos – Terena
Júlio Echeverria – 19 anos – Terena.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Licenciatura Indígena no MS a um passo da Realidade

Desde o dia 18 de maio os professores, coordenadores e a UFGD-Universidade Federal da Grande Dourado reuniram-se para discutir a licenciatura indígena no estado do Mato Grosso do Sul. Essa licenciatura está sendo esperada a muito tempo, e agora esta no caminho para tornar-se realidade. É que o professor Fabio Almeida de carvalho falou da experiência que teve com licenciatura indígena com os índios do estado de Roraima, e como é ser o primeiro a caminhar nesse rumo da educação já que a licenciatura indígena em Roraima é primeira do Brasil. Também disse que esse não é um sonho impossível e que os professores e comunidade indígena têm o direito de lutar por esse tipo de educação principalmente, a educação bilíngüe. Toda a comunidade indígena espera ansiosa essa novidade, principalmente os jovens indígenas que vão ingressar na universidade.
Micheli Alves Machado -Kaiwá

Audiência pública sobre questões indígenas na UNIDERP

No dia 18 de maio aconteceu uma audiência pública na qual todas as questões que envolvem a comunidade indígena foram discutidas.
Os integrantes de duas aldeias com problemas de terra falaram como isso tem trazido sofrimento para as suas comunidades. Leia, uma professora da aldeia nhanderu marangatu, falou das dificuldades que estão passando a beira da estrada desde que foram despejados mesmo após o presidente ter homologado as terras dessa aldeia que se situa no município de Bela Vista.Outras pessoas como da aldeia Passo piraju onde aconteceu o fato recente das mortes de dois policiais também falaram, Fernando o representante da aldeia falou do descaso que estão sofrendo, da discriminação e da falta de assistência que não tem desde que aconteceu o fato dessas duas mortes, e mais uma denuncia que ele fez de um homem que desapareceu no dia em que a policia foi cercar o local para pegar os supostos envolvidos nessa morte.Bom agora o que a comunidade indígena em geral deseja é que seja atendidas em suas várias necessidades, e que essa audiência pública não seja somente mais uma audiência pública, como as várias que já aconteceu e que até uma equipe interministerial estiveram nas aldeias mas os problemas só aumentam. Micheli Alves Machado-Kaiwá

quarta-feira, 17 de maio de 2006

A saúde indígena do Mato Grosso do Sul PÁRA

Desde a última segunda-feira os funcionários da FUNASA estão em greve.
Tudo começou no ano de 2004 quando o teto orçamentário foi posto em discussão por todos que utilizam os serviços da FUNASA, pois naquela época o teto que todos estavam reivindicando era de doze milhões para todo o estado do Mato Grosso do Sul, mas foi fechado em nove milhões.
Os problemas que estão acontecendo nesse momento: paralisação dos funcionários, falta de medicamentos e suplemento alimentar para as crianças desnutridas, tudo isso foi dito naquela época, mas mesmo assim o teto continuou o mesmo no ano de 2005, e agora em 2006 já não dá mais para continuar com o mesmo atendimento já que os preços dos medicamentos e outros materiais subiram e junto a população indígena também cresceu.
Bom, o que previmos está acontecendo, os salários dos funcionários estão atrasados já há quase dois meses, está faltando medicamento nos postos de saúde, as viaturas vão ficar sem combustível para atender os plantões, e o caso que repercutiu no mundo pode voltar: a desnutrição infantil.
A administração da FUNASA disse que iria depositar os salários dos funcionários hoje dia 17 de maio, mas até as 18 h nada foi confirmado. Enquanto os salários não forem pagos a paralisação vai continuar por tempo indeterminado e a reivindicação pelo teto orçamentário também, pois o que está sendo reivindicado é a qualidade da saúde indígena, que é uma questão muito séria.
Micheli Alves Machado (Kaiowa)

Aji na palestra da convenção 169 dos direitos dos povos indigenas

Palestra sobre “ O Direito dos Povos Indígenas à luz da constituição Federal de 1988 e da convenção 169 da OIT ...ministrada pelo jurista Dalmo de Abreu Dalari.”
No dia 15 de maio de 2006 a A.J.I participou da palestra sobre direitos indígenas, que foi realizado no teatro municipal onde foram abordados, a questão da tutela indígena, a política geral da convenção 169 da OIT e a constituição de 1988 artigo 231.O jurista relatou um dos parágrafos da constituição de 1988 do artigo 231, sobre as terras indígenas que dizia (são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente as utilizadas para suas atividades produtivas as imprescindíveis a preservação dos recursos naturais ambientais necessárias a sua reprodução física e cultural, seguindo seus usos ,costumes e tradições.outra questão citada foi relacionada a cidadania e tutela. Seu argumento foi que a FUNAI e o ministério publico é um meio de garantir a assistência em determinados assuntos como interlocutores e não incapacitando ou decidindo por nos segundo o jurista Dr Dalmo na constituição federal todo ser humano nasce livre e igual em direitos e dignidades.

Materia elaborada por Josimara Ramires Machado (Kaiowa) e Graciela Pereira dos Santos (Guarani)