quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Depultado Zé Teixeira diz que indíos usam a morte trágica de adolescente como pano de fundo para invadir uma propriedade legítima

Presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Antônio Maran, alerta que o episódio não pode ser usado como justificativa para invasão da propriedade e lembra que o produtor já está à disposição da Justiça

O presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Antônio Maram, disse ontem que o setor produtivo do município está preocupado com a politização do episódio em que o adolescente indígena Denílson Barbosa acabou morto por um tiro disparado pelo produtor rural Orlandino Carneiro Gonçalves, 61 anos, no interior de uma propriedade rural que faz divisa com a Reserva Indígena de Caarapó. “Estão usando esse episódio como pano de fundo para invadir uma propriedade legitimamente escriturada e que não fazia parte de nenhum grupo de estudo da Fundação Nacional do Índio”, alerta Maram.
Ele entende que o episódio deve ser tratado como um crime de homicídio e não como uma disputa fundiária no município. “Parte da imprensa, talvez influenciada por informações distorcidas de ONGs ligadas às causas indígenas, acaba passando para a sociedade a impressão que a morte do adolescente tem relação com a disputa pela terra, o que é um grande equívoco”, ressalta. “O produtor, que já teria confessado a autoria do disparo, deve responder pelo crime de forma culposa ou dolosa na forma do Código Penal, mas essa tragédia não pode servir como desculpa para a violação do direito de propriedade”, argumenta.
Para o deputado Zé Teixeira, presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembleia Legislativa, algumas pessoas e organismos ligados à causa indígena estão dando mais valor à invasão da propriedade particular do que, verdadeiramente, em esclarecer a morte do adolescente. “Ora, o senhor Orlandino já se apresentou à Polícia Civil e confessou que foi o autor do disparo que acabou tirando a vida do adolescente, então que ele responda pelos atos sem que isso sirva como justificativa para invadir a propriedade dele”, analisa.
Zé Teixeira também repudia a iniciativa da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que se deslocou de Brasília até Campo Grande para cobrar do governador André Puccinelli proteção às testemunhas envolvidas na investigação da morte do adolescente em Caarapó. “Não existe necessidade de proteger testemunha porque o crime já está esclarecido, o produtor se apresentou espontaneamente e está à disposição da Justiça”, desabafa Zé Teixeira.
Ele ressalta que a lei penal deve ser a mesma para todos, mas não é o que acontece no Brasil. “Não vi a dona Maria do Rosário ou qualquer outro membro do governo federal cobrar proteção, celeridade ou punição exemplar aos índios que mataram dois policiais civis e deixaram outro gravemente ferido no Porto Cambira, em Dourados”, ressalta. O deputado repudia ainda as informações plantadas por ONGs sobre a suposta presença de “jagunços ou pistoleiros” na região. “Isso é ficção daqueles que tentam politizar esse episódio, de forma que estão querendo usar a morte trágica desse adolescente como pano de fundo para invadir uma propriedade legítima”, desabafa. “Não podemos aceitar esse tipo de manobra que afronta o direito de propriedade”, finaliza.
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Suicídio de adolescente evidencia fragilidade nas aldeias indígenas

Álcool e drogas são os grandes motivadores da violência na reserva indígena de Dourados, garantem líderes comunitários. Segundo eles, estes dois fatores, aliados à depressão, são os principais responsáveis pelo índice de homicídios e suicídios registrados nos últimos anos tanto na aldeia Jaguapirú, quanto na Bororó. O caso mais recente aconteceu na tarde desta quarta-feira, quando um adolescente de 15 anos, possivelmente deprimido, tirou a própria vida.
De acordo com o perito André Kiyoshi, o menor saiu de casa por volta das 13h30 e foi encontrado às 17 horas, enforcado em uma árvore às margens de uma estrada vicinal que corta a reserva. “Ele vinha sofrendo porque há cerca de um mês perdeu o irmão que foi brutalmente assassinado. O jovem estava com depressão e nós buscávamos uma maneira para resgatá-lo, mas não conseguimos a tempo”, disse Aniceto Velasquez, integrante da liderança indígena.
Velasquez afirma que já procurou as autoridades, mas que nada foi feito até o momento. “Em novembro nós comunicamos a Fundação Nacional do Índio (Funai), assim como as forças de seguranças, mas ainda não vimos nada posto em prática. Precisamos de algo que controle o fornecimento de bebidas alcóolicas, combata o tráfico e ofereça assistência social aos dependentes químicos e depressivos. Só assim evitaremos mais mortes”, explicou.
ATUAÇÃO DA POLÍCIA
O delegado regional Antonio Carlos Videira garante que a polícia tem feito sua parte, e que a criminalidade tem diminuído gradativamente no município. Nesta terça-feira, as policias Civil e Militar se reuniram no 3° Batalhão para discutir um novo plano de segurança para a região; na pauta estava a questão das aldeias indígenas. Carlinhos, como é mais conhecido, disse que é preciso cooperação dos líderes comunitários junto às autoridades.
“Quando se fala da reserva indígena é preciso levar em consideração aspectos culturais e históricos, por exemplo. De modo geral, a polícia vem fazendo trabalho de fiscalização nas aldeias, entretanto, esbarramos em algumas dificuldades que podem ser facilmente superadas se tivermos o apoio da comunidade. Uma delas é a ausência de nome nas ruas e logradouros. Isso dificulta a atuação de investigadores e atendimento à ocorrências”, afirmou.
Ele continua: “Mesmo quando a reserva indígena era atribuição exclusiva da Polícia Federal, nós sempre estivemos à disposição para atender qualquer chamado, e assim continuamos. Junto com o trabalho da polícia também é preciso apoio psicossocial pois eles são frágeis e vivem em uma cultura completamente diferente. Não basta apenas controlar a venda de bebidas alcoólicas ou fechar bocas de fumo, também é preciso cuidar dessas pessoas”, explicou.
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DENUNCIA PÚBLICA - SAÚDE INDÍGENA EM MATO GROSSO DO SUL




PREZAD@S,
 
CONSIDERANDO A SITUAÇÃO EM QUE NOS ENCONTRAMOS, O DESCASO PARA COM A SAÚDE DO NOSSO POVO E O DESRESPEITO PARA COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE INDÍGENA E ESGOTANDO TODO O DIÁLOGO PARA AS POSSIVEIS MEDIDAS DE SOLUÇÃO, VIMOS EM PUBLICO MAIS UMA VEZ COBRAR PROVIDENCIAS URGENTES.

 

DENUNCIA PÚBLICA: SAÚDE INDÍGENA EM MATO GROSSO DO SUL

O Conselho Distrital de Saúde Indígena/CONDISI e o movimento indígena do estado de Mato Grosso Sul vêm a público denunciar a situação insustentável em que se encontra a saúde indígena. A situação vem piorando nos últimos dois anos mesmo com a criação da Secretaria Especial de saúde Indígena/SESAI em 19/10/2010, A expectativa das lideranças indígenas era de que os problemas seriam resolvidos e que no Maximo em 01 ano já poderíamos desfrutar de mudanças positivas para a nossa população. No entanto já se passaram 02 anos e 4 meses e os problemas só vem se agravando e  a partir do último ano o CONDISI/MS vem denunciando  sistematicamente o descaso para com a saúde da segunda maior população indígena do país. Nos dois últimos anos não há supervisão técnica, capacitações, falta de estrutura básica aos profissionais de saúde, o que acarretará inevitavelmente em agravamento do perfil epidemiológico do Distrito Sanitário de Saúde, arduamente conquistado nesses anos saúde indígena.
O Conselho de Saúde Indígena por desempenhar o seu papel, para o qual foi criado de fiscalizar, denunciar e propor medidas e ações para sanar as principais dificuldades tem sido desprezado e não tem tido apoio do DSEI/MS, ficando sem as mínimas condições técnica e operacional de cumprir com o seu papel de forma adequada, porem mesmo assim com recursos próprios e por meio de cotas e doações vem exercendo parte dos seus compromissos na defesa dos direitos básicos da população indígena do estado de mato Grosso do Sul. As agendas de reuniões ordinárias, mesmos com os recursos disponibilizados e com calendário de reuniões previamente aprovados, vem sendo boicotado e negado de forma arbitraria pelo atual gestor.
Outro agravante é o estado emocional em que encontram os profissionais de saúde que vêm sofrendo coerção por emitir opinião de insatisfação com a situação vigente e por reivindicarem melhores condições de trabalho.
E por ultimo recebemos denuncia com boletim de ocorrência devidamente registrado de varias situações de assedio sexual e moral com algumas profissionais. Frente ao exposto entendemos que o atual Coordenador do DSEI/MS não apresenta as mínimas condições morais e técnicas de continuar a frente da pasta de saúde indígena em Mato Grosso do Sul. Sendo isso de conhecimento da Secretaria especial de Saúde Indígena/SESAI/Brasília, e de vários membros da bancada sul mato-grossense o CONDISI/MS vem cobrar providencias urgentes com a exoneração do servidor responsável por esta situação caótica e restabelecer a ordem e as ações de saúde para o nosso povo em nossas aldeias.


ANEXO BOLETIM DE OCORRENCIA E CARTA DE MANIFESTAÇÃO

Fernando da Silva Souza – Presidente do
Conselho Distrital de saúde Indígena/CONDISI/MS

Conselho Distrital de Saúde Indígena
Mato Grosso do Sul
Condisi/MS

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Museu do Índio vai virar memorial olímpico no Rio

O espaço - que inicialmente seria demolido na reforma para a Copa de 2014 - será reformado pela concessionária que vencer a disputa para administrar o Maracanã
 O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou no começo da tarde desta quarta-feira que o Museu do Índio será transformado em Museu Olímpico do Rio. Segundo Cabral, o espaço - que inicialmente seria demolido na reforma para a Copa de 2014 - será reformado pela concessionária que vencer a disputa para administrar o Maracanã. O edital de licitação, que - havia afirmado o governador durante o carnaval - seria lançado até sexta-feira, agora tem como prazo máximo a próxima segunda.
"Acabei de consultar o Régis (Fichtner, secretário estadual de Casal Civil), é até segunda-feira no máximo", disse Cabral, depois de participar da plenária de encerramento da quarta visita oficial ao Rio da Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Jogos de 2016. "Régis me pediu até segunda porque ele quer fazer uma avaliação final. Pode ser até que saia publicado na sexta, mas, se ele não se sentir confortável, publica na segunda".
Segundo o governador do Rio, a decisão de transformar o Museu do Índio em um espaço para a memória olímpica partiu do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê organizador dos Jogos de 2016, Carlos Arthur Nuzman. "A concessionária vencedora do Maracanã se responsabilizará pelo restauro, recuperação e preparo do prédio, e todo o conteúdo e toda a gestão ficará sob responsabilidade do COB", disse Cabral.

 

Tiago Rogero

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Seminário debate os indígenas no Censo de 2010

Nos dias 20 e 21 de fevereiro, acontece o seminário Os Indígenas no Censo Demográfico de 2010, promovido pelo grupo de trabalho (GT) de Demografia dos Povos Indígenas no Brasil, da Associação Brasileira de Estudos de População (Abep). De acordo com o pesquisador da ENSP e coordenador do GT, Ricardo Ventura, existe um histórico de três censos que abordam a população indígena. No de 2010, o GT teve papel importante, por meio de discussão com técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e participação em reuniões de planejamento para coleta de informações de indígenas. Para Ventura, houve grande salto na coleta de informações, com perguntas mais específicas sobre os indígenas.

Criado em 2002, o grupo reúne demógrafos e antropólogos interessados em estudar a articulação entre os processos demográficos e as características socioculturais das sociedades indígenas. Desse modo, o GT pretende diminuir a lacuna existente nesse campo de estudos no país. No contexto das Américas, o Brasil apresenta perfil particular no tocante à presença indígena: no país vivem aproximadamente 230 etnias, uma das maiores sociodiversidades do continente, ao passo que a porcentagem de indígenas em relação à população total é uma das mais baixas (menos de 1%). Além da dinâmica demográfica, o GT analisa a questão dos indicadores de saúde e sociodemográficos para essas populações.

Com o apoio do Museu do Índio/Fundação Nacional do Índio e do Programa de Pós-Graduação de Epidemiologia em Saúde Pública/ENSP, o seminário terá a seguinte programação:

20 de fevereiro – abertura (9 horas)
Mesa 1:O 'indígena' que emerge do Censo 2010– Parte 1 (das 10 às 13 horas)
Nilza Pereira (IBGE) – Indígenas no Censo 2010: inovações metodológicas
Artur Nobre (Funai) – Refletindo sobre as etnias indígenas a partir do Censo 2010
Pery Teixeira (Ufam) – Um olhar sobre algumas características sociodemográficas dos indígenas residentes em áreas urbanas no Brasil
Claudio Santiago Dias Jr. (UFMG) – Perfil religioso da população indígena no Brasil a partir do Censo 2010

Mesa 2: O 'indígena' que emerge do Censo 2010 – Parte 2 (das 14 às 17 horas)
Tomas Paoliello (UFRJ) – Dinâmicas recentes da população indígena no Nordeste: os autodeclarados índios e não índios dentro das terras indígenas no Censo 2010
Barbara Estanislau (Nepo/Unicamp) – Migração indígena: as possibilidades de estudo pelo Censo Demográfico 2010
Juliana Vasconcelos de Souza Barros e Laura Wong (ambas do Cedeplar) – Fecundidade indígena: resultados preliminares sobre a fecundidade dos povos indígenas – Censo 2010
Gabriel Mendes Borges (IBGE/RJ) – Estimativas de mortalidade da população indígena a partir do Censo Demográfico 2010

21 de fevereiro
Mesa 3: Contextos locais indígenas e o Censo 2010 (das 9 horas às 10h45)
Luciene Souza e Barbara Cunha (ambas da Fiocruz) – Os xavantes no Censo 2010
Luciane Ouriques (Fiocruz) e Gerson Marinho (UFRJ e Fiocruz) – Indígenas do Vale do Javari a partir do Censo 2010
Vaneska Taciana Vitti (Unicamp) – Os povos do Parque Indígena no Xingu no Censo 2010

Mesa 4: Questões de saúde dos autodeclarados 'indígenas' a partir das evidências censitárias (das 11 horas às 12h45)
Felipe Tavares e Jesem Orellana (ambos da Fiocruz) – Análise preliminar sobre os dados de incapacidade do Censo 2010 em autodeclarados indígenas
Thatiana Fávaro e Ludimila Raupp (IBGE) – Acesso domiciliar ao saneamento básico em áreas rurais: contrastes observados por meio da variável raça/cor no Censo 2010
Gerson Marinho (UFRJ e Fiocruz) e Luciane Ouriques (Fiocruz) – Domicílios improvisados com responsáveis indígenas no Censo 2010

Mesa 5: Quem respondeu ao censo e as influências sobre a produção dos dados (das 14 horas às 16h30)
Luciene Longo (IBGE/BH) – A informação de raça/cor no Censo 2010: a influência da alter-declaração
Suzana Cavenaghi (Ence/IBGE) – Fecundidade em indígenas a partir do Censo 2010: ponderações metodológicas e as influências do tipo de informante (título a confirmar)
João Luiz Bastos (UFSC), Ricardo Ventura Santos e Oswaldo Cruz (ambos da Fiocruz) – Faz diferença quem responde ao censo? Uma análise da influência da variável marca em desfechos de história reprodutiva em autodeclarados indígenas do Censo 2000

Sessão de encerramento (das 16h30 às 17 horas)

O evento ocorrerá no Museu do Índio, localizado na Rua das Palmeiras 55, Botafogo, Rio de Janeiro. Mais informações pelo e-mail seminarioindigenacenso2010@gmail.com.


Fonte

Fazendeiro admite ter atirado no adolescente indígena morto no MS

O fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, 61, confessou ter atirado no adolescente guarani-kaiowá de 15 anos, Denílson Barbosa. O corpo do jovem morador da aldeia tey´ikue, localizada na área indígena Caarapó, em Caarapó (MS), a cerca de 50 quilômetros de Dourados (MS), foi encontrado no último domingo (17) em uma estrada vicinal que separa a aldeia de algumas fazendas.
LEIA TAMBÉM:
- Adolescente indígena é morto com tiro na cabeça em Mato Grosso do Sul
- Funai reconhece terras dos índios Guarani Kaiowá

Segundo o delegado regional de Dourados, Antonio Carlos Videira, o proprietário da fazenda Sardinha se apresentou ontem (19) à noite na delegacia de Caarapó e confessou a participação no crime. Em seu depoimento o fazendeiro informou que estava só na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros, que correram para a área do criadouro de peixes. Ao perceber o movimento, Gonçalves disse ter disparado dois tiros.
De acordo com o delegado, Gonçalves estava acompanhado de sua advogada, prestou depoimento e foi liberado em seguida. A Agência Brasil não conseguiu localizar a advogada de Gonçalves.
A delegada responsável pelo inquérito policial instaurado para apurar o caso, Magali Leite Cordeiro, esteve na manhã de hoje (20) na reserva, acompanhada por investigadores da Polícia Civil e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e apreendeu uma arma de propriedade do fazendeiro.
Conforme o coordenador substituto do escritório da Funai em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, informou ontem (19) à Agência Brasil, as primeiras notícias davam conta de que Denílson Barbosa saiu para pescar com o irmão mais novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde. Aparentemente, os três pretendiam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena e que cruza algumas fazendas próximas.
Segundo o testemunho dos dois índios que acompanhavam Barbosa, os três foram abordados por homens armados quando passavam próximo a um criadouro de peixes. Os dois índios disseram também que os três homens atiraram. Na fuga, Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos pistoleiros e agredido. Ontem (19), Nishijima esteve na área acompanhado por líderes indígenas e ouviu a versão do irmão de Denilson. Na língua guarani ele reforçou o que já havia dito na aldeia, logo depois do incidente, identificando três homens por apelidos.
Revoltados, parentes do adolescente e moradores da aldeia ocuparam a fazenda onde o crime teria ocorrido e enterraram o corpo de Denilson. Os índios já reivindicavam a área onde, hoje, o fazendeiro cria gado e planta soja, como sendo território tradicional indígena, parte do antigo tekoha (território sagrado) Pindoty, ocupado pelos kaiowás muito antes da expulsão de comunidades indígenas, ao longo do século 20.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a propriedade estava deserta quando os índios chegaram ao local. Depois de enterrarem o corpo do adolescente, cerca de 300 índios permaneceram no interior da fazenda. O grupo planeja fazer uma série de protestos para chamar a atenção para o assassinato e para os conflitos por terras entre índios e fazendeiros. O Cimi informou também que a comunidade reivindica a presença permanente da Força Nacional na área como forma de garantir a proteção das famílias indígenas.
Cerca de 5 mil índios vivem na Terra Indígena de Caarapó, que mede cerca de 3,5 mil hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, aproximadamente as medidas de um campo de futebol oficial). De acordo com o Cimi, desde a criação do território indígena, em 1924, os índios são obrigados a pescar fora de sua reserva, já que não há peixes nas nascentes dos córregos existentes no interior da reserva. Segundo o Cimi, isso tem provocado problemas e conflitos recorrentes.
Edição: Tereza Barbosa

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Inscrições para o Projovem abertas até sexta-feira em Dourados


Foram prorrogadas para até o dia 22 de fevereiro (sexta-feira) as inscrições para os cursos do Projovem Trabalhador “Juventude Cidadã de MS” em Dourados. As inscrições podem ser feitas no Ciat e também nas unidades do Cras (Centro de Referência de Assistência Social), das 7h às 11h e das 13h a 17h. Para Dourados estão abertas 600 vagas. Os cursos devem começar em março.
Para Dourados os cursos disponíveis são administração (175 vagas), alimentação (75), arte ecultura (50), comércio (100), joalheria (25), telemática (100) e vestuário (75). Os jovens que já fizeram inscrições no ano passado não precisam fazer novamente.
Para participar do programa o jovem deve ter entre 18 e 29 anos, estar em situação de desemprego, ser membro de famílias com renda mensal per capita de até um salário mínimo, estar cursando o ensino fundamental ou ter concluído, estar cursando o ensino médio ou ter concluído e não estar cursando ou ter concluído o ensino superior.
São exigidas cópias do CPF, PIS/NIS, RG, título de eleitor (quando for o caso, com comprovante de quitação das obrigações), comprovante de escolaridade e comprovante de renda.
Não poderão participar do programa os jovens que recebem bolsa do Prouni, ou que, mesmo sem receber a bolsa universitária, cursem o nível superior; que tenham a cumulatividade da percepção do auxílio financeiro com benefícios de natureza semelhante; que tenham vínculo empregatício; egressos do Projovem Trabalhador ou quando já cadastrados e não receberam bolsa.
Ao todo a Funtrab (Fundação do Trabalho do Estado) está com inscrições abertas com 5.500 vagas em qualificação social e profissional no Projovem Trabalhador – “Juventude Cidadã”, em todos os municípios de Mato Grosso do Sul.
INSCRIÇÕES
As inscrições devem ser feitas em Dourados na sede do Ciat, na Avenida Weimar Gonçalves Torres, 1680-B, no centro. O telefone para mais informações é o (67) 3421-9031 ou 3423-2725 e o e-mail é dourados@funtrab.ms.gov.br. As inscrições podem ser feitas também nos Cras, nos bairros.

O desprezo oficial da causa indígena


Jornal do BrasilAdmar Branco *
A defesa empolgada, na cidade do Rio de Janeiro, do prédio vizinho ao  Maracanã mostra que a alma das ruas é ainda sensível à cultura de um povo estruturante de sua identidade. Não é pouco. Ali houve um museu do índio, ouvirão turistas atraídos por eventos esportivos. Mas se os colonizadores de hoje, movidos por interesses do agronegócio, veem maior proveito em expurgar qualquer obstáculo a seus rendimentos, a tarefa é cada dia mais fácil, num quadro de desmonte da estrutura da Funai. 
A presença de ONGs como delegatárias de funções estatais exclusivas dá prova da surpreendente transferência para a esfera privada de seu poder de polícia, meio previsto no Estatuto do Índio para salvaguardar o interesse indisponível de protegidos pelo Estado brasileiro frente a interesses particulares. A lei assegura que "o órgão de proteção ao índio exercerá permanente fiscalização das condições de trabalho (de indígenas), denunciando os abusos e providenciando a aplicação das sanções cabíveis". 
Mesmo com a frágil regulamentação de suas atribuições, resta válida a constatação de que há, sim, poder de polícia presente no caso. Julgado de 2010 da Corte Suprema (relator Gilmar Mendes, RE 588.322-RO) assevera tal dedução. No dizer de José dos Santos Carvalho Filho, "se, no ente público existe órgão específico e estrutura implantada, é de considerar-se presumido o poder de polícia". A estrutura implantada hoje decorre da Lei Federal 11.907/2009. 
Em uma reconfiguração de sua personalidade jurídica como autarquia assistencial, taxas instituídas em razão do exercício dessa atribuição, conforme previsto no inciso II do artigo 145 da Constituição, vão financiar, de forma vinculada, as atividades fim dessa importante entidade, que não mais pode ficar a reboque de ONGs financiadas por interesses ocultos. 
*Admar Branco é jornalista.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Comunidade Guarani-Kaiowá da aldeia Nu verá denunciam as condições desumanas em que vivem


Carta da comunidade do Tekoha Nu Verá
Aos senhores representantes como FUNAI - Brasília, Ministério Público Federal,  Aty Guassu, Delegacia da Mulher, Policia Federal e a todos os órgãos  indigenistas e organizações indígenas

Nós da comunidades Guarani-Kaiowá do Tekohá Nu Vera viemos através desta carta apresentar a situação em que se encontra a comunidade de nossa aldeia. Estamos localizado na cidade de Dourados-MS,  no Tekohá Nu Verá as margens do anel viário que passa próximo a Reserva Indígena de Dourados a partir do dia 03 de Junho de 2010, e o nosso Tekohá ainda se encontra em analise.
Em nome da comunidade do Tekohá Nu Verá estamos unidos com os nosso representantes e coordenadores Gilda Riquelme Lopes e Ambrósio Ricarte no dia 13 de fevereiro de 2013, e queremos solicitar a todos os órgãos Federais e Governamentais para pedir seus apoio e seu reconhecimento de acordo com a lei da comissão dos Guarani Kaiowá da Grande Assembleia (Aty Guassu) de Mato Grosso Do Sul.  Aqui colocamos em pauta tudo o que esta acontecendo em nosso Tekohá:
Motivos: Os motivos que nos conduziram a esta decisão são vários e envolvem principalmente o mal desempenho do Sr. Chatalin Graita conhecido também como Narciso e Amancio Ajala conhecido também como Dhoni, eles representam a comunidade desta aldeia, mas tem deixado a desejar como liderança,  a respeito de sua conduta ética e moral, os mesmos age com violência na comunidade, agride as mulheres, expulsa famílias de suas casas, ameaça famílias quando as mesmas diz que vai denuncia-lo, coloca fogo em barracas, e já teve várias tentativas de estupros no qual Chatalin e Amancio é o autor, o mesmo também faz desvios de cestas básicas. Estamos pedindo através desta carta para que as autoridades tomem providencias e façam valer nossos direitos, queremos ser respeitados, ter uma moradia digna, ter paz em nossa comunidade e uma liderança que de fato nos represente e apoie a nossa causa, não aguentamos mais tanta violência, aqui vivem mulheres, homens, crianças e idosos que merecem ter um tratamento humano e exigimos nossos direitos, queremos o afastamento, e recolhimento do senhor Chatalin e Amancio com urgência, eles ameaçam de morte a senhora Gilda Riquelme Lopes e Ambrósio Ricarte, pois esses são os dois representantes que falam pela comunidade do Tekohá Nu Vera. Um outro motivo que nos leva a afastar esses lideres Chatalin e Amâncio é que nos últimos dias eles tem tentado vender a comunidade desta aldeia para os fazendeiros, e um dos motivos de sua revolta é que ele não conseguiu  e passou a se revoltar contra a comunidade. Chatalin e Amancio vivem alcoolizados, são autoritários, e não deixam ninguém entrar na aldeia, e sim trazem um grupo de pessoas como assassinos, ex-presidiários, usuários de drogas na sua casa para intimidar a comunidade fazendo com que não façam denuncias contra a sua pessoa. Diante de tudo isso eles não tem as mínimas condições de liderar esta comunidade.
Pedido para reconhecimento como liderança:
No dia 26 de Setembro de 2012 em uma Assembléia no Tekohá Nu Verá toda a comunidade Guarani Kaiowá  elegeu como seus representante legal a  senhora Gilda Riquelme Lopes e Ambrósio Ricarte, porém os mesmos ainda não foram reconhecidos na FUNAI  local, regional e nacional, e isso ainda dá o poder ao senhor Chatalin e Amancio de liderar está comunidade, fazendo o que querem, praticando seus atos maldosos nesta comunidade.
Pedimos urgentemente o reconhecimento dessas duas pessoas citadas acima para ser reconhecida para poder liderar a comunidade do Tekohá Nu verá, fazendo com que seus direitos e deveres sejam respeitados, lutando pelo bem da comunidade respeitando a vontade de cada indígena que reside nesta aldeia. Assim que reconhecida essas lideranças terão a capacidade de trazer a comunidade o que mais precisa, assim como o saneamento básico, alimentos, condições para fazer suas roças, encaminhar documentos para trazer recursos para a comunidade desta aldeia.
Através de tudo isso, queremos fazer valer nossos direitos, assim como fazer valer a lei Maria Da Penha, fazer valer nossos direitos de moradia digna, direito de escolha do líder da comunidade, garantido na constituição e na convenção 169. Um pedido de socorro:
"SALVEM A NOSSA COMUNIDADE, NÃO AGUENTAMOS MAIS VIVER NESSA VIOLÊNCIA, ABULSO SEXUAL, DESTRUIÇÃO DE NOSSAS MORADIAS, DESVIOS DE NOSSOS ALIMENTOS, E VIVER SOBRE PRESSÃO  NA MÃO DE CHATALIN E AMANCIO".

Para maiores informações:
Gilda Riquelme Lopes / Anbrósio Ricarte
 (67) 9820-8524
                                                                                     
Atenciosamente,comunidade Guarani-Kaiowá do Tekohá Nu Verá.
Dourados, 14 de Fevereiro de 2013.

1º médico indígena da UnB diz que se sentia 'estranho' entre intelectuais

O mês de fevereiro começou especial para uma aldeia do sertão de Pernambuco, a pouco mais de 400 quilômetros de Recife. Sete anos após deixar a família e a rotina que levava como professor, o atikum Josinaldo da Silva, de 35 anos, se tornou o primeiro indígena formado em medicina pela Universidade de Brasília (UnB). O diploma era um sonho antigo do nordestino.

"Em 2001 eu comecei a trabalhar como agente de saúde. Eu via o meu sofrimento, o sofrimento do meu povo, e pensava que poderia fazer muito mais. Só que eu não tinha condições de pagar o curso. Então pensei: faço matemática, aí uso o salário de contador para pagar um curso de direito e depois uso o salário de advogado para pagar medicina", explica.

A oportunidade, para a alegria de Silva, chegou bem antes. Cursando o terceiro ano de matemática, ele se inscreveu para uma das duas vagas oferecidas em medicina no vestibular indígena da UnB. A prova tinha 100 questões e foi realizada por cerca de 400 pessoas.
"Eram 50 perguntas de matemática e 50 de português. Na época eu fazia o curso e ainda dava aula particular, então acho que isso me ajudou bastante, me colocou em vantagem. Não fui o primeiro colocado, mas entrei. O importante é que deixei 199 para trás, não é?", brinca.
Segundo o indígena, a vinda para o Distrito Federal não foi fácil. Silva abriu mão de acompanhar as primeiras descobertas do filho, que na época tinha nove meses, e da vaga conquistada como professor em um concurso público. Para subsidiar os gastos dele na cidade, a Funai dava uma bolsa de R$ 900 - nem metade do que ele ganharia se começasse no novo emprego.

Outros fatores que pesavam para o indígena eram a distância dos costumes da tribo e o preconceito. “É como se você tivesse algo alimentando sua alma e de repente isso parasse. Você tinha um laço, tinha um vínculo com a comunidade, com o seu povo. Com 15 dias, tinha pessoas quase em depressão. A gente sofreu muito, também por falta de aceitação. O colega que entrou no curso comigo não aguentou e acabou se suicidando.”
Em sala de aula, nem sempre a situação ficava melhor. Silva conta que alguns colegas o procuravam e se dispunham a ajudá-lo caso ele tivesse alguma dificuldade com as disciplinas. Ainda assim, ele nunca tinha com quem fazer trabalhos de grupo ou provas em dupla.
"Eu me sentia como elemento estranho que estava no meio dos intelectuais, talvez até num local indevido", lembra. "Eu não conhecia ninguém, fora que tinha pouca noção do curso. A sociedade se diz incluente, mas continua excludente. É um caso raro um índio entrar na universidade e conseguir chegar ao final com êxito. Tem turmas que não nos incorporam mesmo. Teve até caso de colega em outras instituições sendo barrado por colega no Enade com o argumento de que iam diminuir a nota da turma."

Com a graduação concluída, Silva espera atualmente pelo resultado da prova de residência em Saúde da Família, feita no Hospital Regional de Planaltina. O indígena também deve começar a trabalhar em uma unidade de saúde no interior de Goiás. Depois de concluir o curso, ele volta para a aldeia.
"Volto para prestar serviço ao meu povo, que me indicou para vir para cá. Sabe, algumas vezes eu tive muito medo de que não desse certo e pensei em desistir, especialmente quando me sentia bastante sozinho. Mas eu acreditei que tudo que eu estava sacrificando valeria a pena, porque acho que vou poder contribuir bastante para a minha aldeia."
O diretor da Faculdade de Medicina da UnB, Paulo Cesar de Jesus, diz que a instituição prestou todo suporte possível ao indígena, especialmente nos primeiros semestres do curso, quando ele chegou a reprovar em algumas disciplinas. O professor afirma que a conquista de Silva é motivo de comemoração para toda a comunidade acadêmica.
"A gente fica muito satisfeito porque isso faz parte de um complemento de uma dívida histórica com a comunidade indígena. Um dos papéis da universidade pública é fazer a inclusão social. Agora, fica a expectativa de que ele realmente volte para a comunidade dele e a ajude, já que ele, melhor que qualquer um, conhece as tradições e a cultura do povo dele."
Atualmente a UnB tem 53 estudantes indígenas. De acordo com a universidade, 90 alunos ingressaram na instituição por meio de um convênio firmado com a Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2004.
Convênio
Atualmente o vestibular indígena oferece dez vagas por semestre nos cursos de agronomia, ciências biológicas (licenciatura/bacharelado), medicina, ciências sociais, engenharia florestal, nutrição e enfermagem. As provas acontecem em cidades do Acre, Amapá, Amazonas e Roraima.
 Olhar a lista das cidades onde acontecem a seleção foi um fator essencial para eu decidir prestar UnB", diz Silva. "A gente não precisa se deslocar por grandes distâncias e gastar muito sem saber se vai dar certo, é a universidade que vem para onde a gente está."

Para ajudar na adaptação dos estudantes, a UnB oferece aulas de biologia, química, física, matemática e língua portuguesa. Diretor da Faculdade de Medicina, Paulo César de Jesus diz que a medida foi adotada diante da dificuldade que os indígenas tinham em áreas básicas.

"Alguns reprovaram nas disciplinas iniciais muitas vezes, então o decanato e as faculdades fizeram cursos de nivelamento. Também havia monitores para os acompanhar e ajudar a fazer trabalhos, além de acompanhamento direto, no caso da medicina, da coordenadora e da pedagoga do curso", afirma.

Paralelamente, a Funai dá uma bolsa aos índigenas para que eles possam arcar com os custos de hospedagem, alimentação, transporte e apoio escolar. Segundo o órgão, ano passado foram investidos R$ 429.235,96 mensais para 1.069 indígenas.

A Funai também mantém parcerias semelhantes com as universidades federais de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Roraima, Santa Catarina, São Carlos e da Grande Dourados. Também há acordos com as estaduais de Feira de Santana, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com os institutos federais do Espírito Santo e de Minas Gerais, além da PUC de São Paulo, Universidade Católica Dom Bosco, Anhanguera, Centro Universitário da Grande Dourados e Universidade do Oeste de Santa Catarina.

De acordo com a instituição, o primeiro convênio foi firmado em 2000, com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), para oferecer licenciatura intercultural para os povos indígenas. Já o mais recente foi estabelecido com o Instituto Federal do Espírito Santo no ano passado.
 Atikuns
Um levantamento feito pela Secretaria Especial de Saúde Indígena, subordinada ao Ministério da Saúde, apontou a existência de 7.924 membros da tribo. A aldeia fica na Serra do Umã, no sertão pernambucano, e tem um raio de aproximadamente 20 quilômetros. A base da economia dos indígenas é a agricultura. Eles moram em casas de alvenaria e falam português.

“A nossa língua se perdeu há cerca de 150 anos. Acho que tem só umas 50 expressões ainda mais conhecidas”, explica Silva. “Por exemplo: sarapó, que é cobra grande e comestível, jiboia.”

Inicialmente nômades, os atikuns já passaram por Alagoas, Ceará, Sergipe e vários pontos de Pernambuco até chegar à serra. A vida no local, de acordo com o indígena, é “bastante dificultosa”.

“Chove apenas três meses do ano, quando chove. É bastante difícil”, diz. “Você mora na aldeia, mas a aldeia não tem tudo. Você precisa ir à cidade para comprar, vender ou trocar coisas que você não consegue produzir.”


Raquel Morais Do G1 DF

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Povos indígenas do semiárido brasileiro são tema de mesa-redonda

Da assessoria de comunicação do Instituto Nacional do Semiárido
No dia oito de Fevereiro de 2013, a partir das 14h, o programa Semiárido em Foco promove uma mesa-redonda para debater o tema “Povos indígenas do Semiárido brasileiro”, tendo como palestrantes convidados os professores Juciene Ricarte Apolinário (UFCG) e Edson Hely da Silva (UFPE). A mesa será no Instituto Nacional do Semiárido, em Campina Grande (PB).
O objetivo da palestra é abordar os povos indígenas como sujeitos históricos fundamentais na construção das bases e na consolidação do projeto colonial português para os espaços atualmente denominados de Semiárido. O foco do debate será a história das relações socioambientais dos povos Tarairiú e Kariri na então Capitania Real da Paraíba, entre os séculos XVII e XVIII, e dos povos Xukuru do Ororubá, no Agreste pernambucano (municípios de Pesqueira e Poção), a partir de reflexões em torno das atuais condições de vida destes grupos étnicos.
Na ocasião, serão apresentados resultados de pesquisas realizadas na Paraíba e em Pernambuco. Neste último, encontram-se diversas referências documentais sobre os impactos, as mudanças e os conflitos nas relações socioambientais ocorridas ao longo dos anos pelas diferentes formas de ocupação das terras indígenas por fazendeiros, senhores de engenhos e empreendimentos agroindustriais; já na Paraíba, os documentos europeus analisados contam sobre a diversidade de práticas, costumes, hábitos, comportamentos e modos de vida dos grupos étnicos denominados de Tapuia, em sua constante relação com a natureza.
Entender a história de vida dos povos indígenas do Semiárido da Paraíba e de Pernambuco possibilita repensar a importância destes povos no processo de desenvolvimento social, econômico e cultural do Semiárido brasileiro, além de valorizar suas ações e iniciativas para subsidiar a formulação de políticas públicas que garantam o acesso efetivo à educação, à ciência e à tecnologia por parte destes grupos.
Fonte

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Violência na aldeia de Dourados: "ÓDIO E DESEJO DE VINGANÇA DE GERAÇÃO A GERAÇÃO"


Estamos em Fevereiro, na aldeia de Dourados os velhos problemas continuam, nos utimos dias tem sido muito violento nas estradas da aldeia, jovens sem nenhuma regra saem nas noites com pedaços de pau, foice com cabos longos, facas, facões, a comunidade indígena teme por suas vidas, a Força Nacional está atuando dentro da aldeia mas a comunidade indígena diz que policiamento é falho, são poucos policiais para uma população de 13 a 15 mil indígenas Guarani Kaiowá e Terena. Neste final de semana um indígena foi morto com um golpe de faca no peito, a comunidade indígena faz apelos as autoridades e pese socorro para que se tome providência na aldeia de Dourados. O fato de ter um anel viário e uma rodovia a MS 156 que liga Dourados a Itaporã facilita o trânsito entre a aldeia e a cidade, para completar estamos a 100 kl da fronteira entre Brasil e Paraguai, isso tem um lado bom e ruim, pois isso facilita a entrada de bebidas alcoólicas com frequência na aldeia, hoje caminhando pela aldeia há vários bares, a policia ao menos foi ver se está autorizado, há um alvará para que o bar funcione, nesses bares são vendidos desdes cervejas as bebidas mais fortes, e criança quanto adultos podem comprar, estou falando enquanto uma pessoa que mora dentro da aldeia e vejo de perto a realidade. Neste meios acontecem assaltos, estupros, homicídios, essas pessoas que usam e abusam de álcool e drogas nem se incomoda mais com a presença da Força Nacional dentro da aldeia.
Eles fazem ronda, somente atendem quando são chamados, poderiam fazer revistas, pedir documentos de motos, bicicletas, pois há muito assalto e o que levam são bicicletas, poderiam estar visitando bares dentro da aldeia, precisa ser feito um policiamento sério que coloca ordem e respeito.
Isso é apenas detalhes mínimos do que acontece dentro da aldeia, mas é um apelo para as autoridades para que façam algo que tenha utilidade não colocar a policia gastar um bom dinheiro mas se na prática isso não acontece, que nas escolas os professores comecem a trabalhar cada vez mais a questão da prevenção a bebidas alcoólicas, drogas, e a prevenção a gravidez, e outros, que o governo a prefeitura realize projetos dentro da aldeia que incentive o jovem a ir para a escola, que coloquem cursos profissionalizantes, há muitos indígenas desempregados, sem perspectivas de vida se afundam em drogas, roubos, bebidas alcoólicas.
Precisa ser feito algo urgente para a nossa aldeia, uma realidade fria e cruel onde jovens perdem suas vidas mas que nada é feito, o que gera um ódio, desejo de vingança entre famílias que vai de geração em geração e a violência continua.

Todos estão expostos a violência, drogas e bebidas alcoólicas mas na aldeia de Dourados elas estão tão frequentes entre os indígenas que a situação esta cada vez mais preta.
Os finais de semana que deveriam ser de lazer são de violências nas estradas da aldeia “AUTORIDADES ATÉ QUANDO VÃO FINGIR QUE NADA ESTÁ ACONTECENDO??”

Governo confirma realização dos Jogos Indígenas em abril

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), garantiu a realização, pela segunda vez consecutiva, dos Jogos Indígenas no próximo mês de abril. Tudo ficou definido no sábado (2), após uma reunião na aldeia Camurupim, localizada no município de Marcação, e contou com a participação do secretário Tibério Limeira; do cacique Sandro, representando a Secretaria da Mulher e Diversidade Humana, e ainda de gestores de órgãos das cidades de Rio Tinto, Baía da Traição e Marcação.

Na oportunidade, foi criada uma comissão organizadora formada por representantes da gerência técnica da Sejel, das três cidades envolvidas e ainda um cacique responsável pelas aldeias. O período dos jogos será definido numa reunião da comissão, que acontecerá depois do carnaval. “O Governo do Estado realizará mais uma vez os Jogos Indígenas para mostrar o quanto se preocupa com todos os segmentos da sociedade. Ano passado foi um sucesso e nesta edição esperamos que aumente o número de participantes”, disse o professor José Hugo, um dos coordenadores dos Jogos.

Para o secretário Tibério Limeira, os Jogos Indígenas movimentam os segmentos esportivo, social, da diversidade humana e ainda o turismo. “O evento não se limita apenas a área esportiva, pois mexe com inúmeros fatores, como a interação entre as aldeias, e também a parte social, da saúde, turismo e ainda diversidade humana. O Governo do Estado mostra que está levando o esporte ao povo com mais uma realização desses Jogos e ainda no mês que se comemora o dia do índio”, frisou.

Em 2012, mais de 300 índios de 30 aldeias competiram nas modalidades de arco e flecha, corrida da tora, futebol de campo, arremesso de lança, canoagem, maratona e cabo de guerra.

Pb.gov

Prêmio Culturas Indígenas

A Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC) prorrogou o prazo de inscrições do Edital do Prêmio Culturas Indígenas – 4ª edição Raoni Metuktire.
A partir de agora, os interessados têm até o dia 25 de fevereiro para se inscrever.  A Portaria que dispõe sobre o assunto foi publicada nesta terça-feira, 5, no Diário Oficial da União (seção 1, página 17).
O investimento total no concurso é de R$ 1.650.000,00. Serão premiadas 100 iniciativas de todo o Brasil que tenham a finalidade de fortalecer as expressões culturais dos povos e comunidades indígenas. Serão 70 prêmios no valor de R$ 15 mil cada um e 30 prêmios de R$ 20 mil cada um.
Os trabalhos relativos ao edital, lançado em outubro de 2012,  são desenvolvidos pelo Ministério da Cultura, por meio da SCDC, e pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPIN-Sul).
Podem participar do concurso comunidades e organizações indígenas, que deverão se inscrever pelo site do prêmio www.premioculturasindigenas.org.br ou pelos Correios, por meio de carta registrada para o seguinte destinatário:
PRÊMIO CULTURAS INDIGENAS
4a Edição – Raoni Metuktire
Caixa Postal 66256
São Paulo, SP
CEP: 05314-970
Leia o Edital
Acesse a Portaria de prorrogação do Edital
Leia a matéria na íntegra
(Ascom/MinC)
(Fonte: SCDC/MinC)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Comunidades Kaiowá sob ameaça



Somente em janeiro deste ano, ao menos três aldeias Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul sofreram ameaças de morte. Segundo os indígenas das comunidades Guaiviry, Takuara e Laranjeira Nhanderu, fazendeiros, jagunços ou arrendatários de propriedades que incidem sobre os territórios reivindicados pelos indígenas são os responsáveis pelos ataques, que tem como pano de fundo o contexto da luta pela terra.

No último dia 30, Genito Gomes, filho da liderança Nízio Gomes, assassinada em 2011, relatou ao conselho da Aty Guasu - grande assembleia Guarani e Kaiowá - que ele e um grupo de indígenas sofreram uma tentativa de atropelamento por uma caminhonete S10 branca. O caso foi denunciado à polícia, que foi hoje ao local apurar as informações. Antes, no dia 4 de janeiro, Genito relatou ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) ter sido ameaçado de morte por um grupo de homens armados com facão na entrada do acampamento. Em ambos os ataques, Genito identifica figuras ligadas ao desaparecimento de seu pai.

No último dia 29, Ládio Veron, da aldeia Takura, município de Juti, relatou publicamente pelas redes sociais que foi ameaçado de morte por um jagunço. Ládio é filho de Marcos Veron, liderança que lutava pela demarcação de sua terra assassinada em 2003, e também acusa os assassinos do pai como os responsáveis pela ameaça.

A indígena Adelaide Sabino, do acampamento Laranjeira Nhanderu, no município de Rio Brilhante, relatou ao Cimi ter sido alvejada com quatro tiros pelo arrendatário da fazendeira que incide sobre o território, reivindicado pela comunidade como tradicional do povo Kaiowá. Segundo a comunidade, os ataques, ameaças e intimidações de arrendatários são recorrentes em Laranjeira.

Nos três casos, o rastro de ataques, perseguição, sequestro e assassinatos é grande - e, quase em sua totalidade, continuam impunes.


Takuara e Guaiviry

Em janeiro de 2003, quatro homens armados, a mando de proprietários de fazendas que incidem sobre o território reivindicado pelos Kaiowá, invadiram o acampamento Takuara, no município de Juti, para expulsar as famílias indígenas da área reocupada. O ataque resultou na morte do cacique Marcos Veron, de 72 anos, que foi levado ao hospital com traumatismo craniano, mas não resistiu às agressões. Dos quatro acusados, um está foragido. Três deles tiveram prisão preventiva decretada, cumpriram quatro anos e, em 2010 foram levados a júri popular, sendo inocentados pelo crime de homicídio - e condenados por sequestro, tortura e formação de quadrilha -, mas receberam a permissão de esperar por um segundo julgamento em liberdade. O quarto acusado está foragido, e é o principal suspeito que liga o crime ao proprietário da fazenda que incide na aldeia Takuara, além de indícios apresentados no julgamento de 2010. O fazendeiro ainda não foi julgado.

Em 18 de novembro de 2011, um grupo de homens armados invadiu o acampamento Guaiviry, no município de Aral Moreira. O cacique Nízio Gomes foi baleado, e seu corpo foi levado por pistoleiros - e nunca mais foi encontrado. No final de 2011, o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul (MPF/MS) denunciou 19 pessoas pelo homicídio do cacique, entre eles, fazendeiros, advogados e um secretário municipal, além de proprietários e funcionários de uma empresa de segurança privada. Os crimes ainda aguardam julgamento.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Aqui e na Índia Problemas enfrentados por jovens indígenas são semelhantes em diferentes partes do mundo


Ásia, África, Rússia e Ártico estão muito distantes do Brasil, mas as dificuldades enfrentadas por jovens indígenas desses lugares são muito próximas daquelas vividas pelos jovens indígenas brasileiros.
É o que se pôde constatar na “Reunião do Grupo de Especialistas em Juventude Indígena”, realizada entre os dias 29 e 31 de janeiro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, um evento que faz parte do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU.
Essa Reunião conta com um número limitado de especialistas e observadores, incluindo representantes de organizações de povos indígenas e também ONGs que trabalham com o tema, entre as quais a AJI (Ação dos Jovens Indígenas de Dourados).
No dia 30, o tema era “Desafios” na parte da manhã e “Esperanças” na parte da tarde. Pela manhã, foram ouvidos dois jovens: Meenakshi Munda (Ásia) e Matuna R. Niwamanya (África). A discussão girou em torno de temas sociais e econômicos, tais como educação, emprego, exploração econômica, saúde, direito à terra, condições sanitárias, residência, discriminação, atividades de gangues, abuso de drogas, suicídio e questões urbanas/migração.
Problemas complexos e diversos, mas o que todos eles parecem ter em comum é a falta de envolvimento dos governos com os problemas vividos por esses jovens. Além de uma visível tentativa de silenciar as organizações, e mesmo as lideranças indígenas, em relação aos jovens.
Uma questão que chamou a atenção na fala desses jovens foi a urgência em se ter dados fidedignos em relação aos povos indígenas, pois as estatísticas são sempre aproximadas. Então, como tomar posições, propor políticas públicas e exigir dos governos melhores condições se as informações a respeito desses povos não são totalmente claras? Essa é uma maneira de os Estados silenciarem os problemas enfrentados pelos jovens indígenas.
Os jovens que fizeram suas apresentações também abordaram o problema da violência gerado pelas guerras civis na África; a falta de assistência médica direcionada aos jovens, com pessoas treinadas para entender, e não julgar, os problemas da juventude indígena; a necessidade de uma educação verdadeiramente intercultural; a necessidade de auto-organização desses jovens; falhas na legislação que se refere aos jovens indígenas e a necessidade de um futuro para esses jovens, baseado na terra.
Como podemos falar de terra se precisamos sair para estudar e trabalhar? Necessariamente somos ‘assimilados’ e a terra passa a ser menos importante. Os jovens precisam voltar a olhar para a terra, pois é essa a nossa oportunidade. Nós podemos ter tudo do ocidente, mas utilizando o que eles oferecem em nossos territórios”, defendeu Tania P.Traqui, representante da América Latina e Caribe.
Na parte da tarde, as apresentações foram de Tuomas A. Juuso (Ártico) e de Igor Yando (Europa do Leste, Federação Russa, Ásia Central e Transcaucasiana). A discussão geral, mais uma vez, teve como principal foco a falta de participação dos jovens em todos os âmbitos da vida social, tanto dentro das comunidades como nos níveis nacional e internacional.
Os principais problemas elencados por Igor Yando foram: falta de emprego em consequência do baixo nível educacional; falta de assistência do governo, que não faz distinção étnica e não tem política específica para eles; falha educacional (ausência de professores e, quando há, eles se comportam como colonizadores), que resulta em altos índices de desistência e muito poucos vão para a universidade; alcoolismo e falta de perspectivas dos jovens. Além de que os jovens rechaçam sua própria cultura e, ao mesmo tempo, não são incorporados pela sociedade mais ampla.
Para o jovem Tuomas Aslak, representante do Ártico, os jovens abandonam suas vidas tradicionais e vão para os centros urbanos por vários motivos: a necessidade de buscar melhor formação, a expulsão das terras pelas empresas mineradoras, entre outros. E ele explica que não é fácil. “Sofremos muito quando partimos, não somos aceitos, há uma grande descriminação e sofremos muito com isso. O fato de partirmos, nos faz deixar de vivenciar nossa cultura e, nesse sentido, perdemos o nosso referencial. Penso que o alto nível de alcoolismo e suicídio é o fato de haver esse mal-estar”, diz o jovem indígena representante do Ártico.
Para qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento sobre os problemas enfrentados pelos jovens indígenas brasileiros, ficam claras as semelhanças entre as dificuldades vividas no Brasil e nesses outros países e territórios citados.

E agora, o que fazer?
Ao final do dia, os jovens propuseram reflexões e medidas a serem implementadas:
- O papel dos jovens dentro das comunidades é de ajudar os maios velhos sobre o que acontece no mundo moderno, desempenhando o papel de “ponte cultural”. Eles podem ajudar tornar mais claras as informações em relação à conscientização sobre os direitos dos povos indígenas, tecnologia, entre outros.
- A vivificação da tradição e a manutenção da língua são os fatores mais importantes, pois oferecem a esses jovens um lugar de pertencimento.
- O artigo 3 da UNDRIP sobre o consentimento livre, prévio e informado precisa ser colocado em prática. Os jovens indígenas precisam e devem exercer seus direitos de escolher que tipo de educação, economia e justiça é melhor para o seu povo.

* Matéria escrita a partir das informações fornecidas pela antropóloga Maria de Lourdes Beldi Alcântara, que participou da reunião em Nova Iorque como representante da IWGIA (Grupo Internacional de Trabalho sobre Assuntos Indígenas).