Álcool e drogas são os grandes motivadores da violência na reserva
indígena de Dourados, garantem líderes comunitários. Segundo eles, estes
dois fatores, aliados à depressão, são os principais responsáveis pelo
índice de homicídios e suicídios registrados nos últimos anos tanto na
aldeia Jaguapirú, quanto na Bororó. O caso mais recente aconteceu na
tarde desta quarta-feira, quando um adolescente de 15 anos,
possivelmente deprimido, tirou a própria vida.
De acordo com o perito André Kiyoshi, o menor saiu de casa por volta
das 13h30 e foi encontrado às 17 horas, enforcado em uma árvore às
margens de uma estrada vicinal que corta a reserva. “Ele vinha sofrendo
porque há cerca de um mês perdeu o irmão que foi brutalmente
assassinado. O jovem estava com depressão e nós buscávamos uma maneira
para resgatá-lo, mas não conseguimos a tempo”, disse Aniceto Velasquez,
integrante da liderança indígena.
Velasquez afirma que já procurou as autoridades, mas que nada foi
feito até o momento. “Em novembro nós comunicamos a Fundação Nacional do
Índio (Funai), assim como as forças de seguranças, mas ainda não vimos
nada posto em prática. Precisamos de algo que controle o fornecimento de
bebidas alcóolicas, combata o tráfico e ofereça assistência social aos
dependentes químicos e depressivos. Só assim evitaremos mais mortes”,
explicou.
ATUAÇÃO DA POLÍCIA
O delegado regional Antonio Carlos Videira garante que a polícia tem
feito sua parte, e que a criminalidade tem diminuído gradativamente no
município. Nesta terça-feira, as policias Civil e Militar se reuniram no
3° Batalhão para discutir um novo plano de segurança para a região; na
pauta estava a questão das aldeias indígenas. Carlinhos, como é mais
conhecido, disse que é preciso cooperação dos líderes comunitários junto
às autoridades.
“Quando se fala da reserva indígena é preciso levar em consideração
aspectos culturais e históricos, por exemplo. De modo geral, a polícia
vem fazendo trabalho de fiscalização nas aldeias, entretanto, esbarramos
em algumas dificuldades que podem ser facilmente superadas se tivermos o
apoio da comunidade. Uma delas é a ausência de nome nas ruas e
logradouros. Isso dificulta a atuação de investigadores e atendimento à
ocorrências”, afirmou.
Ele continua: “Mesmo quando a reserva indígena era atribuição
exclusiva da Polícia Federal, nós sempre estivemos à disposição para
atender qualquer chamado, e assim continuamos. Junto com o trabalho da
polícia também é preciso apoio psicossocial pois eles são frágeis e
vivem em uma cultura completamente diferente. Não basta apenas controlar
a venda de bebidas alcoólicas ou fechar bocas de fumo, também é preciso
cuidar dessas pessoas”, explicou.
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