segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Insegurança ou Falta de Vontade

Foi decidido por 27 oficiais de justiça da Comarca de Dourados, a desobrigação de cumprir as entregas de intimações para os indígena dentro da aldeia.Tudo por que os oficiais alegam não ter segurança para cumprir tal tarefa,um dos oficiais disse que foi ameaçado por um indígena dizendo que faria com ele o mesmo que os índios de Porto Cambira fizeram com os policiais.Alegam também que os agentes da operação Sucuri não estão mais acompanhando os oficiais,como se só existisse esse recurso, devemos lembrar que há lideranças e capitães dentro da aldeia que podem muito bem,se os agentes for até eles, acompanhá-los nessas entregas.A impressão que dá, é que tudo isso é falta de vontade e que quanto mais violência tiver dentro da aldeia é melhor para os não-índios.

Micheli Alves Machado-Kaiowá.

O Primeiro Réu é Absolvido

Foi absolvido o primeiro réu do assassinato de Canaãs.Um julgamento como esse começar logo com uma absolvissão é injusto,pois se a vítima lesada trabalha com índios ou é índio há sempre uma forma de o culpado ser o "mocinho" principalmente se há policiais envolvidos.Não desistiremos, nós indígenas continuaremos de olho em busca da tão falada JUSTIÇA.
Micheli Alves Machado-kaiowá

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Fotolog!

Foi criado o mais novo meio de comunicação da AJI: O fotolog, que proporcionará mais interação com o mundo atual e divulgará com mais força o nosso trabalho!
http://www.fotolog.net/ajidourados
Estamos aguardando a sua visita!

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Assassinato de Canaãs por pouco não prescreve


Graças a todos os Deuses, as pessoas que assassinaram Canaãs irão a julgamento. Todos os povos indígenas estão felizes, pela justiça Brasileira estar julgando essas pessoas.
Canaãs era um missionário que trabalhava com os indíos Enawenê-Nawê e foi assassinado a facadas por capangas enquanto identificava o território indígena para a demarcação.
O que esperamos agora, todas as nações indígenas, é que todos os envolvidos nos muitos assassinatos contra índios em todo o Brasil e contra aqueles que trabalham conosco venham a julgamento, para assim mostrar a eles que não são donos do mundo e que não podem fazer tudo que querem por ambição.
Queremos mais notícias como essa, de assassinos sendo julgados pelos crimes que cometem contra as populações indígenas e esperamos que casos como o assassinato de Marçal Guarani (Tupã'Y), em que o crime prescreveu e os culpados não podem mais ser julgados, não voltem a acontecer.

Micheli Alves Machado-Kaiowá

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

A moça e a onça

Era uma vez uma menina chamada Kazé. Ela estava brincando, aí ela viu uma coisa que saiu dela. Ela estava muito assustada.

Ela foi falar para a mãe que ela viu uma coisa que saiu dela. Aí, a mãe dela sabia mesmo. Mas, Kazé não escuta o que a mãe diz. Ela foi e ela não se cuidou.

Então, ela quer namorar com Jaguaité. Ela gosta muito daquele homem.

Ela queria ir na floresta caçar passarinho. Ela é mulher, mas caça passarinho. Aí, ela viu um homem que ela ama, mas foi engano que não era o namorado dela. Ela pensou que era ele. Aí, ela ficou junto com ele na floresta.

Quando ela ficou na floresta, ela estava junto com ele. Aí, o pai viu ela. Mas, aquele Jaguaité não era o namorado dela. Aquele Jaguaité era onça!

O pai ficou bravo com ela e falou que não era o homem que ela ama. Quando ele viu, era onça bem grandona! Aí, aquela onça estava levantando nela.

O pai falou pra ela: “Sai daí! Porque tem uma grande onça em cima de você!”

Mas a menina falou que não era onça, era o namorado dela.

A mãe dela falou pra ela: “Eu já falei pra você se cuidar mas você não se cuidou porque você estava moça. Então, você não sabia que estava moça.”

A filha falou para a mãe: “Porque você não contou para mim? Só quis me enganar.” Ela falou que não ia mais se cuidar porque ela ama aquele Jaguaité, o próprio namorado dela chamado Duda.

Então, ela estava enganada pela onça. Ela estava grávida de onça! Aí, ela tem um filho da onça. Mas, pra ela não era uma onçinha que ela tinha.

O namorado dela viu que ela estava com o bebê da onça no colo. Aí, o namorado dela cai fora e ninguém mais quer ela.

A Kazé morreu porque ela estava muito assustada porque ela tinha um filho da onça. Ela se enforcou. Mas, ela era uma mocinha bonita. Aí, ela morreu e o filho ficou com o pai.



História contada por Katia Mara Ráulio Gonçalves, 13 anos, guarani, que a ouviu de sua avó Leoni.

Saci-pererê

Ele era um menininho muito bonito, olhos azuis e cabelos loiros e tinha um cavalo muito pequeno com que ele andava só na floresta.
Ele gosta de andar à cavalo na floresta e indo até chegar aonde estão as pessoas bêbadas que gostam de roubar pinga, cigarro e ovos.
O Saci foi acostumado a roubar as coisas dos bêbados e de manhã ele deixa o dinheiro no lugar dos cigarros e ovos e pinga.
O Saci ficou bêbado e deitou e esqueceu de seu galho. É muito pequeno o menino Saci-pererê.
Ele ficou lá e esqueceu o galho. Uma mulher pegou o galho do Saci e o Saci agora ficava visível. Aquele galhinho foi colocado no vidro e virava tudo os animaizinhos dentro da garrafa.
O Saci pediu para a mulher o seu galho de volta e a mulher respondeu:
- "Se você me der dinheiro eu te entrego o galho."
E assim foi a mulher entregou o galho para o Saci e de manhãzinha o Saci trouxe dinheiro e deixou na porta da mulher, e assim foi, deixando dinheiro para a mulher todo dia.
O Saci se acostumava naquela mulher, só ela tinha segredo com o Saci e a mulher nunca ficava sem dinheiro. E assim foi, o Saci amigo da mulher, que chamava Cheila, foi embora para a floresta para sempre. Ele deixou com ela um galhinho igual o do Saci para não faltar dinheiro para Cheila.
Nunca mais o Saci voltou na casa de Cheila, ele foi embora com o cavalo que era muito pequeno.

História contada por Rosivânia Espíndola, 14 anos, guarani, que ouviu esta história de sua avó Dona Teresa.

Kaja'a

A Kaja'a era uma menina muito bonita e loira, morava com Pakihi'i que era seu pai. Ela foi castigada por deus porque errou.
Ela se apaixonou por Pay Tambeju, que era muito feio, mas quando ela o via ele ficava bonito. Ela sempre xingava ele e um dia ele enganou Kaja'a.
Pakihi'i era Rei Jesus e tinha três filhas e um filho. Pay Tambeju se transformava em várias coisas: mulher, cavalo, vaca, aranha e outras coisas.
Quando o garimpeiro descobriu o lugar dos índios, Pay Tambeju falou para o rei:
- "Meu nome é Beatriz" e o rei acreditou.
Depois o rei falou para Pay Tambeju:
- "Vá dormir com as minhas três filhas". E ele foi.
À meia-noite a magia dele acabou e virou um homem novamente, fez até o rei como mulher e o rei saiu, correu atrás dele e as três filhas sairam e falaram para o pai: - "Pai, não bate na Beatriz".
- "Que Beatriz o que? Nandeu partiso a tu" (ele era homem e nos enganou).
Pay Tambeju saiu no dia seguinte, colocou as bagagens e disse que ia embora.
Kaja'a pulou na mão dele:
- "Não vai não Pay Tambeju!"
O rei falou:
- "Você está falando com esse porra cheio de "piki"? (bicho de pé).
Kaja'a falou:
- "Que porra cheio de "piki" pai? Eu não quero que ele vá embora porque ele é importante para mim."
Então o Rei olhou para a cara do Pay Tambeju e falou:
- "Puxa! Esse homem não era o cara que foi lá em casa, é um estranho. Com todo respeito eu quero que você vá embora, eu vou castigar a minha filha porque ela fez isso."
Colocou Kaja'a na água e a água era pequena.
Desesperado Pay Tambeju chorou e se jogou atrás de Kaja'a. A água não levou nem um minuto e cresceu.
Jesus falou:
- "Puxa, eu tenho que chamá-lo de mar."
Todos os pedaços de um galho caído viraram os bichos.
Os dois, Pay Tambeju e Kaja'a, foram felizes para sempre na água que se chama agora de mar.

História contada por Ernesto Ráulio Gonçalves, 16 anos, guarani, que a ouviu de seu tio Hilário.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Jovens da AJI são Aprovados no Primeiro Concurso Público de Provas e Títulos para o quadro Magistério e Administrativo Indígenas



A AJI está em festa, 7 jovens foram aprovados no primeiro concurso público de provas e título para o quadro magistério e administrativo indígena.

-Alcir Rodrigues Medina-guarani-Monitor de Pátio
-Josimara Ramires Machado-Kaiowá-Assistente de Atividade Educacional
-Micheli Alves Machado-Kaiowá-Assistente de Atividades Educacional
-Kenedy de Souza Morais-Terena-Assistente de Atividades Educacional
-Ariane Ramires Machado-Kaiowá-Monitor de Pátio
-Antônio João Rodrigues-guarani-Servente
-Graciela Pereira dos Santos-guarani-Técnico de Biblioteca


Parabéns para todos!!!!!

A Tecnologia e a Comunicação nas Comunidades Indígenas



Recentemente li uma notícia sobre a tecnologia e o índio. Uma coisa muito próxima de nós jovens indígenas Guarani, Kaiowá e Terena de Dourados.
Os índios Pataxó juntamente com a ONG Thydewas, criaram há mais de dois anos o portal “índios online”(www.indiosonline.org.br). O site contém informações de 4 nações indígenas da Bahia, 2 de Alagoas e 1 de Pernambuco. Assim os próprios índios se tornaram antropólogos, historiadores e jornalistas sobre si e então provocaram um intercâmbio entre eles e “especialistas'.
Esse portal foi criado para fortalecer a cultura dos povos dessa região, também é possível encontrar reportagem sobre o dia-a-dia da comunidade e a luta por seus direitos.
Nós jovens indígenas de Dourados também estamos criando um Centro de Documentação Indígena-CDI, onde são usados imagens(vídeo e fotos) e textos (Jornal, Blog www.ajindo.blogspot.com e email ajidourados@yahoo.com.br ) para facilitar a nossa comunicação com a sociedade.
Juntos conseguimos montar três vídeo denunciando a desnutrição e a falta de terra, e um vídeo denúncia sobre os casos dos policiais que invadiram as terras indígenas de Passo Pirajú sem autorização e à paisana, onde dois policiais foram mortos e um saiu ferido. Esse caso repercutiu de uma maneira em que a mídia Douradense e Sulmatogrossense desenharam a imagem de nós índios como selvagens e truculentos, mas apesar de tudo isso nós jovens conseguimos mostrar o outro lado da história.
A importância da comunicação para os povos indígenas, é se fazer ouvir, buscar soluções para os problemas, conhecer caminhos para as reivindicações e lutas, e assim fortalecer a comunidade e nos preparar para combater juntos, independente de etnia, pelos nossos ideais.
O que nós queremos é usar a tecnologia como uma ajuda para o nosso povo, sem deixar de lado
nossa cultura.
Micheli Alves Machado-kaiowá

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Primeiro índio da etnia guarani-kaiowá é eleito Conselheiro Tutelar no MS


Valdinei Fernandes Paulo da Aldeia Tey Kuê é o primeiro indígena a integrar o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e Adolescente do município de Caarapó.
A vaga surgiu pelo grande número de crianças na aldeia e ele, o único candidato, teve total apoio da comunidade.
“O atendimento a crianças e adolescentes tende a melhorar a partir de agora” disse Valdinei, pois a comunicação por causa da língua pode ajudar no contato com as famílias indígenas.
A entrada de um índio no conselho tutelar já é um grande avanço para a comunidade indígena em geral, pois é a porta de entrada para outras entidades em que o índio ainda não ocupa nenhum espaço.
Apesar da violência doméstica ser freqüente nas aldeias, um conselheiro indígena pode servir de apoio para as pessoas pois a confiança é maior do que com um não índio.
Isso é muito bom para a população, isso para nós é uma vitória. É muito raro termos um indígena no poder. Tendo um indígena no poder a população se sente mais segura.


Ana Cláudia de Souza- Guarani
Micheli Alves Machado- Kaiowá