quinta-feira, 16 de novembro de 2006

A violência na aldeia

Hoje cresce cada vez mais a violência na aldeia, a aldeia não tem mais um certo controle de violência. Muitas pessoas são assassinadas barbaramente e ninguém faz nada. O medo da população é cada vez maior, nós nos sentimos inseguros dentro da nossa própria casa. Geralmente quando uma pessoa é assassinada ou passa por algum ato de violência, a população indígena não reage como deveria, assim como: denunciar, registrar a ocorrência, isso hoje é muito raro. Eles fazem justiça com as próprias mãos, a chamada vingança.
Pra nós que somos cidadãos do bem, é triste ver uma criança entre dez a doze anos armada usando drogas, álcool, enquanto deveria estar na escola, mas não são só esses, muitas pessoas andam armadas, talvez para sua própria segurança .
E as autoridades onde estão? Ao invés de contratar mais seguranças, eles estão demitindo, isso por falta de dinheiro. O próprio chefe da Funai ao invés de reagir para garantir a segurança dos indígenas, ele faz totalmente ao contrário, comete seus erros, não compareceu a audiência sobre a ação dos oficiais de justiça na aldeia e foi preso.
Há muitas pessoas más na aldeia, podem estar do seu lado, de repente podemos estar bem do lado de quem nos fez mal ou pode nos fazer mal. Essas pessoas deveriam estar onde deveriam estar, cumprindo pena.
Mas é totalmente ao contrario, as vezes a pessoa sabe de um ponto de droga, etc. Mas tem medo de denunciar, isso para sua própria segurança. Nossa, até quando isso vai durar? Será que a população indígena vai acabar assim? Pelo que eu saiba a justiça foi feita para isso. Se é que posso chamar de justiça.


Jaqueline Gonçalves, 16 anos - kaiowa

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Participação da Ação dos Jovens Indígenas no Seminário Latino - americano de Comunicação e povos indigenas: Assumindo o desafio tecnológico

No dia 18 de Outubro a AJI( Ação dos jovens Indígenas) foi representada por Indianara Ramires Machado e Josimara Ramires Machado, em Buenos Aires capital da Argentina, e participaram do Seminário Latino - americano de Comunicação e povos indígenas: Assumindo o desafio tecnológico, foram dias em que pessoas indígenas de diversos países tiveram a oportunidade de mostrar o que está acontecendo nas suas comunidades em relação a comunicação de nossos povos.

O encontro durou três dias em que foram discutidas questões como: desafios e proposta para as políticas públicas, desenvolvimento da capacidade de comunicação, a questão local acerca da comunicação entre os povos e o descaso público com os povos indígenas.

“Foi um olhar meio que apavorante, tudo subia na cabeça, eu, era uma das mais jovens que estava no local, os outros eram pessoas maduras, possuidores de uma grande “bagagem”. Foi o meu primeiro encontro fora do Brasil. As pessoas ficavam surpresas com minha capacidade em conduzir e participar dos debates e minha tão pouca idade, o Brasil foi o único País a ter jovens trabalhando com a comunicação audiovisual, jornais e internet. Soube de outros jovens que estão iniciando nesta caminhada.”

No período vespertino do seminário, aconteceu a apresentação do grupo da AJI, que vencendo o nervosismo e o idioma estrangeiro em que o trabalho foi apresentado, dissertou sobre o trabalho audiovisual que foi produzido pelos jovens da AJI, em tempo real, o video-denúncia “Que País É Este”, onde mostra o caso ocorrido na Aldeia Porto Cambira em Dourados, Mato Grosso do Sul-Brasil, sobre a retomada de terras indígenas, e a disputa entre índios e não-índios..
Foi apresentado e distribuído também o Jornal AJINDO, que já vem sendo publicado e está em sua VI edição, um jornal feito pelos próprios jovens do grupo, como começou e o que vem realizando, enfim a nossa experiência com a comunicação.
O encontro possibilitou a conquista de novos subsídios para darmos continuidade as ações indígenas em Dourados, e proporcionou um novo olhar sobre a comunicação e suas tecnologias através do intercâmbio, do relato de experiências com os povos indígenas Latino-americanos, o domínio da comunicação e tecnologias é essencial para que nós, povos indígenas, possamos lutar e viver com mais igualdade, justiça e DIGNIDADE.


Indianara Ramires Machado
Etnia: Kaiowá
Idade: 16 anos
Aldeia Bororo – Dourados – Mato Grosso do Sul/ Brasil.