No último dia da “Reunião do
Grupo de Especialistas em Juventude Indígena”, os participantes
elaboraram as recomendações que serão levadas ao Fórum Permanente
sobre Questões Indígenas, a ser realizado em maio na sede da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (veja mais
informações ao final do texto).
Na manhã do dia 31 de janeiro,
os jovens se reuniram e discutiram os pontos que possuíam em comum
para propor uma política que os represente. Na parte da tarde, as
recomendações, que resultaram dos dois dias de discussão, foram
escritas e debatidas pelos participantes.
As propostas apresentadas pelos
jovens foram:
- Precisamos ter acesso a todas
as informações para podermos fazer um diagnóstico sobre nós
mesmos. Não temos isso, ficamos sabendo o que está acontecendo em
cima da hora e, portanto, não podemos tomar decisões pensadas.
- Precisamos de um diagnóstico
amplo sobre os jovens indígenas do mundo. Um relatório desse tipo
não existe e sem isso não podemos saber como agir.
- Sobre a questão das línguas
indígenas, já temos as recomendações realizadas em 2008 pelo
Fórum.
- Precisamos de um sistema de
saúde intercultural que leve em conta os jovens indígenas.
- Precisamos de ampla
participação dos jovens indígenas em organismos que tenham caráter
vinculante e que ampliem a nossa discussão para os âmbitos nacional
e internacional.
- Formular um Programa de Ação,
ou seja, uma plataforma conjunta com as Nações Unidas e o Fórum
Permanente que consistirá na implementação dos direitos indígenas
e possibilitando a participação indígena em todas as instâncias
políticas, das comunidades locais ao nível mundial.
- Articulação do CAUCUS da
juventude indígena com as outras agências das Nações Unidas.
- Necessitamos de um fundo
financeiro das Nações Unidas, Fórum Permanente e outras agências
da ONU para apoiar os jovens indígenas a participarem das reuniões
destinadas às temáticas de juventude em geral, não somente
indígena.
- Na Conferência Mundial dos
Povos Indígenas, em setembro de 2014, queremos um lugar específico
para a juventude, em vez de fazermos parte de um ponto a ser tratado.
- É preciso fazer críticas às
agências da ONU, PNUD, UNICEF e outras que colocam os jovens
indígenas somente para respaldar e legitimizar projetos que já vêm
prontos.
- É preciso denunciar a
frustração que esses projetos causam para a população, pois o que
é prometido não é cumprido.
- Não gostamos de ser
identificados como população em estado vulnerável, isso representa
que não temos a capacidade de nos tornarmos sujeitos de nossas
histórias. Somos sobreviventes e, portanto, temos força e dignidade
para transformamos a nossa realidade e lutarmos pelos nossos
direitos.
O que é a Reunião
A “Reunião do Grupo de
Especialistas em Juventude Indígena”, realizada entre os dias 29 e
31 de janeiro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em
Nova Iorque, é um evento que faz parte da programação do Fórum
Permanente sobre Questões Indígenas da ONU.
Essa Reunião conta com um número
limitado de especialistas e observadores, incluindo representantes de
organizações de povos indígenas e também ONGs que trabalham com o
tema, entre as quais a AJI (Ação dos Jovens Indígenas de
Dourados).
Os resultados dessa reunião são
levados ao Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, que terá
sua 12ª edição em maio, na sede da ONU.
* Matéria
escrita a partir das informações fornecidas pela antropóloga Maria
de Lourdes Beldi Alcântara, que participou da reunião em Nova
Iorque como representante da IWGIA (Grupo Internacional de Trabalho
sobre Assuntos Indígenas).
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