segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Reunião sobre Jovens Indígenas na ONU termina com recomendações

No último dia da “Reunião do Grupo de Especialistas em Juventude Indígena”, os participantes elaboraram as recomendações que serão levadas ao Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, a ser realizado em maio na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (veja mais informações ao final do texto).
Na manhã do dia 31 de janeiro, os jovens se reuniram e discutiram os pontos que possuíam em comum para propor uma política que os represente. Na parte da tarde, as recomendações, que resultaram dos dois dias de discussão, foram escritas e debatidas pelos participantes.
As propostas apresentadas pelos jovens foram:
- Precisamos ter acesso a todas as informações para podermos fazer um diagnóstico sobre nós mesmos. Não temos isso, ficamos sabendo o que está acontecendo em cima da hora e, portanto, não podemos tomar decisões pensadas.
- Precisamos de um diagnóstico amplo sobre os jovens indígenas do mundo. Um relatório desse tipo não existe e sem isso não podemos saber como agir.
- Sobre a questão das línguas indígenas, já temos as recomendações realizadas em 2008 pelo Fórum.
- Precisamos de um sistema de saúde intercultural que leve em conta os jovens indígenas.
- Precisamos de ampla participação dos jovens indígenas em organismos que tenham caráter vinculante e que ampliem a nossa discussão para os âmbitos nacional e internacional.
- Formular um Programa de Ação, ou seja, uma plataforma conjunta com as Nações Unidas e o Fórum Permanente que consistirá na implementação dos direitos indígenas e possibilitando a participação indígena em todas as instâncias políticas, das comunidades locais ao nível mundial.
- Articulação do CAUCUS da juventude indígena com as outras agências das Nações Unidas.
- Necessitamos de um fundo financeiro das Nações Unidas, Fórum Permanente e outras agências da ONU para apoiar os jovens indígenas a participarem das reuniões destinadas às temáticas de juventude em geral, não somente indígena. 
 
- Na Conferência Mundial dos Povos Indígenas, em setembro de 2014, queremos um lugar específico para a juventude, em vez de fazermos parte de um ponto a ser tratado.
- É preciso fazer críticas às agências da ONU, PNUD, UNICEF e outras que colocam os jovens indígenas somente para respaldar e legitimizar projetos que já vêm prontos.
- É preciso denunciar a frustração que esses projetos causam para a população, pois o que é prometido não é cumprido.
- Não gostamos de ser identificados como população em estado vulnerável, isso representa que não temos a capacidade de nos tornarmos sujeitos de nossas histórias. Somos sobreviventes e, portanto, temos força e dignidade para transformamos a nossa realidade e lutarmos pelos nossos direitos.

O que é a Reunião
A “Reunião do Grupo de Especialistas em Juventude Indígena”, realizada entre os dias 29 e 31 de janeiro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, é um evento que faz parte da programação do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU.
Essa Reunião conta com um número limitado de especialistas e observadores, incluindo representantes de organizações de povos indígenas e também ONGs que trabalham com o tema, entre as quais a AJI (Ação dos Jovens Indígenas de Dourados).
Os resultados dessa reunião são levados ao Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, que terá sua 12ª edição em maio, na sede da ONU.

* Matéria escrita a partir das informações fornecidas pela antropóloga Maria de Lourdes Beldi Alcântara, que participou da reunião em Nova Iorque como representante da IWGIA (Grupo Internacional de Trabalho sobre Assuntos Indígenas).

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