Mãe e viúva de índio assassinado relatam casos de milícia armada na reserva de Dourados.
Foto: Hédio Fazan/O Progresso
Lideranças e parentes das vítimas denunciam suposta milícia armada,
que estaria novamente praticando extermínio nas aldeias Bororó e
Jaguapiru, na Reserva de Dourados. Segundo eles, o grupo seria formado
por índios e paraguaios que agiriam disfarçados de 'polícia comunitária
indígena'. Eles são apontados como responsáveis pelo alto índice de
mortes e espancamentos, entre outros crimes que vêm aterrorizando os
indígenas. Para os índios, trata-se de disputa de poder na Reserva que
hoje abriga mais de 13 mil caiuás, guaranis e terenas.Foto: Hédio Fazan/O Progresso
De acordo com uma das lideranças, Tiburcio Fernandes de Oliveira, a comunidade vai se reunir na próxima semana com o objetivo de desativar esta milícia e expulsar índios criminosos que invadiram a Reserva. Ele diz que a comunidade vai até o Ministério Público Federal pedir socorro. “Precisamos de uma intervenção imediata das autoridades para que nossa gente deixe de ser assassinada. Estamos reféns de grupos que precisam deixar a Reserva”, conta.
O estopim da revolta indígena foi a morte do indígena Gino Romero, de 25 anos. Ele foi assassinado no último final de semana com um tiro na cabeça, há poucos metros da casa em que mora na Aldeia Bororó, em Dourados.
Gino estava em casa quando um grupo de índios passou e fez provocações. De acordo com a mãe da vítima, Rute Benites, o filho saiu na estrada para ver o que os índios queriam e acabar com a provocação. O grupo de quatro jovens, todos vestidos de preto e armados, se aproximou e um deles efetuou tiros contra o jovem. A mãe viu tudo e diz que eles fazem parte da milícia que está assassinando jovens, ao invés de promover a paz dentro da reserva.
Em janeiro deste ano O Progresso esteve na casa da indígena Dilva de Souza, que relatou a mesma história da milícia. Segundo ela o grupo aumenta mês a mês. “Eles se instalam livremente dentro da reserva. Aqui eles fazem contrabando, vendem drogas e cigarros. Nada é feito contra eles”, denuncia.
A índia mostrou o filho, o braçal Ronilson de Souza, de 28 anos. O jovem foi espancado por cerca de 12 homens da suposta milícia. De acordo com a família, os acusados se vestem com coletes de segurança e ao invés de supostamente proteger, o grupo mata. “Vários índios estão morrendo enforcados aqui. Nem todos os casos chegam ao conhecimento público. O fato é que eles querem tomar o poder. Com isto estão transformando a aldeia num inferno”, disse a índia. Para ela, a falta de policiamento é outro problema. “Quando denunciamos para a Força Nacional ou a Polícia Federal, os policiais dizem que só estão aqui para realizar um cadastro. Ou que não é competência deles resolver o problema. Isto é um absurdo”, destacou na época.
A mulher diz que o confinamento dos indígenas obriga a uma disputa de terra que sempre acaba mal. “Vejo índios que querem tomar a minha área para plantar. Eles correm atrás de mim. Me atormentam. Tenho medo de morrer nas mãos destes bandidos”, contou. Decidida a denunciar a milícia armada, a mulher disse que já procurou o Ministério Público Federal e relatou o ocorrido.
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