quinta-feira, 12 de julho de 2012

Crise fecha postos de saúde na aldeia



A crise nos postos de saúde da Reserva de Dourados obriga o fechamento de unidades a partir desta sexta-feira. Na próxima semana os postos vão atender de forma alternada, ou seja, um dia sim e outro não. A informação é do presidente do Conselho distrital Indígena, Fernando de Souza. Segundo ele, os postos de saúde estão atendendo no limite de insumos de todos os tipos e por esta razão o fechamento das unidades em dois ou três dias por semana servirá como forma de chamar a atenção do poder público em relação a crise pela qual passa a Saúde Indígena.
No início do mês, lideranças e membros do movimento indígena de Mato Grosso, usuário do subsistema de atenção à saúde, representando mais de 70 mil índios, juntamente com os 700 profissionais de saúde de Mato Grosso do Sul, encaminharam carta a Presidência da República relatando a crise na saúde indígena do Estado. Além de outros problemas, o documento aponta a falta de irregularidade na distribuição de medicamentos, já que o volume disponibilizado não tem atendido a demanda.
“Geralmente o que é destinado aos postos não dá para o mês, o que deixa muitos índios sem determinados tipos de medicamento. Esta semana só vamos conseguir manter abertas as unidades porque a Sesai encaminhou um pouco de medicamentos, porém, na segunda-feira, os postos ficaram fechados”, disse.
Faltam materiais, equipamentos e insumos para as equipes de saúde, fato que, segundo Fernando, vem prejudicando enormemente a qualidade dos serviços. “O serviço de limpeza das Unidades de Saúde nas aldeias está sendo executado pelos agentes e profissionais de saúde. Também não há serviço de manutenção dos prédios e equipamentos como os pólos base, Casas de Apoio Indígena (Casai), postos de Saúde e até materiais, que estão em péssimos estados de conservação”, denuncia.
O relatório aponta ainda deficiências de viaturas para atender o Programa de Saúde Indígena, tendo em vista que as utilizadas pelas equipes de saúde e para o transporte de pacientes a maioria estão sucateadas sem as mínimas condições de utilização, oferecendo riscos aos pacientes e trabalhadores.
O problema é tão grave, segundo Fernando, que na última quinta-feira um paciente da Aldeia Panambizinho morreu devido a demora no socorro. “Um jovem de 29 anos começou a sentir dor forte no abdome e chamou a viatura da Sesai. Como há apenas uma para atender toda a extensão da aldeia à noite, o socorro chegou só depois de 4 horas. O paciente já estava com respiração ofegante e morreu antes de chegar no hospital”, destaca, observando que apenas uma viatura está disponível no período noturno para a Reserva Jaguapirú, Bororó e Panambizinho, com 13 mil índios.
No documento, as lideranças afirmam que além da falta de viaturas, não há serviço de higienização e de borracharia, sendo estes serviços realizados pelos motoristas com recursos próprios. São cerca de 25 viaturas oficiais da Sesai com documentação irregular e com licenciamentos atrasado, que estariam em plena atividade irregularmente.
Em Dourados, todas as cinco unidades de saúde na Reserva vão atender em dias alternados a partir da próxima semana.
SESAI
O presidente da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Nelson Olazar, explicou recentemente ao O PROGRESSO por telefone que desconhecia a falta de alimentos e materiais de limpeza na Casai. Reconheceu que faltam servidores no Estado mas anunciou a contratação de 80 para o MS. O processo está em andamento através de uma ação emergencial. Em relação aos insumos, ele explica que há barreiras em relação aos processos burocráticos que precisam ser cumpridos para atender a lei o que demanda um tempo maior, mas que aos poucos tudo está sendo resolvido.
O presidente disse que já encaminhou projetos para a aquisição de subsídios para a Sesai em Brasília e que tão logo haja a aprovação deste documento é possível a abertura de licitação para o fornecimento de insumos diversos. Ele diz que o problema com os servidores se dá devido ao fato que é a primeira vez que a Sesai realiza este procedimento, inclusive com novas normas, já que antes isto era responsabilidade das prefeituras.

Fonte: O Progresso

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