segunda-feira, 25 de junho de 2012

Voz de cantora tikuna encantou os participantes da Cúpula dos Povos


A voz do Amazonas não teve um tom oficial, nem oficialesco, mas repercutiu nas formas mais variadas durante a conferência  ‘Rio  + 20’. Uma das vozes, literalmente, ecoou pelo menos quatro vezes durante as atividades paralelas da conferência da ONU, foi a da cantora Djuena, indígena da etnia tikuna, do Alto Solimões.
Ambientalistas, indígenas, cientistas, seringueiros, jovens, mulheres, economistas, autoridades públicas, parlamentares. As participações foram de intervenções pontuais a participações em reuniões com delegações e com as principais autoridades das Nações Unidas.
Há quem diga que a programação paralela, não-oficial, pode não ter tido quase nenhum efeito no documento oficial da ONU, mas o compartilhamento de ideias e troca de diálogos reativou a mobilização social há algum tempo estagnada.
Cantora
Pelas trilhas calçadas do Aterro do Flamengo, Djuena Tikuna, 28, nascida na aldeia Umariaçu, em Tabatinga – localizada a 1.105 quilômetros de Manaus -, era frequentemente abordada por visitantes da Cúpula dos Povos - moças, rapazes, adolescentes, homens curiosos – para tirar fotografia ao seu lado. Não que isso que não fosse comum em relação aos indígenas, mas Djuena tinha algo mais: ela era uma espécie de “cantora oficial” do Acampamento Terra Livre na Cúpula dos Povos.
Desde que chegou, ao Rio de Janeiro, Djuena cantou em sua língua nativa em diferentes eventos, da Tenda dos Povos Indígenas ao Museu do Índio, acompanhada de dois músicos também indígenas (que nas horas vagas vendiam peças de artesanato).
Sabendo que seria convidada para cantar, levou três trajes, um vestido para solenidades e outros dois para apresentações mais informais, todos criados e costurados por ela mesma. Por meio de sua voz, Djuena cantou a realidade não apenas de seu povo, tikuna, mas de todos os outros “parentes” indígenas.
Ou seja, Djuena não tem apenas uma voz bonita. Também é politizada e não esconde indignação como a forma que os indígenas são tratados. Mas é gentil e acessível com quem deseja saber mais informações sobre sua realidade.
Desde os sete anos de idade, Djuena mora em uma comunidade urbana indígena dentro de Manaus. Fala português com uma pronúncia peculiar, pois até os 10 anos de idade só falava tikuna.
O interesse pela música veio há alguns anos, inspirada em sua prima, Cláudia Tikuna, e quando havia a Feira ‘Puka´á’, na praça da Saudade, em Manaus.
“As minhas músicas falam da minha infância e de momentos marcantes. Falam do meu povo, mas também falam dos problemas que passam os índios e de suas lutas”, explica a cantora.
Primeiro CD
 Há cinco anos, Djuena participou da coletânea “Cantos Indígenas”, patrocinado pela Prefeitura de Manaus, com duas faixas, de um CD do grupo Imbaúba e de um trabalho do instrumentista Robson Miguel, seu cunhado (casado com sua irmã).


Fonte: acritica.com

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