sexta-feira, 22 de junho de 2012

Atendimento à saúde indígena vai parar em todo Estado de MS

A Saúde indígena de Mato Grosso do Sul está travada. A informação é do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando de Souza. Segundo ele, no próximo dia 29, todos os trabalhadores da saúde no Estado fazem um dia de paralisação. A categoria denuncia a falta de estrutura nas unidades de saúde que leva a uma condição de trabalho degradante. No dia da paralisação, mais de 70 mil índios vão deixar de ser atendidos nos 72 postos de saúde do Estado.
De acordo com Fernando de Souza, a situação da saúde chegou ao “fundo do poço”. “O sistema para a aquisição de insumos engessou o atendimento na saúde, que está em caos. Por causa da burocracia, nada chega às unidades de saúde. Médicos e enfermeiros estão sem poder atender com qualidade”, destaca.
Segundo ele, tudo o que chega nas unidades é com número muito inferior a quantia necessária para atender a demanda como os medicamentos e insumos.
No caso das Casais, que são Casas de apoio para índígenas que chegam da região para serem atendidos em hospitais de Dourados, Fernando de Souza denuncia que elas estão sucateadas. “Falta de tudo. As unidades estão vivendo de doação. Os funcionários sensibilizados procuram ajuda no comércio ou em Programas como o Mesa Brasil para manter os atendimentos. Em Dourados a unidade vive de doação”, destaca, observando que não há equipe da apoio para os serviços gerais, que acabam sendo feitos por técnicos e enfermeiros.
Ao todo, no município, 150 trabalhadores vão cruzar os braços. Outra preocupação neste caso é com a frota da Sesai que está sucateada. Por causa da falta de transporte, equipes da saúde não estariam conseguindo se deslocar até a aldeia.
“Alguns grupos precisam pegar carona com outros para se deslocar até a reserva. Em outras situações, um grupo vai para a aldeia e o carro volta para buscar outro grupo. O serviço se torna demorado”, destaca.
O presidente também alerta para outro grave problema. As viaturas que transportam pacientes, estão sucateadas. Poucas que ainda funcionam não contam com esterilização, tendo em vista que não há empresa que presta este serviço para a União, no Estado. “Não há serviço de lavagem. Por isto é comum encontrar sangue e vísceras humanas nos carros, gerando riscos de infecções diversas”, denuncia, observando que em alguns municípios devido a falta do processo de licitação, não há empresas fornecedora de combustível e para abastecer as viaturas é preciso fazer o transporte por meio de tambores o que é ilegal.
Ele lembra ainda que praticamente 100% dos agentes que atuam na Reserva não dispõem de material completo, como as mochilas de materiais e bicicletas. “Muitos atuam com veículos próprios e materiais comprados por eles via ‘vaquinha”, destaca.

Protesto

Em Dourados, os servidores na saúde farão uma passeata para chamar a atenção do poder público. “Vamos acionar a bancada de Mato Grosso do Sul e chegar até o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para buscar uma maneira de dar agilidade aos processos de licitação em mato Grosso do Sul. Estes entraves burocráticos de aquisição de materiais já caminham para 1 ano e meio e sem resposta, o que engessou e travou a saúde indígena. Não há mais nada o que fazer a não ser encontrar uma forma urgente para abastecer as unidades de saúde e evitar as milhares de mortes que estão ocorrendo”, destaca.

SESAI

O presidente da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Nelson Olazar, explicou recentemente que a Secretaria está com processos em andamento para a aquisição de materiais, equipamentos e reformas em postos de saúde. Em relação a lavagem das viaturas que transportam pacientes, ele afirma que já encaminhou solicitação para a Advocacia Geral da União para obter resposta sobre a possibilidade da contratação deste tipo de empresa. O presidente diz que já mapeou as necessidades de todas as aldeias de Dourados e que os processos de aquisição destes subsídios já estão em andamento através das licitações.


Fonte: Dourados Agora


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