A Saúde indígena de Mato Grosso do Sul está travada. A informação é do
presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando de Souza.
Segundo ele, no próximo dia 29, todos os trabalhadores da saúde no
Estado fazem um dia de paralisação. A categoria denuncia a falta de
estrutura nas unidades de saúde que leva a uma condição de trabalho
degradante. No dia da paralisação, mais de 70 mil índios vão deixar de
ser atendidos nos 72 postos de saúde do Estado.
De acordo com Fernando de Souza, a situação da saúde chegou ao “fundo do
poço”. “O sistema para a aquisição de insumos engessou o atendimento
na saúde, que está em caos. Por causa da burocracia, nada chega às
unidades de saúde. Médicos e enfermeiros estão sem poder atender com
qualidade”, destaca.
Segundo ele, tudo o que chega nas unidades é com número muito
inferior a quantia necessária para atender a demanda como os
medicamentos e insumos.
No caso das Casais, que são Casas de apoio para índígenas que chegam
da região para serem atendidos em hospitais de Dourados, Fernando de
Souza denuncia que elas estão sucateadas. “Falta de tudo. As unidades
estão vivendo de doação. Os funcionários sensibilizados procuram ajuda
no comércio ou em Programas como o Mesa Brasil para manter os
atendimentos. Em Dourados a unidade vive de doação”, destaca, observando
que não há equipe da apoio para os serviços gerais, que acabam sendo
feitos por técnicos e enfermeiros.
Ao todo, no município, 150 trabalhadores vão cruzar os braços. Outra
preocupação neste caso é com a frota da Sesai que está sucateada. Por
causa da falta de transporte, equipes da saúde não estariam conseguindo
se deslocar até a aldeia.
“Alguns grupos precisam pegar carona com outros para se deslocar até a
reserva. Em outras situações, um grupo vai para a aldeia e o carro
volta para buscar outro grupo. O serviço se torna demorado”, destaca.
O presidente também alerta para outro grave problema. As viaturas que
transportam pacientes, estão sucateadas. Poucas que ainda funcionam não
contam com esterilização, tendo em vista que não há empresa que presta
este serviço para a União, no Estado. “Não há serviço de lavagem. Por
isto é comum encontrar sangue e vísceras humanas nos carros, gerando
riscos de infecções diversas”, denuncia, observando que em alguns
municípios devido a falta do processo de licitação, não há empresas
fornecedora de combustível e para abastecer as viaturas é preciso fazer o
transporte por meio de tambores o que é ilegal.
Ele lembra ainda que praticamente 100% dos agentes que atuam na
Reserva não dispõem de material completo, como as mochilas de materiais e
bicicletas. “Muitos atuam com veículos próprios e materiais comprados
por eles via ‘vaquinha”, destaca.
Protesto
Em Dourados, os servidores na saúde farão uma passeata para chamar a
atenção do poder público. “Vamos acionar a bancada de Mato Grosso do Sul
e chegar até o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para buscar uma
maneira de dar agilidade aos processos de licitação em mato Grosso do
Sul. Estes entraves burocráticos de aquisição de materiais já caminham
para 1 ano e meio e sem resposta, o que engessou e travou a saúde
indígena. Não há mais nada o que fazer a não ser encontrar uma forma
urgente para abastecer as unidades de saúde e evitar as milhares de
mortes que estão ocorrendo”, destaca.
SESAI
O presidente da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Nelson
Olazar, explicou recentemente que a Secretaria está com processos em
andamento para a aquisição de materiais, equipamentos e reformas em
postos de saúde. Em relação a lavagem das viaturas que transportam
pacientes, ele afirma que já encaminhou solicitação para a Advocacia
Geral da União para obter resposta sobre a possibilidade da contratação
deste tipo de empresa. O presidente diz que já mapeou as necessidades de
todas as aldeias de Dourados e que os processos de aquisição destes
subsídios já estão em andamento através das licitações.
Fonte: Dourados Agora
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