terça-feira, 19 de junho de 2012

Água longe dos indígenas em debate no Rio+20

 
 A nicaraguense Mirna Cunningham denunciou, ontem,  durante a  Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a ‘Rio + 20’,  três violações internacionais praticadas contra os povos indígenas: A aplicação de políticas discriminatórias e racistas que excluem estes povos dos serviços hídricos; a poluição e a contaminação de rios e lagos  por indústria de extração e de mineração; e a transformações destas fontes já protegidas, consideradas “sagradas” pelos índios, em “áreas de mera recreação e de lazer”.

Diretora do Fórum das Nações Unidas para os Povos Indígenas, Mirna foi uma das painelistas do penúltimo dia do debate “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável” cujas recomendações farão parte da agenda oficial .

Esta programação vem sendo a única a qual a sociedade civil, por meio da Internet e dos eventos da Rio+20, antes da reunião oficial, pode participar. O tema “Água” foi um dos três discutidos ontem, no horário da tarde. Os Diálogos encerram hoje  com o debate sobre oceanos.


Mirna Cunningham dividiu o painel de discussão com outros especialistas sobre o tema água, entre eles o Prêmio Nobel da Paz de 2006, o economista Muhammed Yunus, de Bangladesh, o mais assediado pelo público, ao final do evento. Em seu país, ele é considerado o “banqueiro dos pobres”.

“A água é um dos elementos fundamentais para a vida dos povos indígenas. Ela faz parte do equilíbrio destes povos”, disse Mirna, que fez uma ligeira referência à construção de hidrelétricas em alguns países da América Latina (não citou o Brasil), mas sua provocação não ecoou entre os demais painelistas.  Mirna defendeu ainda o “aspecto cultural” das populações nativas devem ser levadas em consideração pelos empreendimentos desenvolvidos pelas autoridades públicas.

Mouhammed Yunus destacou ainda que há pouca água potável no mundo e, muitos destes recursos, estão contaminados. Em seu país, ele lembrou que, por meio do banco Grameen, procura levar água potável para poços. “Criamos pequenos negócios para fornece a um custo baixo água para os vilarejos. Chamamos isso de sistema sustentável”, disse Yunus.

Para quem acha que o acesso a água é uma reivindicação aparentemente ingênua, David Boys, do Conselho Consultivo das Nações Unidas, lembrou que existem países que negam o direito a água e tentam negar, nos debates internacionais, essa “referência”. Daí a necessidade do acesso a este recurso ser contemplando no documento final da Rio + 20.  “Como é que um governo pode se convencer de estar fazendo o certo para o povo quando não assegura o acesso a água?”, questiona Boys.

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