Por: Manuel Rozental
Esse é um chamado urgente a la unidade entre povos indígenas e
pequenos agricultores no Sul da Bahia para encontrar o caminho prático
da paz e unidade a partir da declaração: “Unidade por Terra, Território e Dignidade!”
O dia 22 de Agosto de 2012, é uma data histórica para os “Trabalhadores e Trabalhadoras, Povos do Campo, das Águas e das Florestas” do Brasil, e do Continente Latino Americano. Nesta data foi aprovada e publicada a Declaração “Por Terra, Território e Dignidade!” . Um documento que, depois de fazer lembrança das lutas dos explorados do campo e da terra, e um analise certo da realidade do campo, estabelece compromissos claros e uma plataforma de unidade e de luta comum no século XXI, para indígenas, camponeses e todas e todos os moradores do campo, das águas e das florestas, frente ao inimigo real; o agronegocio. Nesse sentido o documento explica:
“Este projeto, na sua essência, produz desigualdades nas relações fundiárias e sociais no meio rural, aprofunda a dependência externa e realiza uma exploração ultrapredatória da natureza. Seus protagonistas são o capital financeiro, as grandes cadeias de produção e comercialização de commodities de escala mundial, o latifúndio e o Estado brasileiro nas suas funções financiadora – inclusive destinando recursos públicos para grandes projetos e obras de infraestrutura – e (des)reguladora da terra.(…)
Este projeto provoca o esmagamento e a desterritorialização dos trabalhadores e trabalhadoras dos povos do campo, das águas e das florestas. Suas conseqüências sociais e ambientais são a não realização da reforma agrária, a não demarcação e reconhecimento de territórios indígenas e quilombolas, o aumento da violência, a violação dos territórios dos pescadores e povos da floresta, a fragilização da agricultura familiar e camponesa, a sujeição dos trabalhadores e consumidores a alimentos contaminados e ao convívio com a degradação ambiental. Há ainda conseqüências socioculturais como a masculinização e o envelhecimento do campo pela ausência de oportunidades para a juventude e as mulheres, resultando na não reprodução social do campesinato.”
Tristemente, e contrariando as verdades pranteadas nessa Declaração pela Dignidade, no Sul da Bahia, os “Pequenos Agricultores” confrontam abertamente aos povos indígenas a quem chamam de “supostos índios”, “invasores”, “ladrões de terras” entre outras. Na mesma data, 22 de Agosto, no Aeroporto Jorge Amado de Ilhéus, ignorando os ensinos da historia, o processo e o conteúdo da declaração pela dignidade, intimidaram e provocaram a qualquer –um com aparência indígena. Os representantes dos “Pequenos Agricultores” ainda hoje continuam nessa pratica que já tem mais de 10 dias gerando tensão, divisão e alimentando ódios, para beneficio dos exploradores dos povos e das terras. Simultaneamente, a “Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema” liderada por Luiz Henrique Uaquim, vem fazendo reuniões e desenvolvendo estratégias para fomentar divisões e ódios e impedir uma solução ao conflito real, que respeite e reconheça na realidade os direitos comuns dos camponeses e indígenas frente aos interesses dos fazendeiros e do agronegocio.
Nesse contexto, essa carta aberta tem o propósito de convidar aos pequenos agricultores e as povos indígenas, com o apoio das organizações, movimentos, povos e processos que assinaram e assumem a palavra da declaração “Unidade por Terra, Território e Dignidade!”, a iniciar de imediato, um processo de dialogo e articulação no propósito de procurar uma agenda comum entre indígenas e pequenos agricultores, para estabelecer desde o reconhecimento e respeito mútuos um acordo que possibilite a convivência entre eles e a luta com e pela Terra.
Manuel Rozental
Povos em Caminho
Tecendo Resistências e Autonomias entre
Povos e Processos.
Fonte: Indios Online
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