Mais de 50 lideranças indígenas de todo país ocuparam na manhã desta sexta-feira, 10, a sede da Advocacia Geral da União (AGU) em Brasília. “Exigimos a revogação imediata da Portaria 303”, gritaram os indígenas durante ação pacífica e de protesto.
Mobilizados
pela Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib), organizações
regionais como Coiab (da Amazônia brasileira), Arpin-Sul (estados ao Sul
do país), Apoinme (Minas Gerais, Rio de Janeiro e estados do Nordeste),
Aty Guasu e Arpipan (indígenas do Pantanal).
Entre
as lideranças, estão Raoni Metuktire Kayapó, Megaron Txucarramãe,
cacique Babau Tupinambá, Kleber Apurinã, Lindomar Terena, além de
representantes de povos de todas as regiões do país. A exigência é de
uma audiência com o advogado geral da União, ministro Luís Inácio Lucena
Adams,
O ministro se negou a recebê-los nesta sexta-feira apontando as próximas semanas para o encontro. A
ação, porém, foi articulada com diversas outras que foram estouradas
desde esta quinta-feira, 9. Todas pediram a revogação imediata da
Portaria 303.
Em
Tocantins, cerca de 150 indígenas ocuparam também na manhã desta
sexta-feira a sede da AGU de Palmas. O movimento reivindica a revogação
imediata da Portaria 303, publicada no último dia 16 de julho.
A
mobilização começou com o trancamento da Avenida Teotônio Figurado, uma
das principais artérias da capital tocantinense. Seis povos se
articulam na ação: Apinajé, Xerente, Krahô, Javaé, Karajá de Xambioá e
Krahô-Kanela.
“Queremos
que a Portaria 303 seja rasgada. É mais violação dos nossos direitos.
Queremos nossas terras demarcadas para vivermos nela”, afirma Wagner
Krahô-Kanela. Ele explica que cada vez mais querem “detonar” os povos
indígenas.
Um
dos pontos da portaria é a revisão de demarcações de terras indígenas.
Para os indígenas, a demarcação precisa ser feita de acordo com as leis,
não como os políticos e seus aliados do agronegócio querem.
Os
indígenas exigiram a presença do coordenador da AGU de Palmas para que
ele ouça os povos e “veja a indignação, porque parece que o governo
federal não quer nos ouvir. Não é só aqui, mas em todo país”, diz o
indígena.
Para
Wagner e as demais lideranças que estão à frente da ocupação, a
Portaria 303 interessa aos grandes latifundiários, aos grandes
empreendimentos, caso das hidrelétricas e suas barragens, estradas e
exploração de recursos minerais.
“Querem
fazer as obras falando em economia e desenvolvimento, mas só vemos
destruição, mortes e retiradas de direitos”, ataca Wagner.
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