Fenômeno conhecido pelos indígenas de Panambizinho como Ivy-Kay (fogo
na terra) deixou preocupada a população naquela aldeia. Ontem, um menino
pescava tranquilamente, quando ouviu uivos de um cão que tinha acabado
de sofrer queimaduras graves.
O garoto acionou lideranças, que se depararam com uma pequena área onde
surgiram várias rachaduras que soltam uma fumaça esbranquiçada com alta
temperatura. O cão não foi o único a ficar ferido. Conforme
informações, pessoas que estiveram ali para ver o que estava ocorrendo,
também queimaram os pés e os calçados.
Segundo o agente de saúde daquela localidade, Reginaldo Aquino da
Silva, fenômeno semelhante ocorreu ali há cerca de 40 anos. Ontem,
alguns chegaram a suspeitar de que poderia haver uma válvula de escape
de alguma fenda vulcânica, já que a região de Dourados está sob
estrutura semelhante.
No entanto, segundo o geólogo e professor da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), José Daniel de Freitas Filho, que está com
equipe no local do incidente e onde também se encontram repórteres do site Douradosagora, trata-se do chamado “fogo subterrâneo”.
O fenômeno ocorre em zona de turfa (emaranhado de raízes e restos de
vegetação que queima mesmo se houver umidade), de lençol freático
rebaixado mediante técnica de agricultura conhecida como “espinha de
peixe”. No local, há cerca de uma semana, indígenas teriam ateado fogo
para limpar a área.
O incêndio continuou abaixo da superfície, não encontrou água e, devido
ao tempo seco, passou a consumir o material orgânico que, conforme o
geólogo, vem se depositando há cerca de dez mil anos naquela localidade.
Com a queima deste ‘humus’, sobra espaço na terra que acaba rachando e
liberando os gases. O geólogo diz que eles estão, no momento, em uma
área de risco e que, se alguém pisar ali, pode sofrer queimaduras.
Na superfície da terra, em contato com o oxigênio, o fogo pode ainda se
alastrar. Agora é esperar a chuva, para molhar a terra e apagar o fogo
subterrâneo que consome aquela área agrícola, em Panambizinho.
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