Cerca de 500 indígenas Guarani Kaiowá e Nhandeva retomaram na manhã desta segunda-feira, 3, parte dos 4.025 hectares do tekohá (território sagrado) Potrero Guasu, a 10 Km do município de Paranhos, Mato Grosso do Sul.
A
área está declarada como indígena desde 13 de abril de 2000 e ainda não
teve o processo administrativo de demarcação concluído. Desde que foram
expulsos de Potrero, há cerca de 40 anos, os indígenas passaram a viver
na aldeia Pirajuí – também em Paranhos.
Os
indígenas retomaram apenas uma das fazendas instaladas dentro da terra
indígena. Até o momento, não há notícias de violências praticadas por
pistoleiros e jagunços contra a comunidade – composta, ao todo, por 709
Guarani Kaiowá e Nhandeva.
Próxima
ao tekohá Arroio Korá, terra também retomada no último mês, Potrero
Guasu tem a demarcação questionada por colonos e fazendeiros na Justiça,
mas com decisão favorável à ocupação pela Procuradoria Regional da
República da 3ª Região, em São Paulo. “Parte da área inclusive é
improdutiva e a área é de ocupação tradicional. Eu nasci nela até que
minha família foi expulsa”, explica o professor Davi Benites Guarani
Kaiowá.
O
indígena saiu de Potrero Guasu com a família quando tinha apenas um ano
de idade. Hoje, com 43, se diz feliz com o retorno de seu povo ao
território: “Os colonos forçaram a gente a sair. Era muita violência,
sabe. A gente sempre teve determinado a voltar”, disse Davi.
“Aguardamos
já muito tempo pelo governo federal. Não conseguimos mais esperar. São
14, 15, 20 anos. E até mais. Guarani Kaiowá é assim, morre pela terra”,
encerra.
Arroio Korá
Na
retomada do tekohá Arroio Korá, a ação de jagunços segue. “Pistoleiros
continuam atirando aqui contra nós. A Força Nacional vem, mas eles não
ficam com medo. Agora nós também não te mos medo e se tiver que morrer
aqui, como eu já disse, nós vamos morrer”, declara Dionísio Guarani
Kaiowá.
No
último dia 28 de agosto, pistoleiros atacaram a área atirando contra os
ocupantes. Não houve feridos, mas a violência imposta pelos jagunços
não respeitou ao menos órgãos federais.
Durante
o ataque dos atiradores, a comunidade indígena estava reunida com o
antropólogo do Ministério Público Federal (MPF) do estado, Marcos
Homero. Com ele estavam representantes da Fundação Nacional do Índio
(Funai) e agentes da Força Nacional. Em Arroio Korá vivem cerca de 400 Guarani Kaiowá.
Por Renato Santana,
de Brasília
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