Hamburguer
falou de suas expectativas em relação ao projeto e citou algo que
percebeu durante suas pesquisas: o preconceito que ainda há com os
índios: "vi que infelizmente os brasileiros não aceitam os índios até
hoje. É um absurdo essa rejeição, mas ela existe". O diretor chegou a
esta conclusão durante as gravações, que ocorreram na floresta
amazônica, devido as queimadas nas fazendas próximas e o desmatamento:
"o tanto de queimadas que há naquele local, o tanto que desrespeito em
não se importar com a preservação da floresta é absurda. É um tesouro
que temos que o Brasil está destruindo", afirmou.
O diretor chegou até o tema por meio do cineasta Fernando
Meirelles - produtor do filme - que por sua vez foi procurado pela
família de Orlando para que levasse a história dos irmãos Villas-Bôas
para as telonas. Meirelles, a princípio, ignorou o projeto, mas ao ler o
livro A Marcha para o Oeste, um diário escrito pelos irmãos
durante a expedição, o cineasta logo se encantou pelo conteúdo. "Quando o
Fernando me explicou, pedi um tempo para pesquisar, pois tinha poucas
informações deles. Mas ao entender quem eram os Villas-Bôas, achei a
história muito envolvente", explicou o diretor.
Hamburguer contou com a colaboração da antropóloga Maria Büller,
que trouxe para o projeto peculiaridades retiradas das famílias e
conhecidos dos irmãos. O filme demorou cinco anos para ficar pronto,
entre produção e filmagens. Em um período de 25 dias, durante o início, a
equipe viajou três dias para o Parque Indígena do Xingu, que fica no
Nordeste do Mato Grosso em plena floresta amazônica. "Conseguimos um
material riquíssimo e infelizmente muitas cenas tiveram que ficar de
fora", lamentou o diretor.
Para a escolha do elenco, Hamburguer contou que já imaginava João
Miguel para o papel de Cláudio, o líder da expedição: "já conhecia o
trabalho dele e sabia que tinha a capacidade. A partir do João, pensei
no Caio porque já tínhamos trabalhado juntos e conheço o seu talento. E o
Felipe, eu tinha certeza que iria dar o tom certo para o papel. Fiquei
muito satisfeito com o resultado". O núcleo dos índios foi escolhido por
meio de testes. Segundo o diretor, esses "atores" se dedicaram e se
entregaram demais ao projeto. "Escolhemos os melhores e nem pareciam que
estavam atuando", disse. A produção de Xingu custou R$ 14 milhões.
Atualmente, 16 povos indígenas habitam O Parque do Xingu, que completou 50 anos em 2011.
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