Enquanto o Estado de Roseana Sarney e o governo de
Dilma estão com as atenções nas eleições, deixando os povos indígenas no
Brasil a mercê de sua própria sorte, o povo indígena Ka’apor, do
noroeste do Maranhão, intensifica a proteção ao seu território.
Os guerreiros, que têm enfrentado uma longa
batalha com os madeireiros durante esses anos, se revezam desde o dia 6
de junho de 2014 na região norte do território indígena, realizando
ações de autovigilância, autofiscalização e expulsando madeireiros, haja
vista a Fundação Nacional do Índio (Funai) nunca ter se manifestado
sobre a criação de postos de vigilância e proteção.
O órgão se ausentou a mais de três meses da
área, sem oferecer nenhum apoio. Os indígenas afirmam que desde que
solicitaram o afastamento de chefes de postos e de alguns motoristas do
órgão tutelar por envolvimento com a venda ilegal de madeira juntamente
com servidores do IBAMA, a Funai diminuiu sua presença na área.
Por outro lado, os indígenas conseguiram ter o
controle e puderam realizar inúmeras incursões no território e garantir
a saída imediata de muitos agressores. Continuam vigilantes nos
limites, realizando limpeza dos mesmos e criando áreas de proteção, que
chamam de Ka’a usak ha, para evitar que circulem e permaneçam na área.
Ainda temem reações desses agressores tendo em vista as ações
realizadas.
Lideranças de diferentes aldeias realizaram
assembleia de 20 a 23 de julho com a presença dos guerreiros, que
reafirmaram o compromisso de se manterem vigilantes nos limites e
criando novas áreas de proteção para impedir que a floresta e as
famílias que vivem em aldeias próximas aos limites territoriais venham
sofrer com a escassez de alimento nessas áreas.
Uma entre as inúmeras reclamações das
lideranças indígenas é de que a Funai, além de se ausentar da área, não
tem garantido apoio e estrutura para que os próprios indígenas continuem
vivendo e protegendo o que é seu. Sobretudo, que exerçam sua autonomia
como povo indígena. A Funai não reconhece ações de proteção,
monitoramento territorial e etnomapeamento, com apoio do Ministério de
Meio Ambiente e realizado pelos próprios indígenas. Não reconhece e nem
garante estrutura e apoio para o indígena que desde o ano passado foi
indicado pelo povo para assumir a Coordenação Técnica Local.
Os Ka’apor reclamam que muitos servidores não
confiam nos indígenas e nem os apoiam, por verem eles como ameaças a
seus cargos e esquemas estabelecidos para privilegiar pessoas e grupos.
Diante de tudo isso, os Ka’apor continuam demonstrando seriedade,
maturidade e compromisso em defender seu território.
Fonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário