Os indígenas
contestam a decisão da juíza que determina a paralisação dos atos de
desocupação da Terra Indígena Krikati. Na decisão, o autor declara que a
terra não é de ocupação tradicional dos indígenas, e que, portanto,
resistiria “o direito da propriedade ou de posse” dos fazendeiros.
Argumento
falacioso, visto que a terra foi demarcada em 1998 e homologada em 2004.
O laudo antropológico estipula como ocupação tradicional 144.675
hectares de posse permanente dos indígenas. “Com
essa decisão os fazendeiros se fortalecem. Eles afirmam que tem muita
terra para pouco índio, mas eles querem mesmo é cobiçar a nossa terra.
Como pode a juíza só ouvir um lado? Ela quer mais briga e problema”,
aponta preocupado com a decisão, a liderança indígena, Edilson Krikati.
Edilson acredita
que os conflitos na região podem se intensificar e vê o mesmo filme de
1998 se repetir. Com o início da demarcação da área à época, um indígena
Guajajara foi morto a mando de fazendeiros interessados na terra dos
indígenas. “Com a morte de Manoel Guajajara que morava com a gente
ficamos bastante apreensivos. Os fazendeiros daqui deixam recado para os
indígenas não saírem das aldeias. Só quero falar que aqui no Maranhão é
muita pressão dos poderes locais que são aliados de grupos políticos”,
diz Edilson.
Segundo a Regional
do Cimi em Maranhão são 240 famílias de não-indígenas presentes em
território Krikati que justificam sua permanência na área
pelo fato da indenização não ser o suficiente para sobreviver em outra
região. “Isso não deve ser uma justificativa para paralisar a
desintrusão. Sendo que a maioria é considerada de má fé. Portanto,
segundo a lei devem sair da área que foi declarada como sendo
tradicional do povo Krikati”, reitera a equipe Cimi-MA.
O território está
em processo de desocupação desde 2002 e com a decisão da juíza o clima
de insegurança física e cultural do povo Krikati se acentua. Os
moradores de boa-fé devem ser assentados pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas a morosidade na desintrusão
contribui para “entrada de pessoas de má fé, queimadas e extração ilegal
dos recursos naturais”, tal como denuncia a carta aberta do povo
Krikati.
A Terra Indígena
do povo Krikati fica localizada ao sudoeste do Maranhão e abrange as
cidades de Montes Altos, Sítio novo, Amarante do Maranhão e Lajeado
Novo, distante 750 km de São Luís, capital do estado. Conta com uma
população de aproximadamente 1.030 pessoas, vivendo em cinco aldeias:
São José, Raiz, Recanto dos Cocais, Nova Jerusalém e Alto Alegre.
Com a desintrusão
dos invasores em território Awá-Guajá também no Maranhão, mais
fazendeiros e madeireiros migraram para o território Krikati, o que tem
acirrado as disputas fundiárias. “O mesmo grupo que tava nos Awá ta aqui
agora. Todos ligados ao agronegócio. São madeireiros, fazendeiros e
produtores de soja. A coisa ta séria. Aí a juíza publica essa decisão
sendo que a área já ta homologada, isso contraria a Constituição
Federal”, contesta Edilson.
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