A faixa etária dessas mortes é de 14 anos acima. A aldeia em si se encontra em sinal vermelho, mas parece que o Estado, o governo continuam não enxergando a situação de abandono, de decomposição social em que se encontra a comunidade indígena.Os direitos garantidos em lei não estão sendo aplicados de forma adequada, o desemprego ainda está em alta, a violência em alta, a educação e saúde estão cada vez mais desqualificada. Um exemplo disso é que nos dias atuais os homens estão indo trabalhar em São Paulo e Santa Catarina na colheita de maçã durante 60 dias, pois aqui não há alternativa de trabalho para quem tem uma baixa escolaridade. Os únicos empregos oferecidos são dentro da saúde e educação, porém exige estudo e grande parte da população indígena de Dourados ainda não tem uma educação escolar completa.
As informações recentes que a AJI tem de pessoas da comunidade são que a causa dessa violência era o esperado “Os pais não conseguem mais segurar seus filhos, hoje quem andam nas estradas de noite são meninos e meninas entre 12 anos em diante carregando facão, foice, pedaços de pau e a mais nova arma agora são as linhas de cerol que colocam nas estradas e arma feita com cimento e pregos, a Força Nacional não dá conta pois são poucos e além do mais não são preparados para atuar em aldeia como a de Dourados, e como andam em viatura quando os malandros percebem que há um carro se aproximando se escondem, baixam o volume do som e depois quando passam eles voltam a farra”. Diz o vice capitão da aldeia Bororó Aniceto Velasques.
O indígena diz que o problema não é da policia pois eles estão fazendo o seu dever, ele diz que havia uma comissão de segurança que andava de noite e revistava as pessoas, andavam a pé pelas estradas da aldeia e apesar do perigo que corriam na escuridão eles sabiam como e onde encontrar os malandros que andam de noite, mas como não tem recurso eles deixaram de atuar.
A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) deixou de atender a população indígena sendo hoje a responsável a SESAI (Secretaria especial de saúde indígena) porém o salário não é o esperado agentes de saúde recebem até menos do que recebiam antes. O AJIndo cita tudo isso para dizer que o abandono histórico da Reserva Indígena de Dourados, pelo estado, pelo governo, nossas leis violadas, saúde e educação desqualificada, isso tudo chega ao que estamos vivendo hoje, a violência em alta, assassinatos, suicídio, a vila olímpica que seria uma opção de lazer principalmente para jovens e crianças segundo Aniceto a iluminação foi retirada e continua com as portas fechadas.
Com essa onda de violência em alta, jovens mortos brutalmente a cada semana, a comunidade indígena aponta algumas soluções, que haja iluminação na aldeia inteira e que a comissão de segurança interna volte a atuar na aldeia e que tenham apoio financeiro, pois eles podem ajudar a Força nacional. “Se essa situação continuar quem serão os velhos de amanhã, pois os jovens estão morrendo ... eles são muitos e não vem para machucar vem para matar” Diz a indígena que pediu para não ser identificada ontem dia 09 de Fevereiro no velório de mais um adolescente morto na aldeia Bororó.
AJI – Ação de jovens indígenas
Um comentário:
Ótimo texto, que traduz um pouco essa situação de angústia, descuido e tragédias que as aldeias vivem. É preciso por a boca no trombone para chamar a atenção dos responsáveis! Parabéns!
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