terça-feira, 31 de maio de 2011

"Aqui não existe terra grilada”, Verborragia, Logorréia!

A frase acima foi dita pelo nosso governador, por ocasião do seminário realizado nos dias 25 e 26, pelo CNJ, no auditório da UNIGRAN. É tudo o que o mandatário do MS não precisava dizer, pois, deixou claro duas coisas: primeiro que neste embate, ele, governador de todos os Sul-mato-grossenses, ou pelo menos deveria ser, demonstrou parcialidade; segundo, é que o “Doutor” Andre Puccinelli, não conhece nada da história do estado que ele governa, pois grandes fazendas, hoje tituladas, foram griladas na década de 70 e tiveram seus títulos fabricados na calada da noite, esses relatórios estão a disposição no museu do índio no Rio de Janeiro.

Se não estava mentindo, quando se referia a um pretenso acordo com as lideranças da Aldeia cachoeirinha, estava faltando com a verdade ao ser desmentido pelo índio Terena Ramão, que é nato e residente na Aldeia Cachoeirinha, Presidente da ARPINPAN (Articulação dos povos indígenas do Pantanal), se de fato, existem alguns índios cooptados ao seu lado, disso ninguém duvida, mas daí a dizer que “fez acordo com as lideranças indígenas é logorréia pura.

Outra frase que merece considerações no repertório de logorréia do Sr Governador é: “Tudo o que os índios tem de benefícios no Estado foi o André Puccinelli quem fez pra eles”. Esta assertiva deixa claro que o Governador insulta nossa inteligência, por primeiro, o governo do seu antecessor foi melhor e mais humanitário do está sendo este governo, atendeu melhor não só as nossas comunidades, bem como, todas as minorias; em segundo, por que as políticas públicas dirigidas aos nossos povos é um dever legal do estado, inserto no art. 2º e nos seus 11 incisos, da Lei 6.001/73. A verdade é uma só mesmo! E não está com o governador.

A proposta do governador é a de que sejam usadas terras tomadas de traficantes e do Revendo Moon, além de áreas compradas em torno das aldeias, com investimento do governo e de fazendeiros, para assentamento dos índios que reivindicam terras. Ao comentar o recebimento destas propostas do governo do Estado, a corregedora do CNJ Eliana Calmon de Sá, foi categórica: “A visão do governador é uma visão, mas não é absolutamente a solução. Se fosse já estaria resolvido. Se o governador do estado tivesse uma solução que fosse uma solução adequada, nós não precisaríamos estar aqui”.


Para Marcos Terena, a questão indígena conforme a CF é de competência do Governo Federal, diante da grande dívida de 510 anos de espoliação e subserviência dos povos indígenas. A compra de uma área para instalar uma comunidade indígena, rompe com os conceitos de tradicionalidade cultural, econômica e cultural de um povo, que soube ao longo do tempo, cuidar como ninguém, do nosso meio ambiente. O Mundo Moderno com alto índice de miséria, pobreza, medo e destruição ambiental que geram as mudanças climáticas, dentro das Metas do Milênio, não sobreviverá sem as benesses dos conhecimentos tradicionais indígenas e a terra, o habitat natural dos índios é a fonte de tudo isso.

Essa verborragia “vomitada” pelo Sr Governador, em nada contribui para a resolução dos conflitos na demarcação dos territórios indígenas, tão pouco, para a tão sonhada paz no campo, menos ainda, para a causa indígena. Nos comentários acerca matéria, os preconceitos discriminatórios afloraram, tais como: “Esses índios são todos preguiçosos”, “tem que pagar impostos como nós”, “ esses índios não produzem nada mesmo” e outras.

Fico muito triste esta situação, não sei os ensino, ou, se fico enojado ao ver tanta imbecilidade que a ignorância produz no ser humano, que deveria ser racional, principalmente o dito “civilizado”. Ser Índio não ser contra ninguém! Ser Indio é ter consciência de que Nós pertencemos à terra, mas, a terra não nos pertence.


Presidente da CADI/OABMS e Coordenador Regional do ODIN/MS

Wilson Matos da Silva

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