Inaugurada há pouco mais de duas semanas, a Vila Olímpica Indígena localizada na aldeia Jaguapiru em Dourados, continua de portões fechados. A comunidade aguardava ansiosa a construção da obra, anunciada em 2005. A construção começou ano passado e foi finalizada em abril deste ano. Os R$ 1,6 milhões de investimentos na Vila Olímpica estão passando desapercebidos pelos indígenas. Muitos deles veem o local como mais uma obra.
Até agora não está definido quem irá administrar o complexo, que dispõe de Ginásio poliesportivo coberto com equipamentos para a prática de esportes, arquibancada e banheiros. Há também parque Infantil, sala de aula, dois campos de futebol e prédio administrativo. No dia da inauguração, as chaves da Vila Olímpica teriam sido entregues pelo governador André Puccinelli e o deputado Geraldo Resende para lideranças indígenas e administradores da Fundação Nacional do Índio (Funai). Acontece que durante a construção do complexo não foi pensado quem iria administrar o local. O resultado é um jogo de empurra-empurra para ver quem irá cuidar da “batata quente”.
Como as terras indígenas pertencem à União caberia, dessa forma, à Funai ser a administradora do espaço. O problema é que o órgão se diz ‘pego de surpresa’. “Não tem nada definido até porque ainda está muito confuso esse assunto. Temos que sentar com as lideranças indígenas para ver que rumo será dado à Vila Olímpica”, disse a coordenadora da Funai, Maria Aparecida Mendes de Oliveira. Questionada se haveria projetos na área de esportes para os índios e se a Funai teria funcionários para administrar a Vila Olímpica, ela preferiu não detalhar. “Não posso falar sobre isso. Temos que discutir primeiramente a situação em que se encontra o local”, enfatizou a coordenadora da Funai.
Como não há data marcada para reunião com os indígenas, o complexo da Vila vai seguir fechado por um bom tempo. Ontem O PROGRESSO esteve no local e constatou que os portões estão fechados por cadeado. A reportagem encontrou a artesã Irene Gonçalves, mãe de três filhos, que passava pelo local, e perguntou a ela sobre o papel da Vila Olímpica para a aldeia. “É importante as crianças terem um lugar para se divertir. Como eu moro aqui perto os meus filhos teriam a oportunidade de brincar enquanto eu trabalho”, comentou.
O capitão indígena Renato de Souza vai mais além. “Foram investidos milhões em dinheiro e agora a gente teme que o local se torne num ponto de prostituição e drogas, problemas que afetam a Reserva”, disse ele. “Se o local não for bem administrado irá perder a sua importância dentro da aldeia”, pontuou.
Mesmo com a situação indefinida, a Fundação de Cultura e Esporte de Dourados (Funced) já preparou um projeto para trabalhar com os indígenas. “Como a Vila Olímpica pertence à União, nós da prefeitura não temos a legalidade de ir lá para desenvolver ações de esporte e cultura. Mas estamos abertos a diálogo com a Funai para ajudar no que for possível”, garante o presidente da Funced, Antônio Coca.
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