quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aldeia de Dourados, as mudanças que tráz consigo muitas consequências



Jaqueline Gonçalves – Índia Kaiowá

AJI – Ação de jovens indígenas de Dourados


Andando pela aldeia de Dourados, pode se notar as mudanças que vem ocorrendo na comunidade, nos utimos anos o numero de pessoas vem crescendo muito na aldeia, pelas tardes, de manhã ou em horário de almoço o transito dentro da aldeia é muito agitado, e as maiorias das pessoas usam motos , carros, bicicletas, outras caminham, outros usam ônibus.

A nossa aldeia hoje felizmente ou infelizmente não é mais a mesma. Com o avanço da tecnologia, com a cidade que fica muito próxima da aldeia, passou a ter uma vista diferente, está mais para uma aldeia urbana, uma aldeia sem regras onde crianças de oito, nove, dez anos, já estão pilotando motos, adolescentes vão a escola de moto, muitos sem capacete e em alta velocidade.

Final de semana, da a impressão que há uma disputa de quem tem o aparelho de som mais potente na aldeia, são tantos tocando ao mesmo tempo que o barulho se torna insuportável, e nem dá para entender que musica toca de tantas que tocam ao mesmo tempo.

Como diziam os nosso avós, hoje mudou tudo não é mais como vivíamos antes só na paz.

Dentro da aldeia nota se que a casa vem sendo muradas, outros fecham com tela em volta de suas casas, outros usam taquaras para fechar, outros preferem colocar grades, outros preferem murar com tijolo. E a cada dia vem mudando ainda mais.

Uma moradora da aldeia que tem a sua casa fechada em volta com tela disse “Eu preferi assim, pois me sinto segura, se não de noite as pessoas andam em meu terreiro, roubam minhas roupas do varal, levam tudo o que acham” Disse a indígena que reside na aldeia Jaguapiru.

Hoje nota se que as casas estão do lado das outras, não há espaço, e isso é um dos motivos que leva os indígenas a fechar em volta de seus lares. É raro ver uma casa de sape, a grande maioria tem sido de alvenaria. Em vários lugares da aldeia hoje se encontra bares, onde geralmente tem mesas de sinucas, e onde os indígenas se encontram para beber fim de semana, ou na semana. Os bares geralmente funciona na casa das pessoas da aldeia.

Já na Bororó essa mudança ainda está lenta, mas a comunidade já está começando também.

Caminhando pela aldeia nos fins de semana, nota se muita gente indo jogar futebol, outros indo aos bares locais e infelizmente encontramos pessoas inconscientes alcoolizados nas ruas da aldeia. As drogas também tem sido um dos fatores onde o consumo vem crescendo entre os adolescentes. Grandes partes desses adolescentes que consomem drogas e bebidas alcoólicas tem uma desestrutura familiar muito grande.

Tudo começa dentro da família, logo após vão para a rua, para os bares, abandonam s escola, vão as drogas e ai não há o que impede.


Outro fator é o índice muito alto de desemprego dentro da aldeia, não há oportunidades a se oferecer, se há um emprego ou é dentro da educação, ou na saúde ou na usina. E muito dos jovens vão para as usinas, pois lá é um local onde não exige escolaridade e sim a força física da pessoa.


Outo fator é que infelizmente ainda há um grande numero de crianças que não estão ativas nas escolas, e isso trás uma consequência onde o índice de analfabetos ainda tem uma força enorme na aldeia. O único que tem trabalhado na orientação de jovens e crianças e tem sido muito fundamental é as escolas, isso faz com que muitos deles não caiam nas tentações que rola dentro da aldeia de Dourados.

O que a nossa aldeia, principalmente os jovens precisam é de oportunidades, mais orientações, que os pais acompanhem seus filhos e não deixem as responsabilidades só para as escolas, não há como impedir essa mudanças radicais que vem acontecendo dentro d aldeia, pois já está muito avançado, o que nos resta e unir o que ainda nos restou e dali tentar salvar o que ainda nos resta, lutando pelos nosso direitos, pela paz, segurança, por uma vida digna, pelos nosso direitos e não deixar passar e fingir que não está acontecendo nada.

As mudanças são muitas, e todas mudanças tem suas consequências seja elas boas ou ruins, e com o grande números de pessoas que vem crescendo é ainda maior.

Um comentário:

Anônimo disse...

Jaqueline,

Fiz um link de sua postagem para meu blog, parabéns!
É super importante a tua visão para nós, obrigado e, admiração grande pela iniciativa jovem de vocês, esta de se fazerem ouvir e, o quanto é chocante ler sobre algumas coisas que nós indiretamente produzimos de negativo para a sua tão bonita cultura.

Indiretamente, estamos todos envolvidos e me coloco a disposição para auxilia-los dentro da medida do meu possível, certo!

Um carinhoso abraço,

Uno