
A inclusão dos aspectos histórico-culturais dessas minorias visa o resgate das contribuições sociais que estes dois grupos deram à história do país. Hoje, há desconhecimento e uma visão distorcida do que esses povos representaram no passado. Entretanto, é necessário mostrar também a sua cultura, a sua importância atual, defende Marcelo Manzati, coordenador de Fomento à Identidade e Diversidade Cultural, da Secretaria de Identidade e da Diversidade (SID), do Ministério da Cultura. “É um trabalho difícil e lento. A médio e longo prazo, a diversidade cultural será mais valorizada na sociedade brasileira e essas minorias serão mais respeitadas”, afirma.
A obrigatoriedade das temáticas no currículo escolar preocupa o meio acadêmico. Não existe formação cultural e o conhecimento dos professores é limitado em relação ao assunto. Na avaliação de Marcelo Afonso, professor de história do Centro Educacional Leonardo da Vinci, falta de material didático e a ausência de um respaldo específico sobre as questões indígenas dificultam o trabalho com os alunos dentro de sala. “Os livros estão desatualizados e o material para pesquisa não está consolidado”, observa.
A emissão de livros temáticos é insuficiente para a capacitação de educadores, conforme lembra Marcio Gomes, professor de antropologia da Universidade Federal Fluminense. “É fundamental que se crie grupos de trabalho com antropólogos e lideranças indígenas para a produção de material e roteiro qualificados, não apenas apostilas.”
Para os estudantes, o conhecimento sobre as culturas indígena e afro-brasileira contribui para o entendimento sobre a formação histórica do país. Eles destacam que o ensino escolar sobre esses dois povos é superficial e a maior parte das informações vem da televisão.
“Conheço algumas tradições e rituais simbólicos. Sei que eles sobrevivem, praticamente, da natureza”, diz Lourrane Xavier,15 anos, aluna do Centro de Ensino Médio Setor Oeste (CEMSO). A adolescente aprova o novo currículo. “O nosso conhecimento sobre a história será enriquecido e o preconceito diminuirá, teremos mais acesso a outras culturas”, acredita.
Interação com diferentes áreas
De acordo com a lei, os conteúdos serão ministrados em diferentes áreas do currículo escolar, especialmente nas disciplinas de literat

Paulo Lemos, professor de história do CEMSO, concorda com a mudança. “É positivo sair da visão eurocêntrica sobre a formação histórica brasileira. Essas duas etnias foram fundamentais para a construção social do nosso país”, opina.
Nascido aldeia Fulni-Ô, em Pernambuco, o indígena Clecildo Santos enfatiza que a implementação da temática na educação brasileira é apenas uma medida, dentre as várias necessárias, para o processo de inclusão das minorias no país. Ele critica o conhecimento que a sociedade tem sobre a cultura indígena. “Somos mais de 200 povos e 180 línguas. As pessoas têm uma visão deturpada e restrita sobre a nossa cultura”, diz, ao defender que outras políticas públicas de conscientização complementares são essenciais para que o país conheça esse aspecto importante na formação da nação brasileira.
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