Deputados federais que integram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara viajam nesta sexta-feira para Mato Grosso do Sul. Eles vão verificar as denúncias de violência contra os povos indígenas que vivem no Estado. Em Dourados, os deputados Domingos Dutra (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF) e Padre Ton (PT-RO) se reunirão, de manhã, com lideranças indígenas, no campus da Universidade Federal da Grande Dourados, próximo ao aeroporto local. À tarde, o grupo segue para a Procuradoria da República de Dourados, onde vai se encontrar com autoridades de órgãos como o Ministério Público Federal e a Polícia Federal (PF).
Amanhã, os parlamentares visitarão os acampamentos indígenas Kurusu Amba, em Coronel Sapucaia, e Tekoha Guaiviry, em Amambai. A comitiva também aproveitará para checar o andamento da demarcação das terras Guarani Kaiowá pela Fundação Nacional do Índio. No último dia 18, o Acampamento Guaiviry foi atacado por pistoleiros encapuzados que, de acordo com os índios Guarani Kaiowá que vivem no local, balearam o cacique Nísio Gomes e levaram seu corpo (que continua desaparecido) e três crianças.
Ontem, a PF prendeu três suspeitos de participar do ataque. Seus nomes não foram divulgados. Devido ao episódio, a comissão classificou a ida dos parlamentares ao estado como "emergencial". Apenas dez dias após o ataque a Guaiviry, índios do Acampamento Pyelito Kue, próximo ao município de Iguatemi, denunciaram que dois homens em uma moto invadiram o local atirando e prometeram voltar.
De acordo com a Funai, os Guarani Kaiowá são, atualmente, o mais numeroso povo indígena do País, com mais de 45 mil pessoas. A maioria delas vive em situação de miséria, ocupando 42 mil hectares (o equivalente a 420 milhões de m² ou 42 mil campos de futebol). Segundo o relatório sobre a violência contra os povos indígenas produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 250 indígenas foram mortos em Mato Grosso do Sul nos últimos oito anos.
Na quarta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota em que repudia o ataque ao acampamento Guaiviry e defende a demarcação das terras indígenas como forma de pôr fim à violência contra os índios e à impunidade. "A CNBB, solidária aos Kaiowá e Guarani, reafirma seu compromisso com a defesa de seus direitos constitucionais, especialmente o direito de ter demarcadas e homologadas suas terras ancestrais como assegura a Carta Magna do País", diz a nota.
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