As estudantes Vitória Vechi e Taina Dias, de 19 anos, e Gabriela Lima,
de 18 anos, vão criar um grupo para visitar orfanatos e passar conceitos
de sustentabilidade para as crianças. Elas tiveram a ideia depois de
assistirem hoje (11) a uma apresentação da documentarista
franco-americana, Céline Cousteau, na segunda edição do Green Nation
Fest 2014, no Museu da República, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro.
“Ela falou: 'Vocês são o futuro, têm grandes ideias e são criativos'.
Então pensei, se cada jovem pudesse ter um pouco de acesso a isso seria
ótimo. A gente conhece tanta gente inteligente que poderia aproveitar a
inteligência para passar para as pessoas que é importante cuidar da
natureza e do mundo. É um pouco de preocupação que dá”, disse Gabriela à
Agência Brasil.
Céline contou que começou a se envolver com questões ligadas ao meio
ambiente ao acompanhar os pais, Jean-Michel e Emille, o avô -
oceanógrafo Jacques Cousteau - e a avó Simone Melchior. “O nome Cousteau
é de grande responsabilidade”, disse. Ela conversou sobre o trabalho
que fez na cidade de Iquitos, no Peru, e mostrou as fotos das casas tipo
palafita e a pobreza do local. “É a Manaus do Peru. A maioria das casas
é de palafitas. Eles não têm nada em termos de gerenciamento de lixo e
não têm água potável. Eles têm o lixo e não sabem o que fazer com ele.
Jogam fora, no Rio”, completou.
Na Antártica, teve que enfrentar a temperatura gelada da água e pôde
testemunhar áreas de caça às baleias para levar óleo a outros
continentes. “A gente mergulhou no lugar, que era praticamente um
cemitério de baleias, mas agora a região se tornou uma estação de
pesquisa científica. É bom ver que foi transformado em uma coisa
positiva”, informou. Também falou sobre a experiência no Arquipélago de
Juan Fernandez, na costa do Chile, onde constatou a quantidade de lixo
que polui o oceano.
Céline mostrou ainda parte do documentário que está produzindo no Vale
do Javari, no Amazonas, que ainda não tem data para ser concluído. O
projeto Tribos no Limite retrata a alarmante situação de saúde das
tribos indígenas, que comntraíram doenças como hepatite. “Descobri que
os indígenas no Vale do Javari têm alto índice de hepatite C, A, B e D.
Casos de malária, tuberculose e aparentemente dois ou três casos de
aids. Nenhuma dessas doenças tem origem no local. Se eles estão pegando
essas doenças é porque alguém está levando, ou o próprio rio”, revelou.
A ambientalista recomendou que as escolhas pela sustentabilidade sejam
feitas conscientemente, sem causar prejuízos à natureza. Ela acrescentou
que a melhor forma é procurar se informar sobre o que acontece no
mundo, e um ponto importante é saber como são produzidos os alimentos.
“Hoje temos aplicativos até para saber de onde vem o pescado”, citou.
Os relatos da ambientalista impressionaram as estudantes do curso
técnico em edificações e ensino médio do Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca. Para Vitória, o ponto alto da
palestra foi a defesa de escolas voltadas para a sustentabilidade, e
Taina destacou a preocupação de uma estrangeira a situação de indígenas
no Amazonas, enquanto boa parte dos brasileiros não tem interesse em
discutir o assunto.
As três estudantes ainda não sabem por onde vão começar, mas motivo não
falta, segundo Taina. No seu entender, “é desde cedo que a gente
aprende. Se no jardim da infância [primeiro estágio escolar] já tivesse
alguém falando que tem que cuidar da natureza, porque daqui um tempo
serão os filhos de vocês que estarão aqui, seria diferente. Acho que a
gente tem que parar de olhar para gente e pensar no futuro, e não no
imediatismo. Daqui a um tempo, qual vai ser a consequência de a gente
estar gastando tanta água, tanta energia?", indagou.
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