segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jovens de Dourados estão em 2º no ranking de suicídios

Dourados é o segundo município do país com o maior número de jovens, entre 15 e 24 anos, que morreram cometendo suicídio, sendo a maioria dos casos entre indígenas. A cidade só fica atrás de Tabatinga, no Amazonas, de acordo com os dados apontados pelo Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Ministério da Justiça.
Outras duas cidades sul-mato-grossenses estão no topo da lista deste tipo de morte no país, quando considerada a população total dos municípios, são elas Paranhos, seguida de Amambai. “No Brasil, não existe uma tradição ou cultura suicida como em outros países. Mas podemos observar a existência de municípios com índices exageradamente elevados não só para o contexto nacional, mas também no plano internacional. Nos primeiros lugares temos alguns municípios com taxas acima dos 30 suicídios em 100 mil casos, que é a marca dos países como Lituânia e Rússia, que encabeçam a listagem no nível internacional”, indica o relatório do Mapa.
Os altos índices de suicídio no Mato Grosso o Sul e no Amazonas, levaram os pesquisadores a criar uma nova tabela para análise, observando a presença de terras indígenas nas localidades. Mais uma vez, as maiores taxas são nas cidades sul-mato-grossenses.
Em Amambai, 60% dos suicídios foram cometidos por indígenas, já entre os jovens amambaienses, todos os que tiraram a própria vida eram índios. Em Dourados, 66,7% dos jovens que se suicidaram eram indígenas, o que representa 61,5% se comparado ao número total de pessoas que tiveram este tipo de morte na cidade.
Os dados usam como período de referência os anos de 2006 a 2008. “Esse ano teve poucas ocorrências de suicídio. Dos que vem acontecendo é por conta de que não tem ações e projetos que ocupem os jovens, e eles vem como única opção usarem drogas, e bebidas alcoólicas. Existem muitos jovens não usam e passam a usar, por conta do preconceito que sofrem dentro e fora de casa. Isso também acontece por causa da falta de estrutura familiar, mãe que abandona o filho, mãe e pai que também são alcoólatras, tudo contribui”, acredita Jaqueline Gonçalves, indígena Kaiowá de 20 anos e integrante da AJI (Ação Jovens Indígenas).
Para a entidade, a única saída para diminuir estes casos é através da educação. “A gente da AJI sempre apostou que tenha uma escola integral na aldeia, aí o jovem vai estar aprendendo cada vez mais, o dia todo, e não vai ter tempo de ficar correndo atrás de drogas e bebida alcoólica. Com a educação, ele vai ser valorizado, e ele precisa se sentir importante”, acrescenta Jaqueline.

HOMICÍDIOS
No ranking das 100 cidades com maior número de casos de homicídio envolvendo jovens no Brasil, Dourados é a única sul-mato-grossense que aparece, ocupando a 89ª posição. A segunda com mais casos de homicídios em MS é Campo Grade, a 175ª do país. As cidades que encabeçam a lista são Maceió, em Alagoas, seguido de Serra, no Espírito Santo.
Já entre os casos considerando o número total da população, a mais violenta do MS é Coronel Sapucaia, na 12ª posição nacional, seguida de Amambai, que é a 19ª do Brasil. Nesta contagem geral, Dourados aparece em 10º no número de pessoas que morrem vítimas de homicídio em Mato Grosso do Sul.

Fabiane Dorta

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