terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aldeia de Dourados

Jaqueline Gonçalves
Com as chuvas na aldeia de Dourados percebe se que o mato cresceu muito. Uma preocupação da comunidade em combater esse mato.
Com a chegada de Fevereiro o mês mais curto do ano, no dia sete de Fevereiro está previsto a voltas as aulas. Na saúde, nossos grandes funcionário da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) que não tiveram férias estão de parabéns, mesmo com as dificuldades, e outros estão atendendo a população indígena.
Aos fins de semana acontece os campeonatos de futebol masculino e feminino na aldeia, o campeonato feminino que trás uma novidade com a seleção de Lagoa Rica e Caarapó competindo com os times da reserva indígena de Dourados.
Com a reportagem do fantástico indo ao ar do fim de semana, não se fala em outro assunto na mídia local, estadual e nacional.
Tudo isso dá Ibope, mas também acontece coisas boas na aldeia de Dourados. Chamada pelo repartes de aldeia sem lei, isso já um fato tão antigo, a população branca é tão interessada na aldeia que só agora fica sabendo do cao que vive a aldeia de Dourados.
É o preconceito.
Nem se quer visitam nossa aldeia, mas por outro lado não podemos esconder a realidade de nossa aldeia, mas de fato também temos coisas boas. Ainda lutamos por uma melhora. Basta ter uma vontade do governo, da FUNAI para que isso aconteça, não adianta a gente lutar, levantar projetos se chegamos lá em cima e a bancada do governo, deputados, não estão nem ai para os indígenas. A culpa não é nossa, são consequências do abandono do governo, FUNAI e outros. Mas é a nossa imagem que aparece na mídia, uma imagem distorcida, que virou imagem nacional.
Até quando?
Se o governo não oferece empregos, cursos profissionalizantes, do que vamos viver, das cestas básicas que ele fornece, para se ter uma boa qualidade de vida precisamos de uma moradia de boa qualidade, emprego, educação e saúde e não de terra como disse o presidente da FUNAI Márcio Meira, isso é um dos fatos, que se o governo Lula, tivesse interesse ele demarcava as nossas terras mas em oito anos em Mato Grosso do Sul, nenhuma terra foi demarcada, um ponto a mais para a bancada ruralista.
Na nossa aldeia há sim coisas boas só não vai na mídia, por que eles preferem nos detonar, mais do que já somos detonados. Nossa imagem está lá em baixo.
Que o governo tome providência, ou vai ser só mais uma reportagem que vai ao ar, todos falam, comentam, concordam, discordam, e depois esquece e a gente continua na mesma situação.
É lamentável.

2 comentários:

Anônimo disse...

Jaqueline,

Pequenina! Não lamente, estamos todos lutando por vocês, nunca esquecemos do carinho que temos como irmãos!
Não desista, continue lutando, sempre vai haver esperança!

Abraço grande, Uno
ps.: por favor, mudem essa letra (difícil ler algumas palavras) a maneira mais fácil é esta:
-PAINEL
-DESIGN
-DESIGNER DO MODELO
-AVANÇADO
e procure...
- FONTE DE TEXTO
escolha uma, menos IMPACT
Espero ter ajudado.

Anônimo disse...

Espero com esperança que essa carta feita por seu povo, comova e convença e nova mandatária da nação!
Fiquei contente em ler e ver tanta simplicidade e tanta verdade!
Grande abraço, Jaqueline e AJI

Carta do Povo Kaiowá e Guarani à Presidenta Dilma Rousseff

“Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvido há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar”.
O texto integra a carta do Povo Kaiowá e Guarani...

Eis a carta.

Que bom que a senhora assumiu a presidência do Brasil. É a primeira mãe que assume essa responsabilidade e poder. Mas nós Guarani Kaiowá queremos lembrar que para nós a primeira mãe é a mãe terra, da qual fazemos parte e que nos sustentou há milhares de anos. Presidenta Dilma, roubaram nossa mãe. A maltrataram, sangraram suas veias, rasgaram sua pele, quebraram seus ossos... rios, peixes, arvores, animais e aves... Tudo foi sacrificado em nome do que chamam de progresso. Para nós isso é destruição, é matança, é crueldade. Sem nossa mãe terra sagrada, nós também estamos morrendo aos poucos. Por isso estamos fazendo esse apelo no começo de seu governo. Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossos terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais.

No final do ano passado nossa organização Aty Guasu recebeu um premio. Um premio de reconhecimento de nossa luta. Agora, estamos repassando esse premio para as comunidades do nosso povo. Esperamos que não seja um premio de consolação, com o sabor amargo de uma cesta básica, sem a qual hoje não conseguimos sobreviver. O Premio de Direitos Humanos para nós significa uma força para continuarmos nossa luta, especialmente na reconquista de nossas terras. Vamos carregar a estatueta para todas as comunidades, para os acampamentos, para os confinamentos, para os refúgios, para as retomadas... Vamos fazer dela o símbolo de nossa luta e de nossos direitos.

Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvido há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar. Por último o ex-presidente Lula, prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani Kaiowá e passou a solução para suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro. Precisamos nossas terras para começar a resolver a situação que é tão grave que a procuradora Deborah Duprat, considerou que Dourados talvez seja a situação mais grave de uma comunidade indígena no mundo.

Sem as nossas terras sagradas estamos condenados. Sem nossos tekohá, a violência vai aumentar, vamos ficar ainda mais dependentes e fracos. Será que a senhora como mãe e presidente quer que nosso povo vai morrendo à míngua?. Acreditamos que não. Por isso, lhe dirigimos esse apelo exigindo nosso direito.

Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani

Dourados, 31 janeiro de 2011.