Os índios são mãos-de-obra que predomina nas usinas, por isso que nós nos instalamos aqui, além da localização Geográfica, palavras do Drº Celismar Francisco da silva, gerente de produção da usina Nova América; A usina Nova América possui modernas caldeiras informatizadas e avançados equipamentos para produção de Álcool e Açúcar e a partir de Abril de 2011, produzirá 130 milhões de litros de Álcool por ano, a usina está a todo vapor, caracterizada por uma autuação voltada para agro energia ao longo de meio século de existência, os valores da usina transparecem na garantia de qualidade de seus produtos, Álcool e Açúcar, bons produtos, onde a companhia alcançou uma posição destacada no setor de agro energia e tornou-se líder do mundo nacional de açúcar.
O grupo Nova América além de contar com duas usinas na cidade de Tarumã-SP, para produção de Açúcar industrial, Álcool e Suco de laranja com produção IN NATURA, possui ainda um terminal exportador e importador para embarque de seus produtos em Santos-SP, o grupo segue em franca expansão com projetos de Novas usinas no Estado do Mato Grosso do Sul, e tem uma meta de faturar 500.000.00 (Quinhentos Milhões de Reais) no ano de
2010; Celismar, fala com orgulho do Projeto Rota da Arte, cultura itinerante, que conta com um espaço alternativo, um caminhão carreta-palco, com toda infra-estrutura necessária para apresentações de Banda Musical, Coral, Teatro de Dança fundação Nova América: O projeto que conta com o apoio do ministério da cultura, tem o objetivo despertar na comunidade o interesse pela Arte, Musica e cultura, levando a um espaço apresentações que hoje são restritas a espaços físicos fechados.
“Na foto do projeto de teatro da Usina Nova América não se consegue ver crianças índias, “será que indígenas não tem crianças”?
Em Mato Grosso do Sul, antes das usinas de cana de açúcar, os índios ajudou a desmatar áreas para a chegada da soja, nos anos 1970, antes ainda, eles trabalharam para a poderosa companhia MATTE LARAN
JEIRA, na colheita da erva matte, uma poderosa potência na economia de nosso Estado; A mão de obra barata dos indígenas é documentada desde 1930, onde sempre houve a exploração, com confinamentos, um fato que contribuiu para a desagregação sempre com novas frentes de trabalho nas usinas.
A aldeia Te’yi nhe’ê, há 12 KM do Município de Caarapó-MS, fundada em 1924, pelo antigo SPI, (serviço de proteção ao índio), substituído pela FUNAI, foi quem fez as demarcações das terras, com a luta de um grupo de indígenas que já viviam nas terras sempre ameaçados por grileiros e fazendeiros, e alguns que trabalhavam nas fazendas, muitas vezes sem remuneração fixa, trabalhavam somente pela alimentação, com a demarcação, a aldeia conta com 3.593 (três mil e quinhentos noventa e três) hectares, e uma população de indígenas de 5.702 (Cinco mil setecentos e dois) entre adultos e crianças. Conta também com escola, Posto de Saúde, e um CRAS (centro de referencia de assistência Social).
A Jornada de trabalho na usina Nova América em Caarapó/MS, começa às 04h00 da manha, quando os ônibus dos trabalhadores Rurais, fretados pelas usinas estacionam na área central da aldeia Te’yi nhe’ê, nestes dias eles estão trabalhando no plantio da cana de açúcar, numa rotina que constitui a principal fonte de renda dos pais de família indígenas, sempre são contratados pela usina os mais novos, quem tem acima de 40 anos não consegue o trabalho, mesmo sendo para o plantio que é considerado mais leve, mas é cansativo, degradante, sofrido principalmente nos períodos chuvosos, que tem deixado muitos indígenas doentes; Quando ficam doentes, cansados e mais velhos, a usina simplesmente dispensa, paga seus direito trabalhistas e manda para o seguro desemprego, ai sem nenhum compromisso com os índios e a sua coletividade. No almoço é servido marmitas, com pouca comida e não sacia a fome dos trabalhadores, sendo sempre tarefas que consome muitas energias biológicas; A água, é oferecidos aos trabalhadores uma garrafa térmica, cada trabalhador leva a sua água muitas vezes a água é sem qualidade e sem tratamento, são coletadas nas aldeias, no final da tarde depois de um dia exaustivo de trabalho os indígenas são novamente
Pelo levantamento feito junto com a liderança da aldeia existem 392 (trezentos e noventa e dois) trabalhadores no plantio da cana de açúcar registrados na usina:
* idade de 18 anos a 30 anos................................................................246 – Total
* idade de 30 anos a 40 anos................................................................110 - Total
* idade de 40 anos a 50 anos.................................................................36 - Total
Foram entrevistados 16 (dezesseis) indígenas trabalhadores da usina, na sua totalidade disseram que não são felizes em seus trabalhos, mas tem que trabalhar para sustentar a família; Mario Gonçalves, 30 anos de idade, casado, Pai de 04 filhos todos menores de idade, trabalha no plantio da cana, a 07 (sete) meses, ganha 600,00 (seiscentos) a 700,00(setecentos) por mês, disse que não quer ver seus filhos trabalhando nas usinas nos canaviais, que eles tem que estudar para não seguir os passos do Pai, que se for para trabalhar na cana só se for cabeçante (encarregados dos índios no plantio) que são os que ganham mais, chega a ganhar 1.000.00 (Hum mil) reais por mês. Rogério de Souza, 25 anos de idade, casado, trabalha no plantio de cana, disse que agora é melhor pelo menos nos finais de semana pode ensinar seu filho de 05 anos de idade a andar de bicicleta, que no passado ficava até 90 (noventa) dias fora de
casa nas usinas em outros estados, em alojamentos com condições ruins, com pouco espaço, e a comida era pouca, que o serviço na usina Nova América é ruim e pesado, mas ele gosta de acompanhar os filhos nas brincadeiras e ensinar ele pescar na lagoa e quer que seu filho seja um professor. Mario Galhardo, 55 anos de idade, casado, os filhos já foram embora para a cidade de Dourados-MS, disse que gostaria de trabalhar para melhorar sua casa, mas a usina não tem serviço para os mais velhos, com isso ganha seu sustento trabalhando em uma fazenda próxima da aldeia, ganha 20.00 (vinte reais) por dia.Que a usina Nova América é uma potência, que ela esta em plena expansão, que tem excelentes projetos Sociais, também sabemos, o que as populações indígenas quer saber, por que até agora os projetos Sociais ainda não chegaram na comunidade indígenas, na foto ilustrada acima quando falamos de cultura, não aparece crianças indígenas; puro preconceito, sendo os indígenas a maior quantidade de trabalhadores da usina, representando 70% dos funcionários.
Segundo a liderança da aldeia, Zenildo Zanardi, a figura do (Capitão da Aldeia), que na implantação da usina, veio até a Aldeia representante da Usina, prometeu projetos Sociais e culturais para a aldeia envolvendo a comunidade com Banda Musical, Coral, Teatro, Dança e construção de centros de ensino para cursos da usina, fez a contratação dos trabalhadores Rurais e nunca mais apareceram na aldeia, o capitão Zenildo disse “Mais uma vez índio fica fora da melhor parte da historia”. Karl Marx propôs que o homem fora um dia feliz, num tempo de igualdade, mas o surgimento da desigualdade o fizera perder essa condição, Desde então toda a historia da humanidade seria uma luta contra a desigualdade, cuja raiz mais profunda estava na divisão social entre os que trabalham e aqueles que usufruem do trabalho alheio.
Referência Bibliográfica
GOMES, Mércio Pereira, Antropologia: Ciências do homem: Filosofia da Cultura - São Paulo: Contexto, 2008.
OBS- O autor da etnografia é acadêmico do Curso de ciencias sociais , Sargento da Policia Militar, e trabalha no projeto pro – jovem, com adolescentes indígenas na aldeia Te’yinhe’ê em caarapo-MS.
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