segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quem vai pagar a conta?












A ampliação da rodovia 156 entre Dourados e Itaporã, que passa pelas aldeias Jaguapiru e Bororó, causa preocupação aos moradores instalados na margem da rodovia. Os indígenas estão sendo desrespeitados pela atual situação em que estão vivendo em suas áreas. Um morador relatou que está correndo risco de perder um pedaço de seu terreno, onde mora há mais de 10 anos. Um dos questionamentos dos moradores é: quem vai pagar por todo essa perda?

Há muitas pessoas que moram bem perto do acostamento da BR. Muitas dessa famílias não têm condições financeiras para comprar materiais de construção e muito menos para comprar terreno. "Moro aqui há muito tempo. Demorei mais de cinco anos para fazer a minha casa, agora estou correndo o risco de perder parte do meu terreno. Além disso, tenho medo da minha casa desabar, pois passa muito caminhão pesado aqui nessa rodovia. Com a duplicação o risco é maior ainda porque vai aumentar muito o trânsito de caminhões com carga pesada", afirma um índio que mora na margem da rodovia.

São aproximadamente 15 famílias que residem perto do acostamento da rodovia por muitos anos, alguns estão ali desde que a Reserva foi demarcada pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), em 1917. Possivelmente terão que deixar o local , onde constituíram sua família, onde construíram uma história de vida.

O fato de não considerar os direitos dos indígenas é muito evidente neste caso. Segundo os moradores, nenhum representante do Governo foi capaz de ir até aos moradores explicar a situação, ou que direitos eles têm. As marcações já estão sendo feitas e as máquinas em breve estão chegando no local.

"Para nós indígenas, essa situação é desagradante e desrespeitosa para os moradores que estão naquele lugar. Estão visando apenas uma melhoria do tráfico entre as cidades", desabafa outro morador.

A AJI vai procurar representantes do Governo para que exponham seu lado e vai exigir uma explicação aos moradores da Reserva Indígena de Dourados. Afinal, somos cidadãos como qualquer outro.

Nilso Morales -

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