O Comitê de Peritos responsável por examinar a aplicação das
convenções e recomendações da Organizacão Internacional do Trabalho
pelos Estados-Membros publicou informe sobre o Brasil destacando os problemas e dúvidas encontrados no cumprimento das normas que tratam da questão indígena.
O país entregou seu último relatório para avaliação em setembro do
ano passado. Com base nele, os peritos solicitaram que o Brasil passe a
incluir o relato de interlocutores sociais e das organizações indígenas
nos próximos relatórios seguintes. Além disso, querem um maior
detalhamento do processo de regulamentação da consulta prévia para
garantir o direito de povos indígenas e tribais de definirem suas
prioridades de desenvolvimento para as terras que ocupam.
A Constituição Federal, no seu artigo 231, afirma que a exploração de
recursos hídricos e a construção de usinas hidrelétricas só podem ser
feitas com a autorização do Congresso Nacional, desde que ouvidas as
comunidades atingidas. Ao mesmo tempo, a Convenção 169 (que o Brasil
ratificou em 2002, mas ainda não regulamentou) estabelece que as
populações tradicionais devem ser consultadas em situação assim.
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Conforme destacado pelo site do escritório das Nações Unidas no Brasil,
e reproduzido abaixo, os especialistas comentam dez temas relacionados à
Convenção 169. Entre eles, grandes empreendimentos como a Hidrelétrica
de Belo Monte, a transposição do Rio São Francisco, a base aérea em
Alcântara no Maranhão, assim como questões polêmicas como a demarcação
de terras dos povos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul:
Belo Monte – “A Comissão convida o governo a indicar
a maneira prevista para garantir a proteção efetiva dos direitos das
comunidades indígenas nas terras que ocupam tradicionalmente e que serão
afetadas pela construção da usina hidrelétrica”, diz um trecho
referente ao projeto de Belo Monte. Os peritos pedem que o governo
explique quais medidas foram usadas para conseguir o consentimento livre
e informado dos povos indígenas sobre possíveis remoções e
indenizações.
Transposição do Rio São Francisco - Os especialistas
cobram informações sobre os processos judiciais que questionam a obra,
inclusive o que tem análise pendente sobre a constitucionalidade do
projeto. Já sobre os Guarani-Kaiowá, são solicitadas informações sobre o
plano de segurança pública implantado pelo governo para proteger as
comunidades.
Centro de Lançamento de Alcântara – Os especialistas
também questionam sobre a remoção consentida e informada de povos
quilombolas na base de lançamento da empresa Alcântara Cyclone Space, no
Maranhão. O Ministério Público Federal denunciou em 2003 que a
realocação da população afetada havia ignorado direitos internacionais.
Em 2011 o governo informou que o processo de demarcação não havia sido
concluído, e que o processo judicial segue em curso.
O Comitê de Peritos da OIT
é um órgão independente composto por 20 juristas, entre eles o
brasileiro Lelio Bentes Corrêa, ministro do Tribunal Superior do
Trabalho.
Fonte
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