Na semana passada, entidades de defesa dos interesses dos índios no Brasil e no exterior manifestaram preocupação com os conflitos pela posse da terra no Estado. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chegou a emitir nota pública sobre o tema, na qual definiu como "dramática" a situação dos índios e cobrou medidas de urgência das autoridades federais.
"A CNBB dirige um veemente apelo ao governo para que faça cumprir os dispositivos da Constituição Federal de demarcar as áreas tradicionalmente ocupadas pelos guaranis-caiuás", dizia a nota. " Tal medida é o caminho para reverter o deplorável quadro de violência naquela região e, assim, garantir a vida deste povo que honra o País com sua cultura e seus costumes."
A nota da CNBB foi provocada por denúncias do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre a situação de dois grupos indígenas que estariam sendo vítimas de violência numa propriedade entre os municípios de Paranhos e Douradina. No exterior, a Survival International, ONG voltada para a defesa de comunidades indígenas, também lançou um apelo pedindo apoio à causa dos índios.
Segundo o Cimi, após ocuparem uma área da fazenda, os indígenas foram sitiados pelos funcionários, ficando impedidos de sair ou de entrar e também de receber qualquer ajuda. A nota da CNBB definiu o episódio como "brutal intimidação aos habitantes dessas comunidades que se veem não só cerceadas no seu direito de ir e vir como também privadas de bens essenciais à vida como água, comida, educação e saúde".
Funai. A Funai também emitiu uma nota, negando que os grupos, com cerca de 100 guaranis, estivessem sitiados. "É preciso esclarecer que os índios não estão como prisioneiros", disse a Funai. "Eles ingressaram na fazenda pela mata percorrendo uma área de 2 quilômetros. O local faz parte de uma propriedade privada. O dono da fazenda proibiu a entrada da Funai e a saída dos índios pela entrada central da fazenda permitindo que o único acesso fosse pela mata, mesmo local por onde os indígenas ingressaram."
Logo após a ocupação o fazendeiro ingressou na Justiça com uma ação de reintegração de posse, que deve ser julgada no dia 20 de outubro. A orientação que a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul tem dado aos produtores é para quem recorram à Justiça, evitando atitudes de confronto direto.
"A situação é delicada porque os proprietários, apesar de terem os títulos da propriedade regularizados e ratificados pelo Incra, são frequentemente intimidados por invasões indígenas, que contam com o apoio logístico do Cimi", disse ao Estado o assessor jurídico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Carlos Daniel Codibelli Francisco.
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