sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Governo e líderes indígenas discutem acordo para museu

O governo do estado e as lideranças do movimento Aldeia Maracanã encontram dificuldades para definir o futuro do complexo que inclui a antiga sede do Museu do Índio, ocupada desde a tarde de segunda-feira por representantes de 21 tribos. Nesta terça, a secretária estadual de cultura, Ana Rattes, esteve no local e tentou, sem sucesso, estabelecer um acordo com as lideranças do grupo.
A proposta do governo é transformar o espaço em um Centro de Referência da Cultura Indígena, administrado por lideranças ligadas ao movimento. A secretária destacou que o governo pretende criar um Conselho estadual de Direitos Indígenas, mas que as duas iniciativas dependem de um acordo entre todas as partes envolvidas.
— Começamos a conversar, este é apenas o nosso segundo encontro e sabemos que o caminho é longo. Há muitas divergências dentro das diversas etnias que participam do movimento, precisamos ter paciência. A área do museu é um território que hoje pertence ao estado e queremos passá-lo aos povos indígenas, mas precisamos chegar a um consenso para isto — afirma.
Uma das principais preocupações das aproximadamente 100 pessoas que participaram do evento era uma invasão da Polícia Militar, que tinha três viaturas nas imediações do museu. A secretária garantiu que não há qualquer plano de invasão ao espaço nos próximos dias, e que o governo insistirá no diálogo, mas pediu que os manifestantes não passem a noite no local.
— Não vai acontecer invasão, esse é um compromisso do governo do estado. Por outro lado, nós não queremos transformar o museu em um espaço de moradia e, por isto, gostaríamos de pedir que ninguém durma aqui. Se for necessário passar a noite para fazer rituais, tudo bem, mas não pode ser sempre. Até porque, futuramente, teremos que fechar o espaço paa as obras, que serão discutidas para atender as necessidades da comunidade indígena — conclui.
Sem um acordo, os ocupantes devem permanecer no espaço pelo menos até a manhã de sábado, quando será realizada uma nova reunião para definir quais índios serão escolhidos como representantes do movimento para administrar a área do museu em conjunto com o governo do estado para que, posteriormente, as duas partes possam discutir quais intervenções serão recebidas pelo espaço.
Enquanto o Centro de Referência não ficar pronto, uma estrutura provisória deverá ser montada no local, para que não haja prejuízo das atividades de preservação e defesa da cultura indígena.

Stéfano Salles

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