Depois de grandes períodos de redução ou ameaça de extinção, a população indígena no Brasil tem crescido nas últimas décadas a uma média de 3,5% ao ano. As razões são desconhecidas. Uma das possibilidades, segundo os antropólogos, pode ser a melhoria nas condições de vida com o aumento no número de vacinações e maior segurança territorial. Como a Amazônia concentra a maioria das terras indígenas do país, e abriga 173 povos que totalizam cerca de 250 mil pessoas, essa é a boa notícia do relatório do Imazon. A má notícia é que persiste uma grande crise na saúde indígena.
A mortalidade infantil é um indicador crítico entre essas populações, indica o capítulo elaborado pelo antropólogo Leandro Mahalem de Lima, do programa de monitoramento de áreas protegidas do Instituto Socioambiental (ISA), a ONG mais conhecida do país no trabalho com os povos indígenas. “Os dados de mortalidade infantil mostram índices que praticamente são o dobro da média nacional”, diz ele. Enquanto o Brasil registra uma queda expressiva na mortalidade de crianças de menos de um ano, entre os índios a taxa continua alta. Entre 2005 e 2007, morriam 50 a cada mil nascidos vivos ao ano. Crianças indígenas de até cinco anos têm risco de morrer até quatro vezes maior que os outros brasileiros. Desnutrição, pneumonia e desidratação estão entre as principais causas de doenças.
“O acesso dos povos indígenas aos serviços básicos de saúde é precário na Amazônia, devido às distâncias geográficas e ao descaso no atendimento”, escreve Mahalem. Malária, tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis têm alta incidência.
Quanto à educação escolar indígena diferenciada, garantida pela Constituição, tem havido avanços. Entre 1999 e 2007, ocorreu uma expansão na rede de escolas indígenas e crescimento de quase 50% na matrícula de estudantes. O número de escolas indígenas com material próprio também cresceu, o que é um dado importante para avaliar se as escolas têm dado valor às línguas e conhecimentos tradicionais. Mas só 5% das escolas tinham computador e menos de 1% estava conectada à internet.
“Outro dado que salta aos olhos é o mosaico de novas obras de infraestrutura para a região e que incide diretamente sobre áreas ocupadas por populações indígenas”, registra o antropólogo. “Sem planejamento específico e participação da sociedade civil, os danos para a região e para esses povos podem ser dramáticos.”Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário