quarta-feira, 7 de maio de 2008

Viver na cidade grande não é abrir mão de ser indígena

Nós indígenas não temos culpa do que somos hoje, dos protestos que temos que fazer, das invasões, não sabemos se vamos morre ou viver mas vamos para a guerra, lutar para ter as nossas terras de volta, isso tudo é culpa do governo, são conseqüências das políticas públicas que falharam, da criação de reservas pequenas e com uma visão de integração, da falta de demarcações de terras. Ao mesmo tempo em que o governo não demarca terras, está faltando cada vez mais terras para o povo indígenas, e as aldeias estao virando aldeias urbanas.
Não importa onde vivemos e apesar de tudo continuamos indígenas de qualquer maneira, falando ou não a língua, tendo ou não religião, porque os laços de parentesco é que de fato conferem a nós vínculos de pertencimento. Temos as nossas histórias em mente mas muitas vezes somos frutos da antropologia. E os direitos indígenas são justamente direitos que o Estado gostaria que não existissem
É necessário compreender primeiro que esta demanda [por políticas públicas] é originária de um erro grande de estratégia de atenção aos povos indígenas.

Queremos terras indígenas onde possamos viver nossas culturas, tendo saúde, educação, proteção territorial. A cidade é triste: tem morte, bebedeira, prostituição
Apesar dos riscos que hoje corremos de a cidade engolir a aldeia, não sabemos o que será quando isso acontecer, como será isso, pois muitas coisas aconteceram desde que os indígenas passam a ter depois do contato com não índios. Mas tudo exige dinheiro, para entrar no mundo dos não índios e trabalhar para ter dinheiro, há que estudar. Mas estudar também custa. Requer roupas e livros, requer sair da aldeia. Mas de qualquer forma temos que sair da aldeia e vir para a cidade pois temos entrar para as universidades.
Essa mudanças todas não nos tira os direitos de ser indígenas, afinal hoje a cidade de Dourados está a 4 kilometros da aldeia, e muita coisa vem por ai!!!

jaqueline- jaquepeca@yahoo.com.br

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