O assassinato
Osvaldo Pereira, Kaiowá Guarani do acampamento Kurusu Ambá, conforme relato da sua mãe Leila Pereira, pelas 21h do dia 29, dois homens não indígenas chegaram convidando Osvaldo para sair com eles, num ato não costumeiro o jovem saiu, a mãe não conseguiu identificar quem estava chamando o filho. Depois disso, já no início do dia seguinte soube notícia de que estava morto.
Osvaldo tinha 24 anos, era casado e tinha um filho recém nascido, que por sinal estava no hospital, juntamente com a mãe.Recentemente ele havia sido escolhido como secretário da organização da comunidade.
O corpo apresenta marcas de tiro logo abaixo da costela e na cabeça, bem como sinais de ferimento possivelmente por faca. Para os membros da comunidade não restam dúvidas de que se trata de assassinato. As marcas recentes de pneu de trator próximo a cerca do lado interno da fazenda que beira o local do crime, também denuncia a possível manobra de arrasar o corpo até a beira da estrada para simular acidente. Outras evidencias que demonstram que não foi um “simples” acidente, são a falta de freadas, ou mesmo vidros quebrados na rodovia.
Kurusu Ambá e o genocídio
Esta comunidade Kaiowá Guarani, com um pouco mais de uma centena de pessoas, desde que retornou a seu tekoha, da qual foi violentamente retirara, está sob um processo de verdadeiro genocídio. Já são três as lideranças assassinadas, seis feridos, quatro presos. Estão à beira da estrada sob constantes ameaças, com tiros sendo disparados na direção do acampamento frequentemente. Conforme inúmeras denuncias da comunidade para delegações nacionais e internacionais de direitos humanos, suas lideranças continuam ameaçadas de morte. Crianças morrendo de fome. Dependem totalmente da cesta básica, que é insuficiente para alimentar minimamente os membros da comunidade. Choram quando lembram tanto sofrimento e não chega nenhuma solução para que possam voltar à sua terra, plantar e viver em paz. Kurusu Ambá faz parte dos 36 tekoha que os GTs da Funai estão identificando. A terra fica no município proporcionalmente mais violento do país, conforme estatística recentemente publicada. Até quando essa comunidade continuará submetida a esse processo genocida?
O sangue desta liderança derramado a beira da estrada, assim como os das outras, semeiam na comunidade resistência e esperança, no caminho da reconquista do seu tekoha.
Comunidade de Kurusu Ambá – Cimi Ms
Um comentário:
Temos que denunciar para todo o mundo ...
Um abraço fraterno.
Sill
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