Cerca de mil índios de várias etnias estão acampados na Esplanada dos
Ministérios, próximo ao Congresso Nacional. Às 16h desta terça-feira,
01, eles realizam uma passeata em protesto "pela demarcação de terras e
defesa dos direitos constitucionais, ameaçados pelo bloco parlamentar
ruralista", segundo manifesto da Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil (APIB), responsável pela organização do movimento. O principal
alvo da manifestação é a PEC 215, que transfere para o Congresso
Nacional a decisão sobre novas demarcações de terras indígenas.
Os
indígenas pretendem manter o acampamento na Esplanada até sexta-feira,
05. O movimento conta com o apoio de organizações não-indígenas como o
Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Instituto Socioambiental (ISA),
Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Greenpeace, Confederação Nacional
dos Quilombolas (Conaq) e Via Campesina.
A APIB em
manifesto argumenta que "os direitos constitucionais dos povos
indígenas, dos quilombolas e de outras populações tradicionais, assim
como os seus territórios, encontram-se sob forte ataque por parte de
interesses econômicos poderosos, que defendem o seu direito à
propriedade, mas não respeitam os nossos direitos coletivos à nossa
terra sagrada, e ainda querem tomar para si as terras públicas e os seus
recursos naturais".
Segundo a organização, há "uma
ofensiva legislativa sendo promovida pela bancada ruralista contra os
direitos originários dos nossos povos, os direitos de outras populações
tradicionais e os direitos de todos os brasileiros ao meio ambiente
saudável, por meio de dezenas de projetos de lei e emendas à
Constituição - em especial a PEC 215/00, PEC 237/13, PEC 038/99, PL
1610/96 e PLP 227/12 - que afrontam, inclusive, acordos internacionais
assinados pelo Brasil, como a Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), e a Declaração da Organização das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas".
No manifesto, a
APIB afirma que "o próprio governo federal tem mantido uma conduta
omissa, em relação aos direitos dos povos, e conivente com os interesses
dos ruralistas e do latifúndio, nossos inimigos históricos, que durante
o ano passado aprovaram um novo Código Florestal adequado aos próprios
interesses e este ano pretendem aniquilar direitos indígenas ao
território. Uma conduta que se materializa em medidas como a Portaria
Interministerial 419/2011, a Portaria 303/2012 da Advocacia-Geral da
União, e o Decreto 7957/2013, e que se traduz, dentre outras, nas
paralisações da demarcação das terras indígenas, da criação de unidades
de conservação, da titulação de quilombos e da implementação da reforma
agrária".
FONTE
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