No
último dia 02 de julho, professores e acadêmicos indígenas da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD) participaram de uma palestra na aldeia Bororó
sobre o projeto de mobilidade acadêmica Erasmus Mundus – Babel, proposto pela
Universidade do Porto, em Portugal. O projeto oferece a estudantes da América
Latina a oportunidade de realização de parte da graduação ou toda a
pós-graduação em universidades parcerias de países europeus. Um dos grupos
específicos abrangidos pelo Babel é a população indígena.
O
professor Vitor Alevato do Amaral, coordenador do Setor de Convênios e Relações
Internacionais da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ) e gestor do
Erasmus Mundus - BABEL na América Latina, foi quem ministrou a palestra. Além de mostrar aos
indígenas a interface do site e os caminhos iniciais para a
candidatura à bolsa, Vitor tirou dúvidas e explicou como funciona e quais são
as chances de seleção. O professor confirmou que é comum os brasileiros
demonstrarem maior interesse por Espanha e Portugal, devido à facilidade da
língua, o que aumenta a concorrência nas universidades destes países. Um
diferencial, porém, está na dificuldade de a população indígena da América
Latina provar que é índio, o que pode se tornar um obstáculo a menos para os
indígenas brasileiros. Com um documento emitido pela Funai ou pela própria
universidade, esse problema está resolvido, e as chances dos brasileiros
aumentam.
Esta
será a primeira vez que o processo seletivo permite ao Brasil participar com
candidaturas do grupo que abrange uma população indígena. “Nosso trabalho é
pelo desenvolvimento das pessoas e pela integração dos povos, por isso nosso
maior interesse é a troca. O candidato vai estudar algo que dificilmente ele
estudaria aqui, mas também é muito importante o que ele vai deixar de sua
cultura por lá”, afirma o professor Vitor.
Ronildo
Jorge é índio terena, licenciado em história e bacharelando no mesmo curso. Seu
interesse é fazer pós-graduação em Portugal na área de educação ou ciências
sociais. Ele acredita que a educação, especialmente aquela voltada para os indígenas,
tem sido bem trabalhada e há bastante oportunidade de trabalho. “Há uma
necessidade de profissionais voltados para a aldeia, não só da educação, mas da
saúde, da tecnologia, principalmente como uma forma de valorizar nossa cultura
e mudar essa realidade violenta que estamos vivendo. O estudo proporciona
benefícios não só para a pessoa, mas para toda a comunidade”, pontua Ronildo.
Como
a oportunidade para os indígenas brasileiros surgiu recentemente, foi a
primeira vez que o professor Vitor do Amaral teve contato direto com o
público-alvo. Para Ronildo, o fato de a palestra ter acontecido na Bororó
mostra o cuidado que as instituições têm com o grupo. “Foi uma reunião
importante para esclarecer as dinâmicas das outras universidades e estimular
vínculos de estudos. Fazer a reunião dentro da aldeia mostra o quanto a UFGD e
a UFRJ valorizam a comunidade”, afirma o indígena.
O
projeto Babel (com o apoio financeiro atribuído pela Comissão Europeia através
do programa Erasmus Mundus) oferece bolsas a latino-americanos que desejem
realizar um período de mobilidade acadêmica ou formação integral em algumas das
melhores universidades da Europa. As bolsas, disponíveis para estudantes de
graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado incluem um pagamento mensal,
viagem de ida e volta, seguro e taxas de matrícula.
Os
países latinos parceiros são Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.
Já os países europeus são Bélgica, Espanha, França, Itália, Holanda, Polônia,
Portugal e Suécia. É importante salientar que não é possível fazer intercâmbio
entre países da América Latina, somente daqui para a Europa.
A
previsão é de que até meados de julho as inscrições estejam abertas. Para mais
informações sobre o projeto acesse o site http://babel.up.pt
ou envie um email para babel@reit.up.pt .
Assim que forem retomadas as atividades
letivas da Faculdade Intercultural Indígena (FAIND) da UFGD, uma nova
palestra será realizada para que um número maior de acadêmicos possa ter
conhecimento sobre o programa. O Esai está a
disposição dos interessados, para quaisquer esclarecimentos, na unidade 1
da
UFGD, na rua João Rosa Góes nº 1761 ou pelo telefone 3410-2745.
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