terça-feira, 28 de maio de 2013

Produtores rurais barram demarcação na fronteira

O clima de insegurança jurídica em terras de Mato Grosso do Sul voltou à cena, desta vez em Ponta Porã. Ontem, grupo de cerca de 30 produtores rurais barrou a entrada de técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) que iriam iniciar a demarcação em Ponta Porã. O clima tenso foi marcado por muita discussão e os técnicos, escoltados pela Polícia Federal e Força Nacional, decidiu ir embora.
No sábado, a equipe da Funai esteve na fazenda El Shadai, localizada às margens da BR-463, entre Ponta Porã e Dourados, para dar início ao trabalho de demarcação. O proprietário da terra, João Parizotto, disse que não foi comunicado. “Eles simplesmente entraram e fincaram duas estacas em meio a plantação de milho. Quem presenciou isso tudo foi o meu filho”, informou o fazendeiro.
Ontem pela manhã, a equipe da Funai retornou à Fazenda e, desta vez, foi barrada. Precavido, João Parizotto entrou em contato com produtores rurais da região para dar apoio. “Sem autorização da justiça, eles não vão entrar em minha fazenda”, informou o ruralista. Ele conta que desde 1999, quando um grupo de indígenas tomou uma área vizinha a dele, o clima ficou insustentável. “Acabou a paz na região, pois o clima de insegurança de lá para cá se tornou insustentável”, pontuou.
O advogado de Parizotto, Valter Apolinário, informou que irá recorrer na Justiça Federal de Ponta Porã, pedindo anulação do processo de demarcação. Ele terá o apoio dos produtores e do próprio Sindicato Rural. “Essas terras da região foram todas adquiridas de herança ou de compra legal. Somos trabalhadores e estamos cansados de conviver com esse descaso, de insegurança jurídica, de impasse”, desabafa Jean Paes, presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã. A fazenda El Shadai é uma das propriedades que estão dentro dos oito mil hectares de terras pleiteados pela Funai.
Em 2011, o Governo Federal homologou a região como área indígena Jatayvari, também conhecida como Lima Campo, do povo Guarani Kaiowá, no município de Ponta Porã. Agora, após dois anos, a demarcação teve início. Cerca de 150 indígenas estão acampados em uma propriedade ao lado da fazenda El Shadai. A área estava em disputa judicial e atualmente pertence a um banco. Outra parte dos índios está acampada às margens da BR-463.
De acordo com o coordenador regional da Funai, em Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva, a demarcação vai continuar. “O governo já reconheceu que a área é indígena e a informação que temos é que esse serviço de demarcação será realizado em Ponta Porã o mais rápido possível”, informou.



Flávio Verão

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