quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Vila Olímpica Indígena vai oferecer Programa “Segundo Tempo”

A Vila Olímpica Indígena de Dourados vai oferecer à comunidade das aldeias Jaguapiru e Bororó atividades do Programa “Segundo Tempo”, do Governo Federal. O anúncio foi feito pelo ministro do Esporte Orlando Silva, em audiência realizada na tarde desta quarta-feira (3) com o coordenador da bancada sul-mato-grossense no Congresso, deputado federal Geraldo Resende (PMDB).


O “Segundo Tempo” é um Programa Estratégico do Governo Federal que tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.


Embora sem precisar a data do início das atividades, Orlando Silva disse que essa será mais uma contribuição do Ministério do Esporte para tornar realidade o sonho da população indígena douradense. Na audiência, Geraldo Resende foi pedir ao ministro apoio na formatação de um projeto de gestão para a Vila Olímpica.


Em ofício entregue ao ministro, Geraldo lembrou que a obra foi viabilizada com recursos federais da ordem de R$ 1,45 milhão, inseridos no orçamento do Ministério do Esporte. Salientou que embora tenha sido inaugurada no último dia 9 de maio, até o momento não foi aberta para a população indígena. O deputado explicou ainda os contratempos que levaram a obra, idealizada para ser uma opção dos indígenas douradenses à falta de espaços para o lazer e a prática de esportes, à situação em que se encontra.


Segundo Geraldo, o compromisso de lutar pela construção da Vila Olímpica Indígena aconteceu na certeza de que a gestão do espaço ficaria a cargo da Prefeitura de Dourados, já que, na época, o então prefeito Laerte Tetila se comprometeu com a administração da estrutura, compromisso reafirmado pelo prefeito sucessor, Ari Artuzi.


“A frustração fica por conta dos portões fechados depois de três meses da bela festa que marcou a inauguração da Vila Olímpica. Isto ocorre porque o atual prefeito, que foi eleito em uma eleição extemporânea como conseqüência de uma incomum crise política, não assumiu a gestão do complexo esportivo”, salientou.


História
No ofício entregue ao ministro Orlando Silva, o deputado Geraldo Resende contou um pouco da história da Vila Olímpica Indígena. Segundo ele, a idéia nasceu para ser um projeto pioneiro no Brasil, o de proporcionar lazer e esporte em um ambiente de profundos problemas sociais e degradação humana.


O parlamentar ressaltou que as comunidades indígenas residentes nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, vêm chamando a atenção da mídia nacional e internacional, de forma negativa, desde a década de 90. “Em um primeiro momento, o número nunca antes registrado de suicídios na localidade intrigava antropólogos e cientistas sociais; já no início dos anos 2000, a morte de diversas crianças por desnutrição suscitou, mais especificamente nos anos de 2005 e 2006, a formação de uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados, para investigar, in loco, as causas dessa tragédia”, ressaltou.


No documento, Geraldo Resende lembrou que a idéia do projeto surgiu como desdobramento dos trabalhos da Comissão Externa, por ele presidida. “Ficamos convencidos de que grande parte das mortes era causada por diversos fatores de ordem social, entre eles a violência e a desestruturação das famílias, daí a necessidade de criar propostas alternativas, e a Vila Olímpica foi uma delas”.

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