Vinte e cinco anos depois da primeira
mobilização de professores e estudiosos iniciar a luta pela inclusão da
educação indígena no Estado, representantes de instituições e
prefeituras do Amazonas e Roraima, Organizações Não-Governamentais
(Ongs), universidades e professores da rede escolar indígena se reúnem
para o lançamento do 1º Fórum de Educação Indígena do Estado do
Amazonas.
O lançamento do fórum -
iniciativa inédita para reunir especialistas, promover o intercâmbio de
experiências e formular novas políticas públicas para a educação
indígena - acontece às 16h de hoje, no Centro de Formação Maromba,
localizado na rua da Maromba, bairro São Geral, Zona Centro-Sul.
Discutir
e formular novas propostas para desenvolver a educação indígena no
Amazonas é a principal proposta do fórum, segundo o professor da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e membro da comissão
coordenadora do evento, Gersen Baniwa.
“Há
25 anos nosso principal objetivo era criar e garantir direitos na lei,
Hoje nosso foco é implementar essas leis. E com a evolução da educação
indígena nas últimas décadas, ganhamos o reforço de novos sujeitos
indígenas, agora capacitados, que vão nos ajudar a encontrar esses
mecanismos”, declarou.
Para ele, a
participação dos professores e outros profissionais indígenas formados
ao longo desses 25 anos no fórum é fundamental, inclusive, para resgatar
os objetivos do movimento de professores indígenas no Estado, que
andava um tanto “adormecido”.
“Em
1989, essa comissão de professores iniciou a luta e ajudou a transformar
a educação indígena. Nos últimos seis anos, até em função de conquistas
como o acesso a universidades e o aumento do poder aquisitivo, os
professores pararam de se reunir. Mas ainda há muitos desafios a
enfrentar, daí a necessidade de retomar a mobilização e refletir sobre
como melhorar o ensino na sala de aula”, disse.
Participantes
Além
de 140 professores que atuam nas 900 comunidades escolares indígenas do
Amazonas, dez representantes do Estado de Roraima e especialistas como a
ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcia Azevedo, e o
professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo
(USP), Márcio Silva, participam, desde segunda-feira, de debates no
Centro de Formação da Maromba. Hoje, o encontro vai das 8h às 19h.
“Embora
tenhamos tido muitos avanços, temos ainda muitos desafios pela frente.
Este é o momento de articular essas lideranças para encontrarmos
soluções e convencer os governos de que é preciso investir na educação
indígena para dar fim à exclusão”, analisou Baniwa.
Blog - Márcio Silva - professor do Depto de Antropologia da USP
“Acompanho
a luta pela educação indígena desde 1989. E quem começou tudo foi um
povo do Amazonas. Os tikunas, interessados em discutir a educação nas
aldeias, procuraram o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em busca
de apoio para uma reunião e tratar desse assunto. Assim começaram as
discussões. Dois anos depois, Amazonas e Roraima fizeram uma declaração
de princípios, que iluminou a luta da década seguinte, pautando
reivindicações que, ao longo dos anos, foram sendo conquistadas. Naquela
época não existiam, por exemplo, professores indígenas. Hoje, boa parte
dos professores que atuam nas aldeias são indígenas que tiveram acesso à
formação de nível superior e voltaram às comunidades. São avanços
enormes. Mas muitas dificuldades ainda permanecem, e outras novas
surgiram. Agora, eles voltaram a se reunir e eu vejo lideranças
indígenas que naquela época eram crianças discutindo o futuro. Isso é
muito positivo”.Fonte
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