segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

OLHA O JORNAL AJINDO!!!!!!!!!!!!

Os jovens da AJI estão trabalhando para o jornal AJIndo , e cada tem um tema , o meu tema é o alcoolismo na aldeia em geral estamos trabalhando no jornal baseado nas aulas de jornalismo que estamos tendo com a professora Natalia, o jornal está quase pronto e vai sair muito bom , tive muitas experiências trabalhando em campo e este foi o meu trabalho :


A consequência do alcoolismo na aldeia


O alcoolismo é um dos grandes problemas de saúde indígena da aldeia de Dourados que desestrutura as famílias. Quem bebe costuma se esquecer que o álcool causa efeitos físicos e psicológicos sobre o indivíduo. Os indígenas têm acesso fácil à compra de bebida alcoólica, pois a cidade está muito próxima, o que facilita ainda mais a entrada de bebidas alcoólicas. A FUNAI (Fundação Nacional Do Índio) mantém apenas quatro seguranças na aldeia de Dourados e estes não dão conta da aldeia, pois a reserva Francisco Horta Barbosa tem aproximadamente quinze mil habitantes.
Em 1940, segundo relato de dona Teresa Martins, (liderança religiosa guarani, a aldeia era só paz e alegria. Ela diz que os indígenas bebiam apenas nos fim de semana nas reuniões de amigos e festas culturais. A bebida principal era a xixa; também ingeriam bebida alcoólica mas bebiam socialmente. Dona Teresa lembra que a bebida era comercializada somente na cidade, o custo era muito alto e somente as pessoas mais velhas podiam comprar, pois só eles podiam beber. Ela revela ainda que naquela época não havia violência.
Em 1947, ela diz que os jovens passaram a ingerir a bebida alcoólica na roda de amigos. E afirma que em 1967 começaram a beber frequentemente, não bebiam apenas nos fim de semanas, mas também durante a semana. Ela revela que hoje não há mais controle na bebida alcoólica, não se tem mais hora ou dia para beber.
“Hoje nem seguranças podem evitar, pois está muito avançado, na própria aldeia tem comércio de bebidas, muitos pais ingerem bebidas alcoólicas e os filhos seguem o mesmo caminho. O álcool é um vício maldito que leva a problemas psicológicos e que infelizmente vem de geração”, diz dona Teresa .
Dona Alda, liderança kaiowá, diz que o alcoolismo é um problema que preocupa muito as lideranças da aldeia, pois o povo está cada vez mais viciado. “Acredito que é preocupação de todos, mas ninguém faz nada”, declara. Ela afirma que os jovens se envolvem com a bebida alcoólica mais cedo e as famílias trocam alimentos por bebidas.
Os pais alcoólatras geralmente abandonam seus filhos. Segundo dados da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), em 2007 houve três mortes de crianças relacionadas á desnutrição na reserva indígena de Dourados e todos os integrantes dessas Famílias eram usuários crônicos do álcool.


Família alcoólatra
“Eu não sou alcoólatra”, diz um indígena guarani que pediu para não ser identificado. Ele conta que bebe desde jovem e sua família já vinha do vício da bebida. Diz ainda que sempre bebeu e hoje, com 36 anos, ainda bebe. Ele afirma que sua mulher também bebe e todos os dias eles compram no mercado onde tiram “gasto” (fiado). O indígena tem quatro filhos; um deles é deficiente fisíco, então a família recebe um auxilio através do qual sustenta o seu vício. A filha do casal tem 16 anos e tem um filho pequeno, ela é mãe solteira. O filho mais velho não trabalha e depende do auxilio; o filho do meio está estudando, mas sempre reprovou.
O entrevistado e sua mulher contam que nunca estudaram, pois na época a vida era muito difícil, então ele tinha que trabalhar para se sustentar. Quando sua conta extrapola, ele troca mercadorias por “pinga”, fala que gosta de beber e não pensa em parar. O indígena afirma que nunca se importou com o que a imprensa diz para ele isso é outro mundo. O casal conta que todos os seus amigos, irmãos e irmãs se esqueceram dele, pois nunca mais vieram lhe fazer uma visita. E quando alguém pergunta para os parentes dele se ele faz parte da Família, eles dizem que não, ou melhor, o rejeitam.
O casal mora em uma casa de sapé rodeada por pedaços de lona e diz que é feliz, mas lamenta por todo mundo rir dele.
E o entrevistado afirma: “Não sou alcoólatra!”.

Integrante da AJI
18 anos
kaiowá

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