segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Indígenas pressionam Funai para resolver conflitos de terras no Ceará


Tendo em vista a pressão e mobilização exercida pelos indígenas Tremembés, do município de Itapipoca, a 140 quilômetros de Fortaleza, estado do Ceará, a Fundação Nacional do Índio (Funai) decidiu avançar em alguns compromissos para a dissolução do conflito de terras que assola a região. Por Camila Fontenele, especial para Adital



Indígenass da etnia Tremembé, de São José e Buriti, no distrito de Marinheiros, em Itapipoca, ocuparam a sede da Funai na cidade e detiveram quatro servidores da instituição. A tribo luta por um aumento da fiscalização e demarcação de suas terras ancestrais. A Polícia Federal esteve no local e os funcionários foram liberados no mesmo dia.

Os pontos acordos entre os indígenas e a Funai são os seguintes:

1. Realização de uma reunião  na sede do Ministério Público Federal (MPF) em Itapipoca, com a participação do MPF, Polícia Federal, Funai, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e lideranças indígenas, a fim planejar ações articuladas para mitigar os conflitos na área indígena;

2. Concluir as análises técnicas e jurídicas referentes à demarcação da Terra Indígena Tremembé de Barra do Mundaú e encaminhar o processo ao Ministério da Justiça até meados de janeiro de 2015;

3. Incluir no Plano de Trabalho Anual da Coordenação Regional Nordeste II de 2015 a realização de ações de fiscalização na Terra Indígena, em articulação com a Polícia Federal, Ibama e demais órgãos, priorizando essa atividade;

4. Aproximação do diálogo entre a Coordenação Regional da Funai e a comunidade indígena;

5. Viabilizar a ida à Funai sede, em Brasília, de um grupo de lideranças Tremembé para discutir a situação do povo Tremembé de Barra do Mundaú.

Em entrevista à Adital, a líder da tribo, Adriana Carneiro de Castro (Adriana Tremembé), falou sobre o litígio da terra e o clima de violência que os índios vêm sofrendo devido à construção de um complexo turístico na região.

"Atualmente, estamos vivendo sobre uma forte tensão, pois estamos sendo constantemente ameaçados por eles, dizendo que irão tirar nossa cabeça fora. Já foram em setembro e destruíram nossas casas, tocaram fogo em tudo, inclusive temos os registros fotográficos, destruíram as cercas que protegem nossas plantações e ameaçam voltar. Então, pedimos às organizações, aos governos e aos direitos humanos que tomem alguma providência que possa nos proteger dessas ameaças, pois sentimos medo de que consequências maiores possam vir e alguém possa sair marcado de maneira mais forte."

Entenda o caso


O clima tenso na região já se arrasta há uma década. A Tribo Tremembé luta contra a construção do complexo turístico Nova Atlântida, às margens do rio Mundaú, no município de Itapipoca (Ceará), pelo grupo espanhol Afirma Housing Group. A tribo, atualmente composta por 230 famílias, questiona os impactos econômicos e ambientais do empreendimento.

Segundo relato da líder Adriana Tremembé, no dia 10 de setembro deste ano, o grupo espanhol invadiu as terras indígenas e incendiou as palhoças indígenas. A Funai foi contatada e também foi enviada uma denúncia ao MPF, mas as ameaças de morte aos líderes indígenas continuaram.

No dia 10 de outubro, cerca de 200 indígenas ocuparam a estrada que liga o distrito à foz do rio Mundaú para evitar que caminhões da empresa passassem conduzindo material de construção.

O grupo espanhol reivindica a área de mais de 3,5 mil hectares, mas, desde 2004, as obras estão suspensas por liminar do MPF. Em novembro desse ano, o MPF junto à Justiça Federal também determinou a suspensão do licenciamento ambiental do complexo. 


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