Denúncias
recebidas na sede regional do Conselho Indigenista Missionário,
Regional Leste, por indígenas da região nordeste de Minas Gerais dão
conta da morte de oito crianças Maxakali nos últimos meses, das Aldeias
Água Boa (Santa Helena de Minas) e Pradinho (Bertópolis), e cerca de 16
crianças internadas. As suspeitas são de um outro surto de diarreia, que
tem sido recorrente naquelas áreas indígenas há vários anos. A partir
de tais denúncias, o Cimi Regional Leste tem feito contatos com a
Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial da Saúde
Indígena (Sesai), órgãos governamentais responsáveis pelas questões
indígenas, mas até o momento estes não se pronunciaram sobre a gravidade
da situação externada pelos indígenas.
Instalados
no nordeste de Minas Gerais, entre os vales do Mucuri e Jequitinhonha,
os Maxakali são símbolo da resistência entre os povos indígenas. Após
mais de 200 anos de contato com os não índios, ainda preservaram sua
língua, tradições e costumes. As aldeias mais antigas dos Maxakali ficam
entre as cidades de Bertópolis e Santa Helena de Minas, e são divididas
em duas áreas, Água Boa e Pradinho, com área total de 5.305 hectares,
que são insuficientes para a sobrevivência física e cultural de todo o
povo Maxakali. Devido a isso, dois grupos familiares saíram daquela
região, constituindo duas novas aldeias em fazendas adquiridas pela
Funai na região do Rio Mucuri: Aldeia Verde, município de Ladainha, e
Cachoeirinha, Topázio, município de Teófilo Otoni. A cultura Maxakali
pressupõe não só um território com mata nativa, mas também com água
corrente, para que as crianças possam crescer fortes e sadias. Convém
ressaltar que nas áreas de Água Boa e Pradinho passa o Córrego Pradinho,
cujas águas são impróprias para o consumo humano, pois antes de
chegarem às aldeias, passam por fazendas de gado.
A
população Maxakali é formada por aproximadamente 1.600 índios, sendo
cerca de 60% da população, composta por crianças e jovens até 16 anos. A
Mata Atlântica, que antigamente predominava na área Maxakali e era
fonte de sobrevivência deste povo, foi totalmente devastada por
fazendeiros invasores, lá restando apenas capim. O alto grau de
desnutrição e a falta de projetos condizentes com a cultura Maxakali tem
sido um desafio para seu desenvolvimento sustentável, além de ameaçar
gravemente sua própria existência, sobretudo das crianças.
Fonte
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