A cabeça do cacique guarani caiová Getúlio de Oliveira, da Reserva
Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul (MS), está valendo R$
500,00. O preço foi informado a parentes do próprio cacique por
pistoleiros que buscavam informações sobre ele na região. O fato foi
denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) de Dourados, que abriu
inquérito para apurar o caso.
“Getúlio é um líder indígena que
tem protestado contra ocupação territorial em área onde os imóveis
chegam a valer R$ 25 mil o hectare”, explicou o procurador da República
Marco Antônio Delfino de Almeida, que registrou a ameaça ao indígena.
“Com o registro do depoimento das testemunhas vamos tentar identificar
as pessoas ameaçam Getúlio”, disse o procurador.
De acordo com o
processo aberto do MPF de Dourados, as ameaças foram feitas nos dias 6 e
7 de agosto. Homens que procuravam pelo cacique ofereceram R$ 500,00
para saber onde encontrariam o cacique. Testemunhas disseram que o
pistoleiro avisou que “queria a cabeça” de Getúlio e que, em breve, eles
“não teriam mais cacique”.
Em outro momento, segundo relato ao
MPF, indígenas foram abordados por um grupo de não-índios em um carro
quando chegavam à casa de reza da aldeia. Segundo uma testemunha,
”desceu um homem branco, alto, de roupa preta. Olhou para as mulheres,
que tinham descido do carro, e voltou ao seu carro. Esse movimento teria
sido bem rápido, cerca de 2 minutos. O carro era um utilitário preto,
cabine dupla, com faróis acesos no alto da carroceria. O homem não disse
uma só palavra. Só olhou as pessoas, entrou no carro e sai acelerando”.
O
procurador disse que a polícia deve investigar a tentativa de
intimidação contra os guarani. “É uma insegurança que infelizmente
ocorre no processo de luta dos indígenas pela terra”, declarou Almeida.
Segundo
o procurador, o caso é mais um dos diversos ameaças e atos de violência
que marcam o ambiente de conflito territorial envolvendo fazendeiros e
os guarani caiová no MS.
O procurador lembrou que desde 2003,
quando foi assassinado o índio Marcos Veron, pelo menos um líder
indígena foi morto a cada dois anos na região. Veron tinha 73 anos. Ele
foi torturado e morreu em decorrência do espancamento. Os guarani caiová
são hoje cerca de 43 mil pessoas e vivem em áreas do sul do MS, região
de faixa de fronteira do Brasil com o Paraguai.
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